Verbo FM

Rafaela Saraiva (Campina Grande-PB)

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Amo a minha família. Lá em casa somos 5 filhos 4 mulheres e 1 homem. Eu nasci após 9 anos da minha irmã, fui meio que a queridinha, pois minha mãe não pensava em ter mais filhos.  Eu fui bem desejada e depois de mim ainda veio Manu menos de dois anos. Ter nascido e uma família grande é maravilhoso, por mais que eu não queira ter cinco filhos. É muito bom ter quatro irmãos, quando nos reunimos é muito barulho. Hoje minha irmã Daniele está morando fora do país, eu já morei em outras cidades por alguns anos também. Sentimos falta, porque sempre estávamos juntos.

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Minha mãe é uma guerreira. Quando nasci, eles não estavam em uma situação financeira tão boa e ela sempre desejou que estudássemos em boa escola, eu via o esforço dela para pagar. Ela é uma referencia de força.

Meu pai é pacato, sempre esteve presente, buscou nos dar o melhor e, dentro do possível, deu seu melhor. Sempre nos quer por perto.  Ele diz a minha irmã que mora fora: “Vem embora!” Gostamos de estar juntos.

Quando pequena, eu era espevitada. Lembro de uma cena de um dia que me escondi por trás da cortina e fiquei lá. Abria a cortina e via que estava todo mundo desesperado me procurando, e vi que iam ligar pra policia e eu lá, só olhando. Não sei quanto tempo eu fiquei lá, isso foi algo que marcou muito, não lembro se apanhei, mas foi engraçado. Eu era aquela criança que ninguém poderia comentar nada na minha frente, se comentasse algo, eu diria a pessoa da qual estavam falando. Isso com uns 5 anos. Coitados dos namorados das minhas irmãs (risos).

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Aos 19 anos, conheci Marcelo, meu esposo, namoramos um ano e quatro meses depois, casamos. Uma menina com 20 anos. Hoje, dez anos se passaram e vejo como realmente eu era menina. Casamos em abril de 2006 e, meses depois, já nos mudamos para Ribeirão Preto/SP. Precisei amadurecer a força, cuidava de pessoas, mas era uma menina. Sabemos que o primeiro ano do casamento é desafiador. Mas se me perguntassem se eu casaria de novo, eu casaria e viveria as mesmas coisas, porque aprendi muito. Claro que algumas coisas eu faria diferente, mas casaria com a mesma idade, porque sempre sonhei em casar.

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Apesar de ter visto alguns casamentos da minha família frustrados, eu disse ao Senhor: “Pai eu não quero isso para a minha vida. Meu casamento vai ser bom”. Eu sempre dizia que não queria ser esposa de pastor. Logo que casei, Marcelo assumiu a obra em Ribeirão e fui esposa de pastor por sete anos. Mas lidei bem com isso. Eu era muito imatura, ás vezes, precisei aconselhar pessoas mais velhas que eu e, por exemplo, falar sobre criação de filhos, que era algo que eu ainda não tinha vivido, mas mesmo sem filhos precisei falar de filhos.

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Marcelo é o homem que toda mulher desejaria casar. É maravilhoso como marido e, agora, como pai. Eu fico pensando, se eu casaria com outra pessoa que não fosse ele. Ele é humilde, discreto. Ele sabe entrar e sair sem ser notado. Ele é cuidadoso comigo. Tudo o que pode fazer pelo meu bem estar ele faz. Coisas simples que me ensinam muito. Às vezes, vamos comer uma pizza e, na divisão, um pedaço sai maior que o outro, ele sempre me dá o maior, o melhor. Ele sempre fez isso. Dez anos se passaram e ele continua o mesmo, do mesmo jeito. Isso é maravilhoso.

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Ser mãe é uma das melhores coisas que já me aconteceu. Emanuel nasceu há poucos meses. Às vezes, penso. Se eu tivesse tido Emanuel há 5 anos será que ele teria a mesma carinha que tem? (risos). A maternidade é algo maravilhoso. Um desafio gigante, principalmente quando você amamenta. Perceber que ele está ali, dependente de mim 24 horas, e que não tem hora pra acordar. Hoje ele acordou as 4 da manhã para comer.


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No primeiro mês, quis desistir de amamentar, mas, se você não desiste no primeiro mês, não vai desistir mais (risos). Porque o primeiro mês é o mais delicado. Como fiz a cesariana, tinha a dor da cirurgia e ainda a dor da amamentação. Mas eu faria tudo de novo. Se você tem algum egoísmo, na maternidade ele vai embora. Não temos mais como ir onde quisermos como antes, porque tem alguém ali, dependendo de mim. Não posso sair de casa com muita freqüência. Mas é maravilhoso. Ele está começando a interagir, ele conhece a minha voz e, todo cansaço vai embora. O amor de mãe é inexplicável. Saber que ele estava dentro de mim, como pode?

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Olhando para a minha vida hoje, vejo que a minha maior realização é ter um bom casamento, ter Emanuel. Eu sei que ministério bem sucedido é conseqüência de uma boa vida familiar. Por ver tantos casamentos frustrados, sou grata ao Senhor por ter um casamento bem sucedido. De fato, não é uma vida de aparência. Ter um bom marido, um filho.

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Aos 30 anos, lido com os desafios com a cabeça totalmente diferente do começo. Eu e Marcelo já passamos por tantas pressões juntos que, hoje, não é qualquer pressão que nos abala. Desafios sempre existem, agora com a maternidade, tenho novos desafios a cada dia. Sono é um deles (risos). Quando vejo mães pergunto: “já chorou muito?” Porque não tem como não chorar com a maternidade. Principalmente nos primeiros meses. Mas eu escolhi ser mãe, esperei tanto tempo por isso e estou muito feliz com a minha escolha.

No âmbito marido e mulher, depois de 10 anos, de viver coisas boas e ruins, a gente se entende. Temos as divergências, os ajustes, mas nos entendemos bem, convivemos com os defeitos. Ele é mais tranqüilo eu sou mais explosiva. Mas a gente se entende bem.

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Sou muito sincera e transparente. Eu sou isso aqui. Você não vai me ver fingindo ser uma coisa que não sou. Sou reservada, quieta, mas, se você se aproximar de mim, verá o meu coração. Isso vejo como uma qualidade.  Talvez, choque algumas pessoas, mas você consegue saber o que está dentro de mim

Tenho meus defeitos, um deles é ser explosiva. Se não gosto ou não concordo com algo você vai saber. As vezes, não sei lidar com isso, e explodo mesmo, mas prefiro ser assim do que guardar o que estou sentindo. Guardar para mim é pior.

Já me arrependi por ter falado coisas e já me arrependi por ter ficado calada. Mesmo sincera, tem algumas coisas que me intimidam e penso: “se eu falar, eu não tenho nada a ver com isso”, aí não falo.

Tenho o sonho de ver a minha família servindo ao Senhor. Fui a última a me converter e meus irmãos foram referenciais pra mim. Hoje, vejo que alguns estão perdidos no caminho, minha mãe já aceitou Jesus, mas meu pai ainda não, e ele já tem 80 anos, é diabético. Creio que Deus tem o sustentado para ele nascer de novo, eu creio nisso.

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