Nasci em Campina Grande, me criei lá e só sai quando fui morar em Natal. Sou de uma família de três irmãos todos homens, eu sou a irmã mais velha. Então, desde criança e adolescente, por ser a mais velha, acabei me tornando um pouco mãe deles também, porque a minha mãe trabalhava e estudava muito e meu pai era ausente também por causa do trabalho. A lembrança que eu tenho é do peso de responsabilidade que eu adquiri muito cedo. Tive pouca infância na verdade. A nossa diferença de idade é em média de três anos.

Minha mãe é médica e na época que eu nasci ela estava estudando medicina. O que eu tenho de lembrança de infância é dela sempre dedicada. Lembro que me colocaram um apelido de “Teteu” que é aquele pássaro que não dorme à noite. Lembro de madrugadas que eu ficava com a minha mãe, ela estudando com uma colega, aqueles livros enormes de anatomia e eu ficava ali desenhando e só ia dormir quando ela ia se deitar também. Isso está bem registrado em minha mente. Depois ela começou a trabalhar e eu sempre dando suporte para ela cuidando dos meus irmãos. Eu os levava para a escola, ensinava as tarefas, eu aprendi a dirigir muito cedo. Enfim, quase mãe… (risos)

Meu pai é uma pessoa bem reservada, ele não sabia expressar sentimentos com atitudes de carinho, de conversas, mas ele se mostrava um excelente pai nos cuidados conosco, nos colocando em uma boa escola, não deixava faltar nada dentro de casa, ele nos supria nessas questões. A única vez que vi meu pai chorando foi no velório do pai dele. Mas ele já mudou algumas coisas. Inclusive, o Senhor tratou comigo me mostrando que ele não conhecia o amor e eu quem precisava manifestar isso pra ele. Antes, ele tinha dificuldade de abraçar, de falar: “eu te amo”, de beijar, mas hoje ele já consegue me abraçar (risos) e já diz “eu te amo”.

A minha mãe, apesar da ausência, e por eu ser a úncia filha mulher, nós sempre fomos bem ligadas. Até hoje ela é a minha melhor amiga. Às vezes, eu converso com algumas pessoas sobre essa questão de mãe e filha e elas dizem: “mas como você consegue conversar todas essas coisas com a sua mãe?” talvez seja porque ela sempre me deu liberdade para falar sobre todos os assuntos e por isso, ela é a minha melhor amiga mesmo, mas tem horas que ela não é a minha mãe, é como se fosse a minha filha. Dou um pouco de suporte a ela na questão espiritual.

Eu tive três irmãos bem ativos, elétricos mesmo (risos) e eu claro, tentava controlá-los. Eles brincavam, brigavam e depois estavam se abraçando. Mas o nosso relacionamento até hoje é muito bom, eles me respeitam muito. Coisas que eles não querem ouvir de outras pessoas, eles param e me ouvem. E desde a infância era assim. Eu me posicionei como irmã mais velha e consegui o respeito deles como a irmã mais velha. Dos três, um mora em Natal, ele vai sempre lá em casa.

Eu vim de uma família espírita, a minha vó tinha um centro espírita na cidade e quando eu estava com 20 anos, já casada (casei aos 19) e já com meu filho Vitor de três meses, eu comecei a perceber que algo estava faltando no contexto da família. Comecei a olhar para meu pai, minha mãe, meus irmãos, e pensei: muitas coisas boas eu consegui trazer para a minha vida e queria levar para os meus filhos. Mas outras coisas eu não queria que refletisse neles e ali v que a necessidade que eu tinha era de Deus mesmo.

Uma tia minha e um irmão meu havia se convertido e começaram a mostrar Jesus para mim. Não uma pregação, porque eu não aceitava pregações, mas com a vida deles. E eu sou muito grata a Deus pela vida de Márcia (minha tia) e de Luciano (meu irmão), porque eles foram instrumentos de Deus para que hoje eu tivesse o Senhor em minha vida. Havia primeiro a necessidade individual e um vazio muito grande em mim e eu não queria que esse vazo refletisse em minha família. Não queria que a história familiar se repetisse, porque anos depois, meus pais se separaram, então foi ai que repensei a minha vida.

Casar e enfrentar um casamento tão jovem não foi difícil para mim, porque eu já era adulta eu fui adulta cedo demais. Com 13 anos eu comecei a namorar com Beto. Com 15 anos eu já dirigia (lembrando que isso não é permitido, mas naquela época eu não era crente e desobedecia as leis) eu já era bem adulta e aprendi rápido e tirei de letra o ser dona de casa, por já ter vivido a experiência em casa, o ser mãe nova também não foi um problema, porque cuidei dos meus irmãos. Foi tranquilo. Tive um namoro de quase seis anos. Casar foi mais uma experiência na vida. Na parte de cozinhar é que não sou muito boa (risos) até aprendi um monte de coisa, mas não é meu forte. Gosto de arrumar a casa, deixando as coisas organizadas.

Eu e Beto morávamos no mesmo bairro. Ele era diferente dos outros rapazes… tinha alguns que queriam namorar comigo, e se comportavam como quem queria algo, hoje os jovens dizem “ficar”, mas me refiro a namorar mesmo. Então, eles namoravam um mês com uma menina e no outro mês mudavam de menina. E comecei a ver que aqueles rapazes não tinham o perfil do homem que eu queria, não eram referências para mim. Mas Beto era diferente, ele brincava com os meninos da rua do mesmo jeito que eu também brincava com as meninas, o via andando de bicicleta, jogando vôlei, mas eu não o via namorando todo mês com uma menina diferente. Isso foi o que me chamou a atenção.

Percebia que ele tinha um respeito com o sexo oposto e foi assim que comecei a me interessar. Ele não era bonito como é hoje, porque depois que casamos eu arrumei ele (risos), mas ele tinha uma beleza única (eu também não era muito bonita) nós eramos bem magrinhos. Ele usava o cabelo de lado era uma coisa bem esquisita. Mas o respeito dele me chamou a atenção mais que qualquer coisa.


Quando eu casei falei que teríamos um filho depois de três anos de casados. Comecei a usar um método anticoncepcional e meu organismo não reagiu bem e precisei parar, com essa parada engravidei de meu primeiro filho, o Vitor, mas quando namorávamos já conversávamos sobre ter filhos. Sempre esteve em nosso coração. Então, não foi aquela surpresa agoniada, mas uma surpresa agradável. Afinal, sempre desejei ser mãe. Aos 20 anos tive o Vitor, parece que já nasci para ser mãe. Apesar de ter a ajuda das avós, das tias, afinal, ele era o primeiro neto da família. Consegui desenrolar bem essa questão. E consegui administrar inclusive com meus estudos. Na época, eu fazia engenharia civil. Era a mãe de Vitor e depois também veio Daniel e deu tudo certo, graças a Deus. Depois ainda fui fazer mestrado. Meus filhos nunca atrapalharam a minha vida profissional e ministerial que surgiu depois.

Meus filhos são diferentes demais, posso dizer em quase tudo. Algumas pessoas dizem que eles são parecidos na fisionomia, para mim eles nem na fisionomia se parecem. Nem no temperamento, nos gostos, na comida, eles são completamente diferentes. Eu até brinco dizendo que é Marta e o outro é Maria fazendo referência a história delas na Bíblia.

Vitor é muito do servir e ficar nos bastidores. Já Daniel é daquele que fica o dia todinho ouvindo música, tocando violão, escrevendo, se arruma e vai pra igreja chegando as pressas, e faz aquilo que é para ser feito. Ou seja, bem diferentes, mas cada um com características que vejo eu e Beto. Daniel tem algumas características minhas, Vitor também de Beto. Eles são uma mistura nossa, então, não posso reclamar deles, naquilo que vejo como defeito.

 

Eu pensava que o meu maior desafio era ter enfrentado a sala de aula quando fui ser professora substituta na Universidade Federal de Campina Grande no curso de engenharia civil onde 90% era de um público masculino. Sinceramente, achava aquilo o maior desafio da minha vida. Me deparar com esses alunos, já que sempre tive dificuldade de falar em público. Pensava em tudo: como falar em público, em um curso de engenharia civil com esses alunos que também não é tão simples, mas agora eu já tinha Deus e a minha mãe me falava: “Filha, coloque uma coisa na sua cabeça, por menos que você saiba de alguma coisa, você ainda sabe mais do que cada aluno que está ali naquela sala de aula. E você tem Deus, então, você tem a ajuda do Espírito Santo para lhe dar esse suporte”.

Então, eu orei ao Senhor pedindo a Ele ajuda. Fazia a minha parte, estudava, preparava as aulas, mas sabia que era desafiador para mim. Cada horário que eu precisava estar com os alunos. Mas esse não foi meu maior desafio. O maior foi estar à frente de uma igreja, de uma cidade que eu não conhecia ninguém, diante de uma igreja e de um povo que já existia, os quais já tinham sido pastoreados por outro pastor. Esse de fato, foi meu maior desafio. Logo, veio o convite de ser professora do Rhema e eu pensava que também era um grande desafio, mas nada era mais desafiador do que estar em outra cidade, diante de uma igreja com meu esposo.

Mesmo passando por tudo o que já passei em várias áreas como filha, esposa, mãe, professora do Rhema, ministra da palavra, posso afirmar que se fosse para fazer tudo de novo, eu faria! O sentimento que eu tenho é esse. Eu passei por muitas coisas difíceis, muitas… desde os problemas dentro de casa com a ausência do pai, isso refletiu em mim, pois cresci um pouco insegura, depois casei muito nova, mas eu faria tudo novamente. Se recebesse um outro convite para ir a outra cidade, como Natal, eu iria. Não me arrependo de nada. Mesmo com as pressões, as dificuldades, as noites em claro, vontade de arrumar as maças e querer vir embora, mesmo com tudo isso, iria adiante.

Eu sou uma pessoa muito sincera. Em algumas situações eu cheguei a pensar que ser sincera talvez fosse um defeito. Mas eu entendi que não. Só passa a ser um defeito quando você não fala na hora certa. A palavra de Deus diz que quando falamos algo no tempo certo é como maçãs de ouro em salvas de prata. Então, eu aprendi que eu poderia usara sinceridade de forma correta e assim seria uma qualidade, sou transparente, mas não suporto mentiras.

Se quiser saber algo que eu não gosto é a mentira. Mesmo que seja algo duro de se ouvir, prefiro a verdade. Não sei digerir mentira.

Eu sou um pouco elétrica, consigo fazer muitas coisas ao mesmo tempo. As vezes, existe certa dificuldade de pessoas que trabalham comigo, porque elas as não conseguem me acompanhar e eu preciso recuar um pouco. Sou proativa. Consigo perceber várias coisas ao mesmo tempo. O que está e o que não está funcionando. Gosto das coisas bem organizadas. Sou disciplinada também, quando foco em algo disciplino minha atenção naquilo ali.

As vezes, sou um pouco brava, dura, pego com mais firmeza na disciplina com os meninos. Quando eles eram pequenos e faziam algo errado eu dizia: Beto, você não vai discipliná-los? E ele dizia: agora, não, deixa a raiva passar, mas eu não sou assim. Quando vejo a situação vou lá e falo mesmo. Isso é um defeito meu e uma qualidade dele. (risos)

Nós passamos por fases na vida. Tem pessoas que acrescentaram coisas na nossa vida, na minha vida em particular e eu sou muito grata a algumas pessoas. Meu irmão, Luciano e a minha tia Márcia, por terem sido os primeiros a me apresentar Jesus. Eles eram os referencias para minha vida naquele momento. Logo depois que eu me converti, Isa a minha tia, irmã do meu pai, esposa de Patrocínio, me ajudou demais, me aconselhou em sua casa tantas vezes. Me instruindo ela e seu esposo. Depois teve Neli Palhano que é a prima de Beto, ela me ajudou muito e fui avançando ministerialmente. Veio o pastor João Roberto, o nosso pastor, que acreditou em nós. Que nos convidou para ajudar na Igreja do José Pinheiro. O pastor João viu coisas em nós que nem nós acreditávamos. Lá no José Pinheiro o pastor Gerson e Ivani que nos colocaram para ministrar pela primeira vem em um púlpito. Guto Emery que também acreditou em nós. Ele nos chamou para ensinar no Rhema e em nosso coração já sabíamos, mas nunca tínhamos falado isso com ninguém. Ele nunca tinha nos ouvido ministrar e era para ensinar família cristã juntos. Não tem como não agradecer a Canrobert que sempre foi o meu pai e me ajudou em todas as dificuldades que eu passei como diretora e até mesmo professora ele sempre esteve e está disponível.

Ah! sou grata a Gilson e Sylvia que foram os nossos vizinhos por anos… meu Deus quantas vezes eles nos ajudaram… Gilson chegava com a palavra certa quando ninguém sabia. Eu creio que Deus vai continuar levantando profetas que realmente tem o chamado para fazer as coisas que Gilson fazia e não era nas pregações nos púlpitos, mas o que ele fazia nas casas das pessoas. Hoje, Sylvia é a minha supervisora na escola de ministros que dirijo em Natal. Mas antes de qualquer coisa ela sempre será a minha eterna vizinha, foram amigos e irmãos de fé.

Sou grata ao pastor Marquinhos e a Iara que nos convidou para ir para Natal. Quando Guto perguntou para ele quem ele via para assumir a igreja ele não indicou ninguém lá de Natal. Nós nem sabíamos que precisava de alguém em Natal. Ele viu pelo espírito que ela eu e Beto. Continuo sendo grata a todos e pela nossa equipe que montamos lá nesse tempo. Nossa diretoria, as lideranças, as ovelhas a todos em Natal. Sou bem grata a todos.

Gratidão enorme a minha mãe, a minha amiga, até hoje.

 

E ao meu esposo, Beto, que me viu menina, aos 13 anos, me viu adolescente, jovem, me viu sendo esposa, mãe e daqui a pouco me verá sendo avó. Ele é o meu melhor amigo. Me conhece sem eu precisar falar, ele me viu crescer. Ele acredita em mim, muitas vezes, quando nem eu acredito. Ele me confia o púlpito da igreja sou grata a Deus pelo marido que eu tenho. Ele me faz rir muito, as vezes, até me irrita, por brincar tanto… (risos)

Pela vida do meu pai, porque el me ensinou não com palavras, mas com gestos, o caráter e a integridade que ele tem. Ele faz coisas que as vezes, com tanta integridade, eu estranho que homens e mulheres de Deus não fazem, tão trabalhador. Muito desse gás que eu tenho foi porque eu vi em casa, meus pais sempre forma desbravadores, eles conquistaram muitas coisas, mas começaram do zero.

1 Comentário

  • Que lindo Lucerna,você é das melhores referência pra minha vida e pra o meu mineste rio. Seu testemunho é isso e muito mais.Sua família é linda.Amo muito todosimples voces.Meu pastor Beto é como um pai,sempre que precisei de uma palavra vocês sempre estiveramjuntopra mim ajudar.Continue desse jeito Lucerna a cada dia Deus vai te transformando e te dando as coordenadas. Que o Senhor continue te abençoando cada vez mais. Muitos bjs da sua ovelha…

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