Meu nome é Rita, eu sou de Campina Grande. Vim de um lar com 7 irmãos, eu sou a mais nova dentre quatro irmãs. Minhas irmãs casaram muito cedo, eu fui a última a sair de casa. Acho que por conta disso minha mãe foi um pouco mais rígida. Conheci Thadeu aos 19 anos, namoramos cinco anos, casamos e tivemos dois filhos, o Thiago e o Perilo. Eu tive mais três abortos. E hoje, tenho dois netos, Samuel e Estevão. Frutos do casamento de Thiago com Juliana e Perilo com Stephani.
Quando eu fui mãe o que senti de primeira foi um amadurecimento e o valor que a gente dá a nossa mãe. Eu sempre fui uma mãe muito dedicada, mesmo trabalhando fora eu era uma mãe presente. Era muito rígida com eles também.
Na gravidez de Perilo, foi descoberto um problema no rim dele, quando estava com oito meses de gestação. Como eu frequentava o Encontro de Casais da igreja Católica e começamos a ajudar na igreja evangélica (talvez, seja por isso que é um trabalho que a gente tem tanto amor porque foi nesse trabalho que fomos ajudados), o pessoal me deu um apoio muito grande e foi daí que eu conheci a Palavra. Quando Perilo nasceu, nós tivemos grandes experiências com Deus e a nossa conversão foi através da cura dele. Thiago ia completar 4 anos quando a gente se converteu.
Perilo era um bebê muito lindo e bem saudável. Nas primeiras 24 horas, os médicos diziam que não estavam percebendo nada, só sabiam porque estava no exame. Quando ele foi operado, com um mês de nascido, eu ainda não conhecia Jesus. Estava desesperada, tinha descoberto o problema dele no ventre e o médico disse: “Olha, seu bebê tem um problema e quando nascer tem que procurar um médico, porque tem que fazer uma cirurgia urgente”. Na época, só tinha médico no Nordeste em Recife e Salvador, então fomos buscar um médico em Recife e ele disse: “aparentemente não tem nenhum problema, mas pode vir lá na frente, então a gente vai passar por uma cirurgia, são quatro horas de cirurgia e ele pode ir e não voltar”, ou seja, era uma cirurgia de risco. Antes de viajarmos, uma irmã querida chegou para mim e disse: “Compre uma Bíblia e na hora que você estiver no desespero peça uma palavra para Deus no nome de Jesus e Ele vai lhe dar”.
Hoje, por conhecer a Palavra, pela maturidade que temos em Deus, sabemos que não podemos estar abrindo a Bíblia assim, pois temos o Espirito Santo, mas, na época, eu precisava. Eu pedi uma palavra a Deus nesse período, abri a Bíblia e disse: “Aquelas mulheres disseram que Você fala quando abrimos a bíblia e que se eu pedisse no nome de Jesus teria”, então, quando eu a abri li, naquela versão: “Pois possuístes os meus rins e entreteceste-me no ventre de minha mãe”. Tá no Salmos 139. Era exatamente isso, eu descobri o problema dele no meu ventre. E quando eu li aquele versículo, logo senti a presença de Deus.
Eu nunca mais senti algo assim, sei que Deus está sempre conosco, mas naquele momento foi uma presença que eu não vi Deus, mas conseguia sentir. Olhei para Thadeu e disse que Deus estava ali e ele disse que também estava sentindo. Quando cheguei para ele ser operado, o médico disse: “Só tem uma anestesista aqui no Recife que tenha coragem de aplicar anestesia em uma criança de um mês, é ela que vai com a gente para essa cirurgia”. Quando essa mulher veio pegar Perilo, eu me agarrei com ele e disse que das minhas mãos ninguém o tirava, porque meu filho não tinha nada. Aquela mulher era cristã, e me falou tantas palavras bonitas que me convenceram a liberá-lo.
Ali naquela hora veio um poder grande e nessa hora tinha uma pessoa que a gente tinha levado, uma enfermeira, pra ajudar com Perilo, e estávamos eu, ela e Thadeu e ela também sentia a presença de Deus. Foi marcante. Hoje, a gente vê a vida de Perilo. Ele saiu daquela sala de cirurgia e os médicos diziam que quando ele saísse ia passar uma semana no hospital e que eu me preparasse, ficasse no hospital para amamentar, mas que uma semana ele ia ficar na UTI.
A cirurgia foi rápida e ele já veio para o quarto foi uma coisa sobrenatural que os médicos conversaram entre eles e diziam que a anestesista exagerou daquela vez e eu perguntei o que foi e, eles disseram que ela era evangélica e que sempre orava no começo e no final agradecendo, eles sempre zombavam dela, mas quando ela entrou na sala de cirurgia disse que eles teriam que aturar, porque ela tinha prometido a mãe do bebê ficar no lugar dela como mãe e se fosse o filho dela ela não soltaria a mão dele.
Eles disseram que ela orou a cirurgia inteira e falaram:“E sabe que deu certo? Pois uma cirurgia dessa nunca o bebê ia depois para o apartamento, mas para a UTI, mas ele está bem e amanhã a gente já dá alta se você prometer ficar aqui em Recife”. Foi uma coisa sobrenatural, vimos o poder de Deus.
Depois de uns meses, ele fez outro exame e voltamos para Recife. Quando o deixamos no hospital, eu e Thadeu fomos para um lugar e orei assim: “Deus você falou com a gente aquele dia, hoje eu estou mais desesperada, porque aquele dia ele estava no meu ventre ainda, mas hoje ele já está aqui e o amor está maior, não deixa o meu filho morrer, mas viver dessa cirurgia, fala aqui conosco onde o meu olho bater agora em nome de Jesus”. Quando eu a abri, li: “Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se forma os ossos no ventre, assim também não sabe as obras de Deus que faz todas as coisas” (Ec. 11.5). Perilo ficou completamente curado. E foi daí que a gente se converteu.
Eu me lembro que uma vez eu escutei uma pessoa dizer assim: “Se você ler o livro de Provérbios com atenção, você vai saber como criar os seus filhos”. Essa pessoa me instruiu a ler um capitulo por dia e, no final do mês, tinha lido o livro todo. Comecei a fazer isso, e também pegava o livro de Salmos, cinco capítulos, porque eu achava que os Salmos me ensinavam como orar e como adorar a Deus. E o livro de Provérbios, em termos de família e casamento, foi muito bom para aprender muita coisa, como ser esposa e mãe, pois esse é um livro de sabedoria.
A Rita avó é menos rígida. Quando eu criei os meninos, sempre fui muito organizada em casa, eu os ensinei a nunca mexer em nada que encontrasse no centro nas mesas. A minha sala sempre era arrumada e tinha um canto deles brincarem. Mas, hoje, se você entrar lá na sala, só vê bebê. Eu tirei tudo do centro, forrei o tapete com um lençol. Eu e Tadeu agora somos aposentados e quando ficamos com as crianças, brincamos juntos.
Um dia, conversando com Thadeu, eu disse: “Como a gente foi rígido em tantas coisas, a gente poderia ter curtido aqueles momentos”, mas para tirar o peso de cima de mim, ele disse assim: “Rita, a gente ralava para trazer o sustento para dentro de casa, e a gente fez muita coisa ainda. Hoje, estamos aposentados e temos mais tempo para brincar, então, vamos fazer aquilo que eles não podem fazer com os filhos, porque hoje eles que estão ralando para levar o sustento para casa”.
Como toda mulher, eu sonhava em ter uma família. Casar e ter uma família ajustada, apesar que eu tinha vindo de uma família ajustada, meu pais viveram juntos até a hora de ir embora. Mesmo quando eu não era crente, sempre quis ter uma família ajustada. Lembro-me de que morava em frente a uma igreja e estava sempre olhando os casamentos. Em alguns para os quais a gente ia, eu ouvia sempre as noivas dizendo, na hora de entrar, comentando com alguma amiga: “Se não der certo você vai ser minha advogada”. Sempre ouvia isso e dizia: “Nunca quero casar para isso”.
Uma vez, uma noiva virou e disse isso para uma menina que eu conhecia, então, eu perguntei para ela porque a noiva dizia isso e ela respondeu, rindo: “Porque se não der certo o casamento dela quem vai fazer o divórcio sou eu”. Eu me perguntava como a pessoa entrava na igreja dizendo isso. Graças a Deus tenho uma família muito bem estruturada, porque esse era um sonho que eu tinha.
Tem sido assim, uma experiência muito grande. Eu não me via a avó que sou hoje. Eu conheci meus avós, paterno e materno, pois morreram bem velhinhos, mas eu nunca me lembro de um carinho de avó. Elas eram mulheres virtuosas, boas esposas, tinham virtudes, mas de carinho com netos eu não me lembro. Minha mãe teve sete filhos e muitos netos, mas ela dizia assim: “Quem pariu Matheus que balance”. Ela não ficava com filho da gente, a gente que se virava.
Então, às vezes, eu achava que ia ser igual minha mãe. Qualquer criança que chegava perto de mim, eu não fazia igual as pessoas que veem criança e já estão botando no braço. Eu sempre era seca com crianças. E dizia aos meninos: “Acho que vou ser igual a mamãe e vou ser uma vovó bem seca, vou chegar muito perto não”. Mas, eu sou uma super-avó (risos). Eu amo meus netos, eles preenchem tudo na vida da gente. Eu e Thadeu amamos quando passamos o dia com eles. À noite, quando a gente vai deixá-los em casa, a gente sente um cansaço bom, não sentimos nenhum peso, é uma coisa boa.
Minha maior meta com os meus filhos era que eles olhassem pra Jesus e não se desviassem. E o que eu pude fazer para que isso acontecesse eu fiz. De ajudar em tudo pra eles não pecarem. Eu tinha o maior cuidado para eles não estarem tropeçando, tanto que eles já adolescentes, perto de sair de casa, eu tinha mania de levar o leite na cama e, quando eu os acordava, eu dizia: “Repita assim comigo...”, e eles diziam “Ah mainha, a gente já sabe, Jesus já sabe”. Mas, depois de um tempo, eles nem reclamavam mais, já repetiam logo aquela confissão de fé para se verem livre até de mim (risos).
Eu dizia para eles repetirem mais ou menos assim: “Jesus é o meu Senhor, ele é o meu Deus e o meu salvador”, todos os dias eu fazia eles repetirem pelo menos isso. Um dia, em um culto da família, Perilo ministrando, ele disse para os pais encucarem nos filhos a Palavra, andando no caminho, seja andando, deitando, sempre falando da Palavra e ele disse: “Uma coisa que minha mãe fez tanto, de tanto ela me mandar dizer que Jesus é o meu Senhor, eu tinha um temor de fazer certas coisas porque eu sabia que eu tinha um dono e Ele nunca me deixava e estava sempre comigo”. Ouvir isso dele foi muito gratificante, hoje já casado, estar ministrando sobre família e sempre se lembra de algo que ensinamos na prática.
Eu aconselho aos meus filhos e noras a sempre estarem juntos, pegar firme na criação dos filhos. Algumas mães dizem que os filhos já têm o Espirito Santo e a Palavra, e se desligam. Eu era vigilante, digo que a mãe tem um papel como o do Espírito Santo, de estar sempre presente, consolar, assistir e ensinar. O Espirito Santo está presente em tudo, então temos que estar lá também.
Eu dizia: “Não adianta vocês esconderem nada de mim porque eu vou atrás e acho, se quiserem esconder alguma coisa não esconda dentro de casa porque eu encontro“. Hoje, o mundo como está, digo a eles: “lembrem como eu era e procurem ser assim também, não relaxem não, porque nós temos uma carne e temos uma alma e existem as influências ali fora”. Eu era durona mesmo com eles nessa área sexual, principalmente, até eles casarem e é isso que eu aconselho a eles fazerem com os filhos, olhar tudo e saber de tudo.
O Senhor nos alcançou e vencemos tantas coisas. Porque num casamento tem muitas coisas a vencer. Hoje, as pessoas não duram com casamento porque não querem pagar o preço. As mulheres não querem pagar o preço de nada. Eu fico impressionada, elas soltam fácil. Eu procuro sempre dizer as pessoas e as mulheres que vale a pena. Hoje, vejo os meus filhos como estão e vi que valeu a pena todas essas coisas.
Ver um lar estruturado, eles casados e também procurando estruturar o casamento deles, é gratificante. Nós sempre fomos envolvidos com a família, com Encontro de Casais e é muito gratificante ver casamentos que estão destruídos, se reerguerem e darem frutos.
Eu sou muito sincera e, às vezes, eu sofro com isso, porque eu quero que as pessoas sejam assim comigo. Eu não gosto de falsidade, nunca gostei, nem de mentira. Se minha mãe pegasse a gente em mentira, dava surra mesmo. Algumas pessoas até me dizem que não conseguem ser sinceras assim como eu sou, mas eu acho que esta é uma qualidade. Descobri no livro de Provérbios o quanto a sinceridade agrada a Deus e faz você ficar perto dEle. Um coração sincero faz você ficar perto dEle.
Eu admiro Thadeu em uma coisa, porque ele é o mesmo Thadeu o tempo todo. Ele é aquele Thadeu que você conhece. Ele não é um homem meloso, não é um homem de fazer carinho, de olhar e dizer: “como você está bonita”. Às vezes, eu corto o cabelo e, se ele nota, ele não diz nada. Eu já estou bem acostumada que aquilo nem me incomoda mais, mas sempre quando eu preciso de qualquer ajuda, ele está junto e me apóia.
Eu conheci meu marido verdadeiramente em 2015, há quatro anos, quando eu operei o braço direito. Eu olhava em casa e não via ninguém e foi ele quem cuidou de mim. Fazia tudo, imagina um braço direito operado, a mão presa. E aquilo ali me impressionou, eu disse aos meninos: “Conheci seu pai agora, depois desses anos todos de casados”. Porque eu sempre tive pessoas que me ajudavam, que trabalhavam comigo, que me ajudavam com os meninos, mas no momento que estava sozinha sem ninguém, foi ele quem fez tudo.
Ele é desse jeito, servidor. Uma coisa que admiro é que ele é ele mesmo em todo o tempo. Esse jeito brincalhão e duro ao mesmo tempo. Era muito ciumento, mas assim ele é autêntico. Às vezes, eu digo que nesses 37 anos de casados e 5 de namoro, o galardão da gente é grande. Eu penso: “Meu Deus, ele me aturou até agora”, porque eu também tenho umas coisinhas chatas, todo mundo tem seus defeitos. Mas, estamos juntos, somos muito diferentes, a água e o vinho, mas deu certo. É uma coisa também que eu passo para os casais, para as mulheres quando eu converso com elas, eu e Thadeu tivemos criações diferentes, nós somos o oposto em gostos, em temperamento, mas estamos aqui 37 anos, vencemos muitas coisas e nunca a gente teve de dizer: “Vamos nos separar”. Estamos aqui agora para ajudar outros e provar que vale a pena.