
Professora do Centro de Treinamento Bíblico Rhema
É importante sermos referenciais em nossa família.
Meus pais conheceram a Palavra em outro ministério, mas meu pai tem uma história muito particular, da qual pouco compartilha. A verdade é que a minha família é um milagre.
Quando eu tinha três anos, minha mãe estava grávida da minha irmã e descobriu que havia mais duas mulheres também grávidas do meu pai. Tenho dois irmãos que nasceram no mesmo mês e outro no mês seguinte. A chance de sucesso era mínima, mas o ministério de Deus alcançou minha casa. Minha mãe foi instruída a perdoar, e meu pai, ao se arrepender, começou a demonstrar mudança por meio de suas atitudes. Nossa família foi restaurada e, hoje, vive na presença de Deus.
Antes disso, meu pai levava uma vida centrada em seus próprios prazeres, distante de Deus. Quando nossa família encontrou a Palavra, ele se aproximou de um pastor, tornando-o seu referencial. Porém, com o tempo, descobrimos que esse homem estava em adultério com uma mulher da igreja. Eu era criança, mas lembro disso até hoje. Isso abalou profundamente a estrutura da nossa fé, até que ouvimos falar de um americano ministrando em Campina Grande. Minha mãe começou a acompanhar suas pregações, e foi essa referência de integridade e verdade que sustentou nossa família. Enquanto o referencial anterior cedeu à mesma fraqueza que meu pai enfrentava, Deus nos apresentou alguém que vivia o que pregava. Não fosse por isso, talvez eu nem estivesse aqui hoje.
Devemos ser antes de falar
O Senhor nos chamou para ser referencial em nossa casa. Precisamos ser referência. Devemos ser antes de falar. Quando dizemos que somos antes de ser, o efeito é contrário. A frase “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” não funciona dentro do lar. Os de fora podem não conhecer quem você é, mas os de casa sabem exatamente. Podemos aparentar algo no trabalho ou na rua, mas em casa somos conhecidos de verdade.
No meu coração há uma palavra: não desista, alguém está observando você. Dou graças a Deus pelo Pastor Bud. Somos referências tanto para quem está dentro quanto fora de casa. Muitos tentam construir um estereótipo de referência, mas os que convivem de perto sabem quem realmente somos. Precisamos ser, para então nos tornarmos referência.
Às vezes, sentimos a necessidade de puxar os outros para o nosso nível, provocando mudanças com insistência ou críticas. Muitos pais pressionam os filhos dessa forma. Mas a maior inspiração que alguém pode ter é observar a transformação na vida de quem está ao lado. O maior exemplo é o que é vivido, não o que é exigido. Quando você faz sua parte, com o tempo os outros ao redor começam a seguir seu exemplo.
Seja um referencial
Deus nos chamou para sermos referenciais, mas isso começa em nós. Se não nos concentrarmos em ser abençoados para abençoar outros, acabamos frustrados. Fomos chamados para viver por Ele e para Ele. Pastor Bud foi esse referencial, e isso nos marcou profundamente.
Muitas vezes, gastamos energia tentando fazer com que o outro seja de determinada forma, sem perceber que nós mesmos não estamos sendo. Nos preocupamos se o cônjuge está lendo a Bíblia, sem notar que nós mesmos não estamos. A maior influência que podemos exercer é simplesmente ser. Ame o Senhor acima de todas as coisas. Tenha um relacionamento genuíno com Deus. Aqueles ao seu redor serão naturalmente inspirados a seguir o mesmo caminho. Quando transbordamos graça e inspiração, isso se torna visível e impacta a vida dos outros.
O Espírito Santo diz hoje: não pare. Primeiro é sobre você – seu relacionamento, sua experiência com Deus. Mas não é só sobre você. Há pessoas observando você em silêncio, esperando para ver como reage, como ora, como age. Principalmente dentro de casa, cada gesto e escolha é observado.
Jesus é nosso primeiro modelo
Quero compartilhar algumas orientações para sermos referenciais ao nosso redor:
“O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco” (Filipenses 4:9).
Jesus é nosso primeiro modelo. Não é pela imposição que alcançamos corações, mas pelo exemplo. Não podemos esperar que os outros estejam animados se somos desanimados. Lembro-me da cena recorrente em casa: minha mãe limpava, preparava a mesa, trazia as Bíblias e canetas, e meu pai se sentava para estudar. Ele fazia isso não para pregar, mas porque era sua prática de vida. Recentemente, presenciei isso novamente enquanto estava na casa deles. As pessoas veem o Pastor Policarpo no púlpito; eu vejo o pai que ele é em casa.
Para minha filha, não sou a ministra Thatyane Brito. Sou apenas sua mãe. O que importa para ela não são seguidores no Instagram ou fama, mas se a mãe lê a Bíblia, se vive com coerência, se sabe ouvir, se erra e se levanta. O que tem valor em casa é o que vem de dentro.
“Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; Nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho” (I Pedro 5:2-3).
Como será sua vida em Deus?
Essa palavra é dirigida aos pastores, mas também pode ser aplicada à família. Somos os primeiros referenciais em casa. Em certos momentos, os pais influenciam os filhos; em outros, os filhos passam a influenciar os pais. Precisamos ser boas influências, inclusive através da gratidão. Cuide do rebanho que Deus te confiou – sejam filhos, irmãos ou pais.
“Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras” (Tiago 3:13).
“Pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que primeiramente habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti” (II Timóteo 1:5).
Aqueles que nos acompanham precisam ver e ouvir para, então, serem alcançados. Deus nos chamou, primeiramente, para sermos. Enquanto não formos o que devemos ser, os que estão ao nosso lado não serão tocados. Alguns pais querem que seus filhos sejam interessantes, mas sua própria vida com Deus é desinteressante. Um dia, os filhos buscarão aquilo que for mais relevante para eles. Como será sua vida em Deus?
Tenho ensinado em casa que nossa vida é uma aventura de fé. O mais importante é estarmos disponíveis para obedecer à voz de Deus. Não é apenas sobre falar, é sobre ser.
Quero encerrar com uma frase de Israel Subirá:
“Entre todas as pessoas que conheci no mundo, uma das mais interessantes foi meu pai”.
Por fim, viva uma vida interessante. Viva a aventura da fé. Desenvolva um relacionamento com Deus. Abra seu coração para que Ele torne sua vida interessante, e os que estiverem ao seu redor serão inspirados por quem você decidiu ser.