Professora do Rhema fez TCC sobre o sistema prisional

O Centro de Treinamento Bíblico Rhema no sistema prisional tem feito história por onde passa. Tanto que até virou tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Jullyan Karoline Braga Parreiras. Ela é graduada em Direito, pela Faculdades Promove de Belo Horizonte (MG). 

Ela congrega na Igreja Verbo da Vida em Belo Horizonte (MG), sob a liderança do pastor Anderson Laignier. Jullyan auxilia o seu esposo Juliano Jefferson Parreiras na liderança no Departamento dos Conselheiros. Graduada no Rhema e ministra licenciada pelo Verbo da Vida, ela também atua como professora do Rhema no sistema prisional.

O seu desejo de cursar a faculdade de Direito surgiu através da sede de justiça que sempre inundou seu coração. Além dela observar com bastante interesse a justiça bíblica, Jullyan sempre foi dedicada em relação a conhecer Deus e Seu caráter justo — um entre tantos outros dos Seus atributos. 

Sobre o TCC

“Vamos falar sobre o Rhema nos presídios. A sua contribuição para a mudança de vida dos detentos e como isso reflete na sociedade”, disse para os seus parceiros de TCC.

Em seu 9º período de curso, entre agosto e dezembro de 2022, ela tinha a missão de desenvolver o projeto de pesquisa para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Com isso, começou a escolher qual seria o foco da pesquisa.

“Sempre procurava uma forma de associar o Direito às Sagradas Escrituras; à lei da terra à do céu; à justiça humana à divina. Assim, em primeiro lugar, pensei em escrever acerca do julgamento de Jesus, mas não tive aquela ‘certeza’ por dentro quanto ao tema. Todavia, busquei pelo Senhor em oração, pois almejava escrever sobre algo que fosse relevante para o Reino e que pudesse tocar as pessoas que lessem o artigo. Algo que revelasse o poder de Deus, do céu para a terra, atravessando a inteligência humana e suas leis”, destacou ela.

Imediatamente, saltou em seu espírito a direção do assunto que deveria discorrer no TCC. No dia seguinte, ela se reuniu com os colegas da faculdade, Matheus Ramos e Raphael Santos, com os quais desenvolveria o projeto e o artigo científico.

Parceria com o Rhema no sistema prisional em Minas Gerais

Um pouco antes do período de produção do TCC, em 2021, uma unidade Rhema foi instalada pela primeira vez através da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), no presídio masculino de Santa Luzia (MG), sob a coordenação de Renato Alves Cérvio. 

A APAC é uma Organização Não Governamental (ONG) que auxilia o sistema penitenciário na ressocialização dos detentos. O seu alvo não é a perda da natureza punitiva da pena, mas, sim, humanizar o tratamento aos reclusos sob a perspectiva cristã protestante para uma ressocialização eficaz, prezando pelo desenvolvimento do espírito, alma e corpo.

Junto à referida ONG, foi realizado o Seminário Bíblico Rhema, no qual mais de 50 homens e 54 mulheres estavam entre os concluintes, que tiveram a vida transformada pela Palavra da Fé. No Seminário, os detentos têm a opção de se matricularem e estudarem temas teológicos, dentro do próprio sistema penitenciário. Ou seja, não é algo obrigatório, pois eles se inscrevem por livre e espontânea vontade.

“Os testemunhos positivos que nos foram relatados são inúmeros”, disse Jullyan. Na APAC, por exemplo, existem alunos do Rhema que estão recebendo alvará de soltura. Porém, por livre e espontânea vontade, eles escrevem cartas, com pedido de autorização junto à coordenação dos presídios para retornarem à penitenciária nos dias e horários de aula do Rhema, até a conclusão de todo o curso. 

Pontos como esses, reforçam diante das autoridades a relevância do Rhema na recuperação dos encarcerados. E os benefícios são para a total população carcerária e externa. Assim, a ONG se tornou uma parceria importante para o Rhema e, mais à frente, fez toda a diferença durante os estudos para o TCC de Jullyan.

Produção do trabalho acadêmico

A graduada explicou que o primeiro passo do TCC foi levantar um objetivo jurídico face ao Rhema no sistema prisional, ou seja, elaborar uma ligação da lei com a Escola nos presídios e pensar como, juntas, poderiam refletir na vida do preso. 

“Decidimos trabalhar com a Assistência Religiosa — direito do preso — prevista na Lei de Execução Penal; a Teoria da Finalidade das Penas — não apenas retributiva, mas também preventiva; com o Princípio Penal da Ressocialização; e o Rhema, como um meio de executar esses desígnios, trazendo benefícios individuais e coletivos”, explicou Jullyan.

O segundo passo foi decidir pelo presídio que continha o trabalho social do Rhema para fazer o trabalho de campo. Então, escolheram a APAC Masculina de Santa Luzia. Um dos motivos para tal escolha é que o fundador do sistema APAC e de seus métodos, Mário Otoboni, obteve o título de Apóstolo do Cárcere. Ele afirma ter recebido um chamado de Deus para promover o Evangelho para pessoas encarceradas. 

Resultados favoráveis

“De fato, o objetivo do TCC era demonstrar como a prestação de assistência religiosa prevista na Lei de Execução Penal, através do Rhema na APAC Masculina de Santa Luzia (MG), contribui positivamente na ressocialização do sentenciado. Dessa maneira, tornando-o um bom cidadão, incluindo-o novamente na sociedade com uma vida transformada através da pregação do Evangelho, diminuindo, assim, os níveis de reincidência”, afirmou Jullyan.

Através do seu TCC, ela analisou o quanto essa assistência religiosa prestada pelo Rhema é uma ferramenta poderosa que pode submeter a mente e o corpo do indivíduo à disciplina e ao arrependimento. De fato, a proposta, de forma geral, era mostrar como a iniciativa afeta os reclusos positivamente e interfere no modo de agir deles após participarem de cultos e aulas religiosas ofertadas dentro do presídio. Assim, a assistência é um direito material amparado para os presos e também expresso na Lei de Execução Penal (LEP).

Apresentação do TCC

Como resultado, o TCC foi aceito e tratado pelos orientadores como bastante relevante. Já que no semestre seguinte, décimo período, os estudantes começaram a coletar dados estatísticos da APAC nos trabalhos de campo e visitas técnicas. 

Entre as informações colhidas, estavam o bom comportamento, o número de fugas, de rebeliões e de suspensões. Dados que pudessem comprovar o quanto o Rhema, como meio de prestação de assistência religiosa no presídio, contribui positivamente para a transformação dos presos, suas famílias e toda a sociedade. 

Enquanto artigo era escrito, foram realizadas pesquisas tanto no âmbito do direito, quanto na assistência religiosa; extraindo os pontos em comum que, para a surpresa de todos, foram inúmeros. 

Dessa forma, além do Rhema contribuir com a ressocialização do preso, há uma grande possibilidade de diminuição dos níveis de práticas criminosas. Assim, Jullyan ressaltou que quem enxerga Deus como um ser inacessível e punitivo, tem menos benefícios do que quem O vê como um ser misericordioso, capaz de perdoar e dar uma nova vida. 

Enfim, sua pesquisa comprovou que o preso que se conectar com Deus por meio da assistência religiosa, aprendendo a doutrina cristã da forma correta, entenderá que Deus é bom, justo e misericordioso. Esse é um conceito diferente do que o mundo prega, levando à prática criminosa, devido à falta de perspectiva de vida.

Na prática – Rhema no sistema prisional

Assim, Jullyan também ressaltou, com alegria, que, em agosto de 2023, ela se tornou professora do Rhema no sistema prisional. Nesse meio tempo, ensinou na APAC Masculina sobre Escatologia. E, na APAC feminina, ministrou sobre a Aliança de Sangue.

Conforme Jullyan relatou, foi um tempo extraordinário e que pôde viver na prática aquilo que ela escreveu em seu trabalho acadêmico. “Vi homens e mulheres que cometeram crimes horríveis sendo completamente transformados pelo poder do Evangelho e pelo amor de Deus. Pessoas privadas de liberdade e de suas famílias, mas completamente livres de todo o jugo no espírito e na mente. Absolvidos por Cristo, com suas ‘cadeias’ quebradas. Ainda vi também muitos cristãos e pessoas preconceituosas tendo seu coração quebrantado após ler esse nosso artigo, compadecidos e vivendo o amor de Deus”, concluiu.