por José Anderson

’’E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória” (I Timóteo 3.16)

O texto do apóstolo Paulo escrevendo ao seu filho na fé, Timóteo, expressa uma das maiores verdades do cristianismo, bem como também um dos maiores paradoxos das Sagradas Escrituras: Deus se fez carne! Esse evento é tão sublime, que o próprio apóstolo se refere a ele como “um mistério’’. Estamos diante de um texto que retrata o milagre da Encarnação: O Verbo de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade se fez Homem! (Jo. 1.1).

Vamos ver nesse post o que as Escrituras nos ensinam sobre a Encarnação, bem como de suas duas naturezas. Em primeiro lugar, devemos entender que de fato Jesus veio em carne (Jo. 1.1). Seu corpo não era algo etéreo ou fantasmagórico (Lc. 24.39). Vários textos nos mostram que Jesus era REAL E VERDADEIRAMENTE um ser humano. Jesus nasceu como todo e qualquer ser humano (Lc. 2.7) cresceu normalmente (Lc. 2.40). Jesus se cansava (Jo. 4.6), sentia fome (Mt. 4.2) e sede (Jo 19.28). Jesus se angustiou (Jo 12.27) e até mesmo chorou (Jo. 11.35). Como homem, Jesus sofreu (Hb. 2.18) e através do sofrimento aprendeu lições (Hb. 5.8). Além disso, na Bíblia Jesus é descrito inúmeras vezes pelo título de “Filho do Homem’’, que deixava clara a sua plena humanidade (Mt. 8.20; 9.6). A Expressão era um hebraísmo (em Hebraico, ‘Bem Adam’) que significava simplesmente “alguém que tinha a natureza humana’’ e é usada 88 vezes no Novo Testamento. Ai surge a pergunta: Por que era necessário que Jesus fosse plenamente homem?

1. Para possibilitar uma obediência representativa e um sacrifício Substitutivo.
Foi Adão, um Homem, que desobedeceu a Deus e entregou o domínio da Terra nas mãos do Diabo (Gn. 3.1-24). Vemos isso nos paralelos entre a prova de Adão e Eva no jardim (Gn. 2.15, 3.7) e a Tentação de Jesus no deserto (Lc. 4.1-13). O apóstolo Paulo também faz um claro paralelo entre os dois “Adões’’, um que desobedeceu e outro que triunfou em obediência: “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio à graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos” (Rm. 5.18-19). Paulo chama Jesus de “o último Adão” (I Co. 15.45) e de “segundo Homem’’ (I Co. 15.47). Se Jesus não fosse plenamente homem, não poderia ter feito um sacrifício perfeito substituindo o homem pecador (Hb. 2.16-17).

2. Para ser o único mediador entre Deus e os Homens.
Uma vez que a humanidade estava alienada de Deus por causa do pecado, precisávamos de alguém que se colocasse entre Deus e nós e nos representasse diante dEle. E para cumprir essa função, Jesus precisava ser plenamente homem e plenamente Deus (I Tm. 2.5).

3. Para Cumprir o plano Original do Homem de dominar a criação.

O homem, por conta do pecado, não conseguiu cumprir plenamente esse mandado divino (Gn. 1.26-28). Jesus Cristo como Homem, recebeu “toda autoridade nos céus e na Terra’’ (Mt. 28.18).

4. Para ser nosso exemplo.

A Bíblia nos admoesta a vivermos da mesma forma que Jesus viveu (1 Jo. 2.6). Cristo nos deixou um exemplo para que possamos seguir seus passos (1Pe. 2.21)

5. Para ser nosso Sumo Sacerdote.

Cristo pode nos socorrer naquelas mesmas coisas que Ele sofreu enquanto estava aqui na Terra (Hb. 2.18, 4.15-16). Ele sofreu “na pele’’ e, por isso, por experiência própria, sabe o que passamos e nos ajuda em momentos de dor e de crise.

Vamos agora analisar a divindade de Jesus. Será que Jesus era Deus enquanto estava na Terra, ou Ele deixou de ser Deus por 33 anos?

Existem vários textos nas Escrituras que chama a Jesus claramente de Deus. Textos como: Jo. 1.1, 1.18, 20.28; Rm. 9.5; Tt. 2.13; Hb. 1.8 e II Pe 1.1.

Um dos textos mais conhecidos sobre a Encarnação de Cristo, Isaías 9.6, que diz que o menino que nascerá será o “Deus forte’’, indicando que mesmo como um “menino’’ Ele ainda seria Deus…

Outra forte prova da Divindade de Jesus é o uso da palavra KYRIOS (SENHOR) no original grego, palavra essa que os Judeus usaram na LXX para traduzir o Tetragrama YHVH das Escrituras Hebraicas. (Lc. 2.11, 1.43). Muitas vezes, os Escritores do Novo Testamento aplicam a Jesus passagens que claramente se referem a YHVH no Antigo Testamento, deixando bem claro que o Jesus do Novo Testamento é o YHVH do Antigo Testamento (lembrando que a Trindade é indivisível!). Podemos facilmente observar isso se compararmos Mt.3.3 com Is. 40.3, Sl. 110.1 e Mt. 22.44.

Várias vezes vemos Jesus se referindo a si mesmo como o “EU SOU’’ (no grego ‘Ego Eimi’). Essa expressão era a mesma que os Judeus usavam no Antigo Testamento em Grego para também traduzir o Tetragrama. Em Jo. 8.58, Jesus usa essa expressão, e os judeus ficaram escandalizados ao ponto de tentar o apedrejar, pois na visão deles nenhum homem poderia blasfemar dizendo que era Deus! Ou seja, os fariseus entenderam direitinho o que Jesus queria dizer. Colossenses 1.19 nos diz que “nele reside toda a Plenitude’’ e em 2.9 que “nele habita corporalmente Toda a Plenitude da Divindade’’.

Uma das expressões mais marcantes e que demonstra a Divindade de Jesus é o título “Filho de Deus’’. Essa expressão é usada mais de 50 vezes no Novo Testamento, sendo que na maioria com o artigo “ho’’ (o, em português) na frente, demonstrando uma exclusividade no uso do termo. (Jo. 1.34, 1.49, 11.27, Jo. 20.31, At. 9.20). Em Jo. 10.30-36, Jesus deixa os judeus extremamente irritados, pois Ele diz que é Filho de Deus, e os judeus, como conheciam o contexto da expressão, sabiam que Jesus estava dizendo que também era Deus, pois somente Deus poderia ter a natureza de Deus!

Mas, poderíamos perguntar: “o texto de Filipenses 2.5-7 não fala que Cristo se esvaziou de sua Divindade enquanto estava na Terra?

Pelo contexto das Escrituras, vemos que isso seria impossível. A Natureza Divina é aquilo que Deus é, é sua essência! O que faz Deus ser Deus é sua NATUREZA! Se em algum momento, Deus deixar de ter essa natureza, isso significa que Ele deixou de ser Deus. E, biblicamente, Deus é imutável, ou seja, não pode mudar em sua natureza e perfeições! Por exemplo, em Malaquias 3.6 Deus afirma: “Porque eu, o SENHOR, não mudo” (Nm 23.19; I Samuel 15.29; Isaías 46.9-11 e Ezequiel 24.14).

Tiago 1.17 ensina também a imutabilidade de Deus: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”. Se Deus mudar em sua Natureza, ele mostra não ser perfeito, e, por conseguinte, deixaria de ser Deus. Outro ponto que deve ser observado é que Deus é uma Trindade, ou seja, uma Unidade Plural (Dt. 6.4). Ele é e sempre será uma Trindade. Pelo que aprendemos da imutabilidade de Deus, ele sempre é e será uma Trindade! Ele não pode mudar! Se por 33 anos Jesus tiver deixado de ser Deus, por 33 anos a Trindade virou uma “Diedade’’, ou seja, apenas dois membros! E se isso aconteceu, por conseguinte, Deus deixou de ser Deus, uma vez que deixou de ser quem Ele sempre foi!

Voltando ao texto de Filipenses, em nenhum momento o texto fala que Cristo se esvaziou de sua Divindade. Na verdade, o texto não diz DE QUÊ ele se esvaziou, mas de COMO Ele o fez! Ele o fez deixando a sua glória e vindo a Terra como um servo! Pelo contexto, vemos claramente que ele fala que Cristo abriu mão de sua condição e privilégios que possuía no céu: ele “não julgou como usurpação (algo a ser agarrado à força) o fato de ser igual a Deus (no grego, ‘isa Theo’), mas “esvaziou-se’’ ou “humilhou-se’’ por nós e passou a viver como Homem! O texto de Jo. 17.5 corrobora esse pensamento quando fala que Cristo abriu mão de sua glória que Ele tinha com o Pai antes de vir a Terra! O nosso amado irmão Kenneth Hagin, um dos precursores da Mensagem da Fé, defendia a Divindade de Cristo enquanto ele estava na Terra, e chegou a escrever algumas vezes sobre isso.

Em “Alimento da Fé’’ referente ao dia 18 de Dezembro, ele escreveu: “Esse ser eterno é Deus! Possui a mesma natureza de Deus Pai. Existe na mesma forma e possui o mesmo poder de Deus (Fp. 2.6). Esse ser se tornou carne! O verbo se tornou homem e habitou entre nós. Ficou sendo humano, tão homem como se nunca tivesse sido outra coisa, mas não deixou de ser Deus.” Em ‘’Ele concedeu dons aos Homens’’, páginas 19 e 20 ele declara: “Jesus jamais deixou de ser Deus, mas escolheu descer a este mundo como homem e ministrou sob o poder e a unção do Espírito Santo”. Em outro trecho do mesmo livro ele assegura que Jesus era o eterno Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade. Mas quando Ele veio para a terra ele esvaziou a si mesmo de todos os privilégios divinos (Filipenses 2.5-8) e ministrou como homem.

Ao tomar sobre si a natureza humana, Jesus escolheu deixar de lado o exercício independente dos Seus poderes divinos. Em nenhum momento Jesus deixou de ser Deus, mas Ele operou como um homem ungido pelo Espírito Santo. Podemos entender isso um pouco mais constatando que Jesus, antes de Sua encarnação, existia co-igualmente e co-eternamente com Deus o Pai, e com Deus o Espírito Santo. Ele compartilhava com Eles todos os privilégios da Deidade, tais como onisciência (saber todas as coisas), onipotência (ser todo-poderoso), e onipresença (estar em todos os lugares ao mesmo tempo). Mas quando Jesus se tomou o Bebê de Belém, Ele era Emanuel, que significa “Deus conosco”. Ele era Deus manifesto em carne. Ele nunca deixou de ser Deus, nem perdeu Sua divindade, mas Ele deixou de lado certos privilégios da Deidade e restringiu-se a Si mesmo em certas limitações humanas”.

Diante de tal exposição, da mesma forma como fizemos com a natureza Humana de Cristo, podemos fazer a pergunta: Por que era necessário que Jesus fosse Deus?

1. Somente alguém que fosse Deus infinito poderia arcar com toda a penalidade de todos os pecados de todos os seres humanos de todos os tempos. Nenhuma criatura finita teria condições disso.

2. A Salvação vem do SENHOR (Jn. 2.9). Toda as Escrituras deixam claras que nenhum ser humano, nenhuma criatura, jamais conseguiria salvar o Homem.

3. E, como já explicamos acima, somente alguém que fosse Deus e Homem poderia ser satisfatoriamente um mediador perfeito entre a Divindade e a Humanidade (I Tm. 2.5).

Ao final dessa postagem, devemos salientar que não temos como entender plenamente como alguém pode ao mesmo tempo ser Deus e homem, tanto é que esse fato único é chamado nas Escrituras de Mistério… Mas, não devemos suprimir uma parte ou outra da verdade, pelo simples fato de não conseguirmos explicar ou entender tudo. Como bem disse o apóstolo Paulo, ‘’conhecemos em parte’’(…) mas quando vier o que é perfeito, então o conheceremos como somos conhecidos (I Co. 13.9, 12).

Outra coisa importante a se observar é que a Igreja de Cristo, em seus quase dois mil anos de existência, mesmo com suas dificuldades de expressão, sempre defendeu as duas naturezas de Cristo, sendo que, até concílios Universais já foram convocados para tal discussão. Logicamente, não nos baseamos em concílios, mas nas Escrituras Sagradas, mas como a verdade nunca é nova, temos além de bases Escriturísticas, também históricas para defender a dupla natureza daquele que a teologia antiga chamava de “Theantropos’’, o Deus-Homem! Espero que você tenha sido abençoado!

4 Comentários

  • É como diz o apóstolo Paulo, mistério… EU creio, não tenho dúvida, é motivo para me alimentar mais espiritualmente e procurar desvendar os mistérios de DEUS com o auxílio do ESPÍRITO SANTO que JESUS Cristo prometeu para os que crerem. LOUVADO seja o senhor nosso DEUS e Pai, o Filho e o Espírito Santo ” amém “

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  • Sem dúvidas muitos não entendem essa verdade divina. De um Deus que ama a tal ponto que morre originalmente por todos nós para nos salvar amem Jesus. .

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  • Muito esclarecedor este artigo. Aprendi muito e confesso que ficava meio confusa com isso!

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