Além da estrutura física adequada para realização das Conferências de Ministros Verbo da Vida — ou de qualquer outro evento que implique na participação de convidados internacionais — há outra que é essencial para que as mensagens pregadas em outro idioma alcancem todos os presentes. Desde a sonoplastia bem ajustada à clareza com a qual a mensagem é proferida, há todo um cuidado especial para proporcionar a melhor experiência possível.
Nesse sentido, o papel do tradutor é um elemento fundamental para que o processo flua. Isto posto, há de se considerar que para além da tradução textual das falas, a capacidade de interpretação de quem cumpre esse papel é preponderante para manter a sintonia com o ministro preletor. Em face disso, o Ministério Verbo da Vida possui um time excelente de tradutores para os seus eventos, entre os quais, Thiago Garcia e Shirla Lacerda. Sendo esta última, a tradutora que deu suporte às Conferências realizadas no Nordeste, em julho, e mais recentemente no Sul e Sudeste.
Mineira, natural de Belo Horizonte, ela nasceu de novo aos 15 anos. A ministra morou quase oito anos na Inglaterra, onde conheceu a Palavra da Fé e se conectou ao Keith Butler Ministries, cujo pastor presidente é considerado como seu pai espiritual. Shirla contou que sempre teve um coração para servir ao Senhor e tem feito isso não só ministrando a Palavra, mas emprestando seus dons e talentos para traduzir e interpretar as pregações de grandes homens e mulheres de Deus.
A seguir, conheça um pouco da sua história e ministério, bem como do papel que desempenha como intérprete em grandes eventos:
Portal: Shirla, como e quando você começou a traduzir as mensagens dos ministros internacionais durante as Conferências?
Depois de oito anos servindo ao meu pastor, Keith Butler, na Inglaterra, ele me convocou para retornar ao Brasil a fim de abrir uma escola bíblica. Em 2004, voltei para Belo Horizonte (MG) e dois anos depois, descobrimos que havia uma unidade do Rhema no local. Meu pastor decidiu que por conta do excelente trabalho realizado pelo Verbo da Vida e o Rhema não abriríamos mais a escola bíblica. No mesmo ano, Pr. Bud e Mama Jan me convidaram para ir à Campina Grande (PB) para servir no Ministério, tanto dando aulas no Rhema como traduzindo os ministros de fora. Me mudei em janeiro de 2007. Nesse ano, já em Campina Grande, minha primeira tradução para o Verbo da Vida foi da ministra Elia Nicholas durante um Acampamento de Carnaval. A primeira Conferência de Ministros foi também no mesmo ano, traduzindo o Rev. Scott Webb. Lembro até hoje do tema dessa conferência: o Espírito da Fé. Era a primeira vez dele no Brasil e percebi de imediato uma conexão divina”.
Portal: Como você se preparou para desenvolver essa habilidade?
Naturalmente falando, estudei muito. Dediquei-me em aprender o inglês, para falar e escrever bem. Eu fui para escolas no tempo em que morei na Inglaterra. Dos oitos anos que morei lá, estudei por seis anos. Eu não sabia que a partir desse conhecimento eu passaria a traduzir ministros. Aquilo que eu fiz na escola secular foi aprender o idioma, porém numa escola normal de inglês você não aprende o vocabulário bíblico, que você passa a ter num cenário de igreja. Acredito que foi o próprio Senhor que começou a me ensinar, e me direcionou para me aprofundar nesse quesito. Eu frequentava, na Inglaterra, uma igreja de fala inglesa e comecei a me desenvolver nesse vocabulário, que na escola eu não tinha.
No início, entendia muito pouco do vocabulário, uns 30% do que era falado na igreja, mas eu estava decidida a entender e a dominar bem esse vocabulário bíblico e, na época, eu nem sabia que um dia poderia ser usada nessa parte de interpretação. Eu pensava que era para o meu conhecimento pessoal e para minha desenvoltura quando eu tivesse a oportunidade de um dia pregar. Acredito que foi mesmo o Senhor que me preparou. Eu estudava muitas horas por dia para me empenhar nessa habilidade de falar inglês fluentemente. E o resto foi o Senhor me conduzindo, para chegar onde estou.
Hoje, eu faço essa parte da interpretação com segurança. Outro cuidado importante é na tradução inversa do português para o inglês, o Senhor tem me dado essa habilidade. Eu acho mais difícil, por não ser minha língua nativa, mas eu tenho tido a graça do Senhor para fazer isso com conforto. Pegar uma mensagem toda em português e transformar em inglês precisa de todo conhecimento bíblico, passagens bíblicas e expressões do vocabulário bíblico para fazer um bom trabalho. Particularmente, eu gosto desse desafio e tenho me desenvolvido bastante.
Portal: Quais os ministros que você dá suporte como tradutora? E fora as Conferências, você costuma ser convocada para outros eventos além do MVV?
Devido aos contatos que eu acabo tendo, tanto pelo fato de ter interpretado pessoas no Verbo da Vida, e também por causa da conexão que eu tenho nos Estados Unidos, eu comecei a ter alguns acessos dados pelo próprio Deus a alguns ministros, que tinham o desejo de ministrar por aqui. Eu entendo que essa minha habilidade é para o Reino mesmo. Eu faço isso com muita honra. É um trabalho muito sagrado e de muita responsabilidade, porque se o ministro fala algo ou está debaixo de uma inspiração e o intérprete erra ao comunicar, são as pessoas que, de fato, estão perdendo aquilo que Deus ungiu aquele ministro para falar. Eu tenho muito respeito a esse trabalho e temor ao Senhor. Eu sei que para o povo receber depende de uma parcela grande que cabe a mim.
Eu geralmente só traduzo pessoas do ciclo da Palavra da Fé. Eu já fui convidada para fazer eventos fora do Verbo da Vida, mas eu tenho a consciência de dedicar esse dom que Deus me deu para propagar a Palavra da Fé e a visão que nós temos e carregamos.
Eu já acompanhei, como intérprete, a Pra. Nancy Dufresne. Ela é uma grande bênção e tem o coração para o Brasil. Em alguns momentos, ela vem abençoar as pessoas e igrejas aqui; também tem o próprio o Rev. Scott Webb, quando ele tem a agenda disponível para vir ao Brasil, ele sempre fala comigo para ser a intérprete dele; também tem o Pr. Mark Hankins, que já esteve nas conferências, mas que também já veio só para pregar nas igrejas; tem também Rejeanne Jolliff, que, inclusive, vai ministrar na Conferência de Mulheres deste ano, e já veio ao nosso país antes.
Portal: Quais os desafios de traduzir em tempo real um ministro durante um evento?
Bom, os desafios são muitos, porque você não sabe exatamente o que ele vai dizer. Raros são os ministros que sentam com você e explicam sobre o que vão falar. Eu nunca tive, na verdade, essa dádiva de o ministro vir e explicar sobre o que vai ministrar com antecedência. Eu estou sempre ouvindo pela primeira vez assim como todos que estão ali naquele auditório. São desafios grandes, mas eu acredito que o Espírito Santo, que conhece todos os idiomas e todas as expressões idiomáticas, é quem nos ajuda em todas as coisas. Eu realmente dependo muito da habilidade do Espírito para fazer um bom trabalho. Eu me preparo e me consagro como se fosse pregar naquele dia. Eu fico mais conectada mesmo, orando bastante em outras línguas. Já aconteceu de ouvir uma palavra e não saber exatamente o significado dela, porque você sabe muita coisa, mas não sabe tudo. E o Espírito Santo sussurrar e dizer: “é tal palavra, diga tal palavra”. Isso em frações de segundos.
Eu acredito que esses desafios de tradução com a ajuda do Espírito Santo se tornam uma coisa fácil. Só precisa mesmo ter um posicionamento de saber que não é na sua habilidade, é uma graça que existe para isso ser feito e depender dessa graça. As coisas começam a fluir na sua vida por causa do seu coração em servir ao povo. O meu desejo é que o povo seja abençoado e receba da porção que o ministro veio trazer. O intérprete não traduz só linha por linha, mas interpreta a emoção da fala, dá ênfase na palavra dada. Às vezes o ministro quer dar ênfase e se o intérprete não der corretamente, isso se perde na tradução, porque as pessoas que não sabem inglês não vão entender. O próprio Espírito me conduziu para fazer dessa forma, sempre mantendo os mesmos tons. Oro bastante em outras línguas para transmitir na mesma intensidade que o ministro quer manifestar ao público.
Portal: Considerando as diferenças entre idiomas, você recorda alguma situação em que o sentido de alguma palavra ou expressão dificultou a tradução para a língua portuguesa ou inglesa?
Sim, inclusive, aconteceu agora na Conferência de Ministros no Sudeste. O Rev. Scott Web estava falando da diferença da palavra grande. No inglês, “big” tem a ver com tamanho, e “great” é no sentido de qualidade, excelência. Ele estava falando que a Bíblia não fala que Deus é grande, como “big”, mas como “great”. Para ele fazia sentido o que ele estava falando, mas no português não fazia. Eu precisei fazer esse ajuste em segundos.
Outro momento também que aconteceu em um culto de domingo, lá no Sul, foi quando o ministro afirmou que a cura para os filhos de Deus era como pão e água. Quando você vai num restaurante mais requintado nos Estados Unidos, a primeira coisa que você recebe é pão e água, até sua comida chegar, mas, aqui no Brasil, servir pão e água não é uma prática comum. Quando ele falou isso, eu tive que ajustar na tradução para as pessoas entenderem que o pão e água são gratuitos nos Estados Unidos. Acontecem essas coisas na tradução que você vai precisar ajustar, porque algumas coisas que fazem sentido num idioma, não fazem no outro. O intérprete tem que estar preparado para isso, e fazer com que o povo entenda o que o ministro quer transmitir.
Portal: Além de manter-se atenta à mensagem pregada, ainda há a tradução durante a imposição de mãos. Você poderia falar sobre esse processo, em especial?
O intérprete não é o ministro para tomar decisões do culto por si mesmo. Toda vez que o ministro vai impor as mãos em alguém, ou ministrar para alguém, como intérprete, você está ali para comunicar o que ele está falando. Já vi alguns intérpretes querendo também impor as mãos sobre pessoas, mas você não está ali para aquilo, mesmo você sendo esse ministro ungido. A não ser que o próprio ministro peça.
Já aconteceu comigo ao interpretar Elia. Quando ela flui, pede para eu fazer algumas coisas, mas eu só faço quando ela pede. O intérprete está ali para transmitir o que é passado pelo ministro e não para ministrar. Eu acho que esse cuidado é importante, pois nos coloca no lugar certo. O preletor, se precisar de ajuda, ele pede e você o ajuda no que é necessário.
Portal: Para aqueles que gostariam de se desenvolver como tradutores, quais dicas você poderia compartilhar?
Primeira dica é: dependa do Espírito Santo. Depois você se atém ao conhecimento natural, desenvolvendo-se no idioma. Se você quiser ingressar nessa área de conferências, seminários, você vai precisar investir em materiais, Bíblias em inglês, ouvir mensagens em inglês. O mundo bíblico tem um vocabulário totalmente diferente do mundo secular. Quando você aprende inglês, você não aprende os nomes, as histórias, os lugares da Bíblia.
Quando você quiser se desenvolver para esse quesito de pregações da Palavra, invista em bons dicionários bíblicos e diversas versões da Bíblia em inglês. Você precisa ter um bom conhecimento bíblico, entendendo o que os versículos estão falando. Desenvolva-se nesse universo bíblico. Ore bastante em outras línguas para se preparar, espiritualmente falando, consagrando-se como se fosse a pessoa que vai pregar. Desenvolva sua habilidade dependendo do Senhor, pois é Ele quem abre portas e que vai conectá-lo às pessoas certas e aos lugares certos, na hora certa. Seja guiado pelo Espírito para fazer um bom trabalho.
Portal: Quem é Shirla Lacerda?
Bem, eu sou uma pessoa que nasceu de novo aos 15 anos e quem vem de uma família humilde. Aos 12 anos, eu me perguntava a respeito de Deus e tinha o interesse de saber o sentido da vida. Eu me converti devido a um sonho bem sobrenatural. Nesse sonho, Jesus me dizia que se eu não o aceitasse, eu iria para o inferno. Eu estava numa praça, com uma multidão muito grande e Jesus era um bebê nos meus braços. Quando acordei, era domingo pela manhã, e eu compartilhei esse sonho com minha família. À noite já fui à igreja no meu bairro, em Belo Horizonte. Entreguei minha vida ao Senhor nesse mesmo dia e, desde então, nunca mais voltei atrás nessa decisão.
A forma como Deus me alcançou foi bem sobrenatural, porque, até então, nunca alguém havia pregado para mim ou me convidando para ir à igreja, mas Ele me alcançou dessa forma. Minha vida nunca mais foi a mesma, por causa da minha rendição ao Senhor, mesmo ainda adolescente. Comecei a servir ao Senhor da forma que sabia; não tinha a Palavra Revelada como agora tenho, mas tinha o coração para servir ao Senhor.
Eu sou solteira e nunca me casei. Desde que me converti entreguei essa área da minha vida ao Senhor. Durante o tempo que passei na Inglaterra, cheguei a ficar noiva, mas o casamento não aconteceu porque não havia uma certeza disso em si e decidimos não avançar com esse compromisso.
Shirla Lacerda é uma grande bênção para o Ministério Verbo da Vida e, ao longo dos anos, vem edificando o Corpo de Cristo por onde passa.
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