O grande sonho da maioria dos alunos que fazem a Escola de Missões Verbo da Vida é vivenciar a experiência com outras culturas, morando no país em que se sente chamado para ir. Na Escola, eles experimentam um pouco dessa sensação durante a viagem missionária, que pode ser em um outro país ou em uma região no Brasil, na qual as comunidades vivem em um contexto bem diferente da maioria dos brasileiros.
Nos quinze anos de existência da Escola, no entanto, é fácil constatar que boa parte dos graduados não ultrapassou as fronteiras do país, mas, mesmo assim, continuam envolvidos com o chamado missionário. E estão muito felizes assim. Isso porque há um entendimento errado de que trabalhar com missões significa servir ao Reino de Deus em uma nação diferente da que nascemos. A própria Escola de Missões não é aberta apenas para quem quer servir fora do país. É aberta para todo aquele que quer se aprofundar mais sobre o chamado missionário e queira contribuir com esse conhecimento na igreja local e na sua vida ministerial.
Para Suellen Emery, coordenadora da Agência de Missões Verbo da Vida, o conhecimento adquirido na Escola de Missões pode ser usado para mudar a mentalidade da igreja nos assuntos relacionados a missões. “Nem todos são chamados para ir para outra nação, mas todos somos chamados para trazer o pecador de volta à comunhão com nosso Pai celestial”, afirmou Suellen, que completou: “Muitas coisas podem ser realizadas através de uma pessoa que estuda na Escola de Missões Rhema e recebe preciosas instruções missionárias”.
Na verdade, todos os cristãos têm uma missão nesta terra, o chamado da reconciliação, como está escrito em II Coríntios 5.19. Suellen explicou melhor sobre isso: “Na Escola, temos a oportunidade de conhecer sobre a visão missionária que está no coração de Deus e abençoar a igreja com esse conhecimento. Também podemos trazer ao conhecimento da igreja os cuidados que devemos ter como corpo local, com os missionários levantados e enviados pela nossa igreja”.
Claro que a igreja que envia o missionário para outros países também possui um papel importante no grande ministério do Senhor Jesus e, para isso, é necessário que todos conheçam o seu papel em missões. Suellen completou dizendo que os graduados da Escola que ficam na base da igreja local podem ser uma bênção na sua igreja, ajudando no desenvolvimento da educação missionária.
“Ele pode trabalhar na igreja junto à Secretaria de Missões, colocando em prática o que aprendeu na Escola. E, se ainda não tem Secretaria na igreja, eles podem ser aqueles que irão iniciar esse trabalho. Podem também se tornar um braço da Agência de Missões na sua igreja, começando a Secretaria de Missões na igreja local”, disse Suellen. Além disso, os graduados podem trabalhar em sua igreja, ajudando o pastor a descobrir os talentos missionários nas pessoas com chamado, como também auxiliar no treinamento missionário deles.
Suênia Emery, que junto ao seu esposo Christian esteve à frente da Escola de Missões de 2013 a 2021, disse que eles cursaram a Escola devido a um grande desejo que tinham de conhecer e entender com mais detalhes o que era missões, como se encaixar no contexto, o que fazer para servir em missões, além de ajudar os missionários.
O casal tem uma longa experiência na área. Eles já serviram na Secretaria de Missões do Verbo Sede. Christian foi o primeiro e único monitor da primeira turma da Escola e Suênia serviu por períodos diferentes na Agência de Missões. Embora já tenha participado de algumas viagens missionárias, o casal não residiu em outro país. Eles têm servido aos missionários em sua própria terra natal. “Toda a nossa vida tem sido servindo no contexto missionário, tanto na igreja local como no Ministério Verbo da Vida. Isso é missões”, afirmou Christian.
Suênia disse que, da mesma forma, os que não vão têm muito o que fazer em missões. “A Escola também é exatamente para essas pessoas, pois todos nós precisamos entender o contexto missionário e saber onde Deus quer que sejamos usados para Ele. E a Secretaria de Missões é um lugar estratégico para se manter engajado nesse contexto. Sirva com alegria ao seu pastor, sua liderança e Deus recompensará você”, aconselhou a ministra.
ELES FICARAM E SÃO OS ATUAIS DIRETORES DA ESCOLA
Alguns dos pioneiros e graduados na Escola de Missões mostram, na prática, como aqueles que ficam podem contribuir com o trabalho missionário. Jadeilton e Andreza Almeida são os atuais diretores da Escola de Missões Rhema. Ele está envolvido com missões desde o início da Escola, sendo um dos fundadores, em 2007. Além disso, Jadeilton já foi líder da Secretaria de Missões do Verbo Sede por quase dez anos, serviu na Agência de Missões por 13 anos e serviu ainda nos últimos dois anos na administração da Escola de Missões, em Campina Grande (PB).
“Quando a Escola iniciou em 2007, fui convidado por Mama Jan para ser o secretário da Escola. Desde então, sirvo lá e na Agência de Missões. Sendo assim, eu não sou graduado pela Escola. Quando me perguntam sobre isso, eu brinco dizendo: “Eu não sou graduado. Eu auxiliei a formar a Escola”, contou Jadeilton.
Jadeilton disse que, durante o curso, o aluno vai descobrir que, em missões, existem dois lados: os que vão e os que enviam. Ele vai entender que, qualquer que seja o lado que nós estejamos, somos igualmente importantes para o desenvolvimento da obra missionária e precisamos de conhecimento para atuarmos. “Quer você esteja na base enviadora ou sendo enviado, somos um, na realização da missão”, disse o ministro.
A sua esposa, Andreza, tem uma jornada mais recente em missões. Desde que se formou, em 2017, o seu trabalho gira em torno do treinamento missionário. Após ser graduada, serviu por um ano na equipe de monitoria, além de orientar nos projetos missionários e, em seguida, trabalhar na secretaria da Escola. Em 2022, recebeu, junto a Jadeilton, a missão de dirigir a Escola.
“Uma direção divina! A paz para estudar na Escola naquele ano foi suficiente. Na época, eu não percebia nenhum chamado para fora, tampouco entendia a respeito do envio missionário. Eu tinha uma palavra: ‘Estou colocando nações em seu coração’. Ao longo desses anos estou vivendo missões na base, preparando pessoas para serem enviadas e indo ao campo transcultural de forma indireta, pois tanto quem vai quanto quem envia se torna igualmente participantes da obra missionária”, contou Andreza.
UM CHAMADO PARA FORTALECER A BASE MISSIONÁRIA
Fernanda Barbosa, integrante da Agência de Missões, passou o que muitos graduados têm vivido ao sair da Escola. “Eu não imaginava que, antes de ir, o Senhor me levaria a estar cuidando de missionários na base. A bagagem da Escola me ajudou muito nisso. Hoje, vejo nitidamente que a Escola de Missões não é somente para aqueles que têm um chamado para ir, mas também para os que vão ficar na base (igreja local) e vão cuidar dos que vão avançar com a visão missionária”, relatou.
Fernanda concluiu a Escola em 2018 e, junto a outros graduados, compõe o quadro de funcionários da Agência de Missões Verbo da Vida, que tem como um dos objetivos treinar através da Escola de Missões aqueles que têm chamado para o campo e também aqueles que permanecerão na base da igreja local, levando a conscientização das igrejas quanto à responsabilidade da obra missionária em todo o mundo.
Fernanda também disse que todos estamos debaixo de uma grande visão de que o Verbo da Vida vai para todas as nações e cada igreja faz parte disso e precisa se ver tocando as nações. “Missões é o sentido da igreja existir”, concluiu.
Uma outra integrante da Agência de Missões que vive o chamado missionário já naquilo que desempenha diariamente é Juliana Emery. Ela contou que tem esse chamado desde que se entregou ao Senhor. Quando ela veio para o Verbo da Vida, assim como boa parte dos membros, fez o Rhema e a Escola de Ministros. E, em 2020, no ano da pandemia, decidiu matricular-se na Escola de Missões. Em seguida, passou a fazer parte também da Agência.
Ao ser questionada sobre o local onde os graduados podem servir em missões, Juliana foi rápida em responder: “Eu acredito que nem todo mundo vai. Eu acredito muito que, se você não vai, você pode ser um suporte para quem vai. Pode investir dinheiro mesmo, tempo, fazer orações. A visão do nosso Ministério em relação a missões nos dá condições de ser uma base forte para os missionários que estão indo”.
Juliana também está envolvida com outros projetos, cumprindo o “ide” de outras formas. “Eu sempre tenho mulheres no meu coração. Eu busco de alguma forma estar ligada a elas. Eu vejo também as mídias sociais como um trabalho missionário. E, no ano da pandemia, criamos o projeto Aquilo que Acredito, onde a gente falava para mulheres e as ajudava. Esse foi o meu projeto da Escola de Missões”, falou a graduada.
Ela também utiliza da sua área profissional para alcançar os perdidos, como foi o caso do projeto Sorriso na Escola, em que se envolveu com sua formação em odontologia. “Saíamos pelas escolas, fazendo palestras e doando escovas de dentes e creme dental. A gente fazia a limpeza das crianças e aplicação de flúor. Assim, eu podia usar minha profissão para fazer aquilo que estava no meu coração, aquilo que Deus me chamou para fazer”.
UM APRENDIZADO PARA TODA A VIDA
Há também os graduados que não estão servindo em nenhuma área que lida diretamente com coordenações ou escolas, mas que usam do conhecimento adquirido no seu dia a dia para o cumprimento de seu chamado em Deus. Verônica Sapucay hoje é integrante da coordenação de Comunicação do Ministério Verbo da Vida. Ela considera que missões é a essência da igreja de Cristo. “Não há como dissociar o nosso trabalho disso, pois tudo o que fazemos deve ter esse objetivo por trás. No campo, iremos ensinar, fotografar, limpar, pregar, escrever, discipular, trabalhar com criança, etc. Por isso, sempre busquei me envolver nos mais variados departamentos, a fim de pegar ferramentas para o cumprimento da missão”.
Verônica aconselha que aqueles que estão interessados em estudar na Escola de Missões tenham a sua igreja local como uma fonte de preparo e manutenção do seu chamado. Ela sugeriu: “Envolva-se na sua igreja. Sirva, seja útil e, no momento certo, você será enviado. Lembrando que, quem faz missões não é apenas o que prepara as malas e vai, mas o que ora, o que oferta, o que encoraja, o que segura as cordas, o que divulga e apoia”.
A graduada lembrou de uma frase do pastor Oswald J. Smith, que a tocou muito: “Uma igreja que não esteja seriamente envolvida em ajudar a cumprir a Grande Comissão perdeu o direito bíblico de existir”. Nesse sentido, Verônica disse que a Escola de Missões abriu os seus olhos para essa verdade. “Sou muito grata, a Escola dividiu a minha vida. Era uma pessoa antes e sou outra depois”.
Leia as matérias anteriores desta série especial em comemoração pelos 15 anos da Escola de Missões: