Mízia Elian
Professora do Rhema

“Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação. Mas, se eu ignorar o sentido da voz, serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala será bárbaro para mim” (I Coríntios 14.10-11).

Temos vivido em um tempo, como em nenhum outro, em que tantos têm erguido as suas vozes acerca de assuntos e “verdades” que conhecem de maneira frágil e superficial. Pessoas diversas com pouca ou muita idade, camuflando seus rostos em filtros de instagram, discorrendo acerca de assuntos que ouviram de outros tantos sem experiências nem profundidade no que falam. Falam a partir de pesquisas rasas e enviesadas, reverberam vozes malignas e intencionalmente projetadas para ecoar mentiras e implantar caos, distanciando as pessoas de Deus. 

Nunca houve tantos “especialistas”, “conhecedores” e “mestres” com tanto volume na voz e tão poucos frutos na vida.

Mas qual a problemática apresentada até aqui? Há alguma coisa errada em achar escuridão nas trevas, mentira entre os que andam em pecado ou caminhos tortuosos entre aqueles que andam perdidos? Não, não há nada novo em todas as atrocidades e inverdades que estamos vendo e ouvindo até aqui. Desde os tempos de Enoque a maldade se multiplicava (Gênesis 6) e a escuridão cobria a terra. O problema aqui não é o mundo gritar suas mentiras, o problema é a Igreja — a voz profética de Deus para esta geração — não bradar as verdades do Reino. O problema então não é o mundo gritar, o problema é a Igreja não bradar. 

A Bíblia, em Lucas 3.4, fala acerca de João Batista, a voz que clamava no meio do deserto, uma voz que não só clamava/anunciava, mas preparava algo enquanto falava: preparava o caminho do Senhor, endireitava as veredas (endireitar, do original: poieo – construir, formar, modelar, causar, fazer algo a partir da palavra falada).

A voz profética liberada tem o poder não só de anunciar o futuro, verdades contidas no coração de Deus, mas tem o poder de criar o futuro, preparar caminhos e causar mudanças como em Lucas é anunciado: “…endireitando veredas”.

A profecia é uma carta de amor de Deus aos homens acerca do futuro, anunciada no presente com o objetivo de transformá-lo.

Em Ezequiel 37, o Senhor conduz o profeta a um vale de ossos secos, um ambiente bem diferente daquele acolhedor e tão inspirador de nossas igrejas. Naquele ambiente sujo e inóspito, Deus o instiga a causar mudanças, mexer com o ambiente, trazer luz ao caos. Como o profeta faria isso?. “Dize-lhes, fala a estes ossos; ouvi a Palavra do Senhor”. Ele entra em parceria com Deus e libera a voz profética em um ambiente sem vida e assustador. 

Diferentemente de como alguns de nós pensamos, a profecia não deve ser coisa restrita às igrejas e aos crentes contidos nela. A profecia, como o exemplificado naquele vale, traz vida aos mortos, restauração e esperança de renovar as histórias já encerradas. Quando uma profecia é liberada em meio a uma geração descrente e perdida, haverá convencimento, tesouros e propósitos do coração das pessoas serão liberados e elas se voltarão para Deus. 

É isso que o apóstolo Paulo anuncia em I Coríntios 14.24-25:

“Mas, se entrar algum descrente ou não instruído quando todos estiverem profetizando, ele por todos será convencido de que é pecador e por todos será julgado,e os segredos do seu coração serão expostos. Assim, ele se prostrará, rosto em terra, e adorará a Deus, exclamando: ‘Deus realmente está entre vocês!’”.

Quando o profeta Samuel se encontra com Saul, é exatamente isto que ele faz: libera uma profecia que revela segredos escondidos no seu coração (I Samuel 9,19-21). Verdades que, para Saul, até aquele momento, não pareciam prováveis; existiam tesouros em seu coração colocados pelo próprio Deus que estavam escondidos no meio das mentiras e baixa autoestima. O profeta estava “escavando ouro no meio da lama”, revelando propósitos, desfazendo mentiras e mudando pessoas por meio da profecia. A mulher à beira do poço encontrou-se com o profeta Jesus, fora dos templos, em um lugar onde costumava ir, e lá ouviu verdades que trouxeram convencimento sobre as realidades do Reino. Tesouros do seu coração foram revelados, uma cidade foi transformada e as pessoas agora, antes perdidas, passaram a adorar a Deus. 

A luz de Cristo sobre a Igreja não é um segredo a ser escondido, mas, sim, a ser revelado: ninguém esconde uma lamparina debaixo da cama (Romanos 8 – A Mensagem). 

Há muitas décadas, quando ainda não havia eletricidade nas casas e nas ruas, havia uma profissão desconhecida para muitos de nós hoje: eram homens acendedores dos lampiões espalhados nas ruas. Para muitos, antes deles, a noite era hora de trancar-se na segurança de suas casas e aguardar a luz vindoura do dia seguinte. Mas, com a chegada deles, os lampiões nos postes improvisados eram acesos, como se gritassem: “já são 6 horas!”, anunciando a chegada da noite e, com ela, a esperança de não mais ficarem trancafiados com medo dos seus percalços.

Como aqueles acendedores, hoje somos a voz que anuncia a esperança a um mundo perdido, a Voz profética de Deus, de amor e vida que diz: “A luz chegou, venham, saiam de suas prisões e sejam abençoados pela luz”. 

A Bíblia diz que “a natureza aguarda com grande expectativa a manifestação dos filhos de Deus” (Romanos 8.19). Agora a pergunta é: onde estão os filhos de Deus, onde podemos ouvir as suas vozes? Apenas dentro das igrejas fechadas? Ou nas universidades, escolas, repartições públicas, na política, nos becos, vielas e bairros nobres? Chegou a hora de nos levantarmos em ousadia e anunciar a carta de amor de Deus aos homens onde quer que eles estejam. 

 “Que grandes coisas Deus tem feito!’. Vejam, um povo está se pondo em pé, como um leão, o rei das feras, atiçado. Incansável, infatigável até que sua caçada acabe e coma e beba até ficar saciado” (Números 23.24 – A Mensagem).

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