Recentemente o departamento de Jovens fez uma seleção para admitir pessoas que pudessem cooperar com seus talentos na música. Estávamos precisando de pessoas que soubessem tocar instrumentos e outros que pudessem compor o back vocal. Não foi surpresa para nós que entre os 15 inscritos para a seleção, somente 3 eram homens, dos três homens inscritos somente um compareceu. No time das mulheres, somente uma havia desenvolvido habilidades para tocar algum instrumento, o restante somente se interessava em cantar.
Dentre muitas perguntas feitas antes de pedir para que cantassem, uma delas era a minha favorita: “Você tem certeza em seu coração que Deus te chamou para ministrar música?”. Todos eles nos responderam com um “Sim”.
Alguns deles ainda nos disseram ter recebido o chamado desde o ventre, ou mesmo alguém que ainda na infância, os tenha dado uma palavra falando sobre seu ministério com o louvor. A pergunta que se seguia era esta : “Você já estudou em alguma escola de música, ou já fez algum curso antes?”. A resposta era quase sempre “Não”.
Somente 3 das 15 pessoas inscritas haviam feito algum curso ou estudado música algum tempo. Realmente não posso dizer que aquele relatório nos animou. Isso me lembrou a parábola dos talentos que está em Mateus 25, em que um senhor por ter de viajar para outro país pede aos seus servos que fiquem com seus talentos, ele reparte diferente número de talentos com os servos:
“E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.” (Mateus 25.15)
O texto fala que depois de um tempo o senhor volta e pede de volta os talentos que havia entregue a seus servos, mas é curioso que o senhor não se agrada do servo que devolve simplesmente o talento como havia recebido e chama este servo de mau e negligente:
“Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?” (Mateus 25.24-26)
Sei que a grande maioria das pessoas que atenderam a seleção, realmente havia recebido do senhor um dom ou talento para cantar, o que na faculdade costumamos chamar de dom natural que é uma habilidade de trabalhar com alguma ferramenta de maneira melhor do que outra pessoa, mas sem nem mesmo ter conseguido aquilo por um preço. As pessoas que tem este “talento natural” tem em si uma facilidade de realizar certas tarefas até com mais facilidade do que outros, e isto não foi conseguido pelo estudo, mas, foi dado pelo Senhor, é uma facilidade ou um olhar sobrenatural dado ao homem.
Vejamos este texto:
“Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo. Por isso diz:Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro,e deu dons aos homens.” (Efésios 4.7-8)
A palavra fala que os dons foram dados por Cristo para a edificação do corpo. Agora voltando ao assunto da seleção:
Notei que as pessoas que haviam se dedicado ao estudo eram aquelas que menos haviam recebido talentos naturais para o serviço do louvor. Isto não é ruim, pelo contrário, é uma boa coisa, já que o Senhor repartiu dons ou talentos e espera que os multipliquemos, o fato é que aquelas pessoas que aparentemente haviam recebido talentos para exercer bem a função de ministros de música, haviam se dado por satisfeitos, e agora somente se apoiavam no talento natural, isto é muito triste!
O Senhor nos deu dons, mas espera que os multipliquemos, ainda mais porque o dom que recebemos não vem totalmente lapidado, talvez ele venha com indicações de grandeza e beleza, mas está passível a ser melhorado, polido, descoberto e trabalhado, para não somente ser algo vindo do Senhor gratuitamente e devolvido a Ele, precisamos não somente trabalhar no dom que recebemos, mas também investir neste ao ponto de conseguir outro.
Não é porque se canta bem, que não se pode cantar melhor! Ou mesmo descobrir que se é capaz de não somente cantar, mas tocar também. Não se pode apoiar-se no que se recebeu gratuitamente pelo Senhor, há de se ter uma consciência de que, por ter recebido um talento, temos nele também uma cobrança do Senhor para multiplicá-lo.
“A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.” (Lucas 12.48)