
Professor do Centro de Treinamento Bíblico Rhema
Imagine que agora você não precisa mais de dinheiro, pois já possui toda a fortuna do mundo. Você só precisa escolher três coisas que gostaria de ver acontecendo até o fim do ano.
Algumas das suas escolhas não têm a ver com você. Muitos de nós pensaram em um carro, sucesso financeiro, realização profissional… Mas qualquer pessoa pode fazer isso. O ímpio também sabe sonhar, desejar e criar expectativas sobre coisas que deseja possuir. No entanto, existe uma vida sobremodo excelente que só o justo sabe viver: a vida descrita em Atos 20.35 que diz “(….)Mais bem-aventurado é dar do que receber”. Ou como descreve Mateus 6.33: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, e todas as demais coisas lhes serão acrescentadas”.
Quero convidá-lo a viver uma vida mais elevada. A seguir a carreira que o Senhor tem para nós. A viver não tendo a bênção de Deus como objetivo, mas a vontade de seu Pai como alvo. E, enquanto você cumpre a carreira que existe para a sua vida, bondade e misericórdia o acompanharão.
Estou falando de uma vida na qual você se responsabiliza por cumprir a vontade do Senhor e Ele mesmo se responsabiliza por seus assuntos. Uma vida na qual você cumpre com intensidade e força tudo aquilo que Ele sonhou quando o planejou.
“E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (Lucas 4.17-21).
Jesus, no início de Seu Ministério, anuncia a razão pela qual veio à terra. Não foi para dividir o calendário entre “antes e depois de Cristo”, para fazer fama ou viver para Si. Jesus veio para produzir algo significativo na vida de alguém: cegos passaram a ver, presos foram libertos. Jesus fazia isso porque essa é a essência da vida Cristã. Não viver para nós mesmos, mas para os outros.
Quando Deus escreveu planos acerca de nossas vidas, Ele não tinha como objetivo um carro, uma casa ou muito dinheiro na conta. Deus pensou além. Afinal, ter muito dinheiro na conta é pouco para quem tem o próprio Senhor habitando dentro de si. O plano de Deus prevê o sucesso, não só como os olhos do mundo veem, mas pela prática dos princípios dos céus. Enquanto somos bons advogados, curamos enfermos. Enquanto somos bons médicos, expulsamos demônios. Enquanto somos bons mecânicos, restauramos também casamentos e não apenas carros. Deus nos chamou para sermos resposta a muitas pessoas que estão orando. Somos resposta a uma geração caída, para levarmos vida aonde formos.
“Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai”(João 10.18).
Jesus não estava na terra por imposição do Pai, mas de forma voluntária, por entender a grandiosidade do propósito para a Sua vida. Muitas vezes, estamos esperando uma carta convite do pastor presidente ou uma mensagem no WhatsApp nos chamando para algo. Mas não precisamos de uma convocação de homens, quando temos uma convocação celestial. Deus nos chama a não termos os nossos próprios planos, mas a dizermos “Queimo a minha vida por uma razão maior. Faz em mim a Tua vontade!”.
Um dia, esta igreja era apenas uma planta-baixa. Eu lembro de vir aqui há, aproximadamente, 10 anos e ver uma maquete desse prédio. Quando olhamos o que temos hoje, nada mais é, do que um projeto que saiu do papel e se manifestou na realidade.
Talvez você pense “Um dia, eu tive um projeto. Um dia, eu tive um plano”. Mas nenhum plano sai sozinho do papel. Salmos 139.16 diz que Deus escreveu cada um de nossos dias, como alguém também precisou escrever e criar a planta deste prédio. Mas até que a estrutura fosse levantada, pessoas precisaram doar de seus recursos, trabalhar, escavar… Assim como esse lugar não se levantou sozinho, a carreira que Deus tem para nós não acontecerá de forma automática. Para que aquilo que Ele planejou se manifeste, precisamos atender à convocação d’Ele.
Precisamos decidir que não queremos simplesmente viver, mas queremos deixar uma marca positiva. Um dia, divagando em minha mente, pensei em quantas pessoas viveram depois de Adão e Eva? Bilhões? O fato é que pouquíssimas pessoas são lembradas. E isso acontece porque a maioria de nós simplesmente vive, seguindo o curso da aula de ciências: nascer, crescer, se reproduzir e morrer.
Deus não o chamou para ser esquecido, mas para criar uma história. Para tanto, precisamos deixar de viver como o mundo vive e assumir uma vida de comprometimento com os céus.
“E era trazido um homem que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam”(Atos 3.2).
Chama-me a atenção quando vejo que, todos os dias, o homem coxo estava na porta do templo pedindo esmola. Uma das coisas que o judeu faz é respeitar a tradição. Se era hora da oração, isso tinha que ser seguido. Logo, muitas pessoas estavam passando ali, por se tratar da hora litúrgica para orar. Continuemos:
“O qual, vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola. E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós. E olhou para eles, esperando receber deles alguma coisa. E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram. E, saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e saltando, e louvando a Deus” (Atos 3.3-8).
Aquele homem era coxo de nascença. Não apareceu ali de uma hora para outra. Mas muitos passaram por ele e poucos se importaram. Os que, enfim, se levantaram em compaixão foram a resposta de Deus.
Muito se fala em fé, mas a compaixão e o amor destravam o poder. Pedro e João foram movidos por algo maior, por um sentido além deles mesmos.
Eu oro para que não sejamos como Marta, sempre atarefada, mas que passemos em frente aos doentes e eles sejam curados, para que casamentos sejam restaurados através da influência que parte de nós. Para que levemos vida aonde formos.
“E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar” (Lucas 10.30-35).
Os dois homens que primeiro passaram pelo homem de Jerusalém, eram diretamente envolvidos com a obra do Senhor. Mas Jesus mostra que eles não agiram como Deus agiria. Um samaritano, mestiço, de quem não se esperava algo, foi de onde veio o socorro. O Senhor sabe que existem demandas nesta terra que precisam ser atendidas. Mas, por muito tempo, nós estávamos cuidando de nossos interesses. Por isso, hoje, vemos outras religiões dominando os projetos sociais em hospitais, presídios e tantos lugares. Isso precisa acabar. Vejo, pela fé, que não haverá mais buracos e lacunas para ninguém preencher porque o povo de Deus assumirá o seu lugar.
Pedro e João foram resposta porque se compadeceram. O Bom Samaritano foi resposta porque se compadeceu. O próprio Jesus foi resposta a dois cegos, porque, antes de curar, foi envolvido em compaixão (Mateus 20.30). Deus nos chama a sermos resposta também. Com o nosso tempo, com os nossos recursos, de alguma forma, nós devemos nos importar com cada um.
“E aconteceu que, no dia seguinte, ele foi à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos dos seus discípulos, e uma grande multidão; E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o que fora defunto assentou-se, e começou a falar”(Lucas 7.11-14).
Jesus poderia ter deixado os mortos enterrarem os seus mortos. Mas Ele não vivia para os próprios interesses. É assim que precisamos viver. Parando as nossas agendas, se preciso for, para sermos resposta na vida de outras pessoas. Passando por alguém e voltando ao ver um semblante triste no rosto dessa pessoa. Não de forma forçada, mas porque nos importamos.
Há uma passagem na qual Jesus diz: “Pai, se possível, aparta de mim este cálice”. Não sabemos o que Deus respondeu, mas sabemos que Ele não mudou de ideia. Algo, por sua vez, mudou em Jesus. Ele não mais contemplou as pressões, mas a alegria que estava por vir.
Só vale a pena viver se for para mudar a vida de pessoas. Se formos as respostas para o clamor de tantos, Se formos os que tiram a roupa do próprio corpo para suprir a necessidade de quem precisa.
Lembro de quando eu larguei tudo para fazer o Seminário. Eu estudava Engenharia, trabalhava com robôs, tinha muitos sonhos. Quando retornei à minha cidade, com um salário menor do que eu tinha, me afligi. Deus então me disse: “Você está olhando para o lugar errado. Enquanto olhar para o que não tem, permanecerá triste”. Uma chave virou para mim. O mundo busca dinheiro, mas nós buscamos vidas. Hoje, nada paga o que recebo ao ver pessoas restauradas e abraçar as crianças atendidas no projeto “Hahaha!”.
“E alguns dias depois entrou outra vez em Cafarnaum, e soube-se que estava em casa. E logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos lugares junto à porta cabiam; e anunciava-lhes a palavra. E vieram ter com ele conduzindo um paralítico, trazido por quatro. E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava, e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico. E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados” (Marcos 2.1-5).
Aqui vemos quatro amigos, quatro pessoas com uma coisa em comum: o paralítico. Eles precisaram parar tudo o que faziam, porque pensaram “Hoje é um dia que pode mudar a vida do nosso amigo”. Quantos de nós estão prontos para mudar os planos e ajudar alguém?
Aqueles amigos fizeram isso, mas não saiu como eles imaginavam. Eles não conseguiram passar pela porta. Na hora da dificuldade, eles poderiam dizer “Olha, nós bem que tentamos!”. Mas aqueles homens estavam comprometidos em ir até o fim. E partiram para o teto.
Quatro homens saudáveis. Quatro homens que não precisavam fazer aquilo em troca de nada para eles mesmos. Mas eram quatro homens que sabiam o valor de uma amizade. E o interessante é que Jesus não foi tocado apenas pela fé do enfermo. A Bíblia diz “vendo a fé deles”, no plural. Aquele paralítico teve a vida mudada pelos amigos que estavam ao seu redor.
É isso que é ser crente, que é ser Corpo. Entender que cada um tem habilidades e uma carreira para cumprir. Talvez você não tenha tempo para estar em todos os projetos, mas tem recursos que podem ser investidos. Talvez você não tenha dinheiro, mas tem as suas redes sociais e pode compartilhar. Alguma coisa você tem. O que você não pode ter é desculpas.
Quero que você saia daqui disposto a cumprir a sua carreira. Diga sim para o chamado de Deus para a sua vida. Uma imagem de quebra-cabeça só fica completa quando todas as peças se encaixam e assim acontece no Corpo de Cristo. Que cada um de nós queime a sua vida para viver os planos de Deus.