Há exatos 500 anos, o monge Martinho Lutero pregava nas portas do Castelo de Wittenberg as famosas 95 teses. Inconformado com a forma como a igreja havia adulterado os princípios e práticas Cristã condenando homens e mulheres à uma vida de religiosidade exacerbada, prega 95 teses que desejava debater com as autoridades cristãs.
Martinho Lutero rompeu com o sistema da época e iniciou uma revolução que causou a segunda divisão na igreja cristã. Antes haviam apenas Católicos Romanos ou Católicos Ortodoxos, agora, surge um novo grupo chamados de Protestantes. Atualmente, conhecidos também como Evangélicos – uma vez que baseiam suas doutrinas e crenças nos evangelhos.
Não era o desejo de Lutero romper com a igreja e criar uma nova. Ele queria apenas voltar ao evangelho puro e simples, como lia em seus estudos. De qualquer forma, anos mais tarde, a igreja católica vive a Contra Reforma, várias práticas são abolidas, os cleros se voltam para a Palavra de Deus e a sociedade passa a ter maior acesso à Bíblia. Lutero ganhou de todos os lados, ele não apenas reformou a Igreja Católica, como desejava, mas conseguiu que seus ensinamentos repercutissem por todo o mundo espalhando uma verdadeira forma de cristianismo: seguindo as verdades de Cristo.
Hoje, 31 de outubro de 2017, comemora-se os 500 anos da Reforma Protestante. Que possamos nos olhar como Igreja e nos enxergar naquele mesmo lugar do princípio da história Cristã. Justificados pela fé, com ações que glorifiquem somente a Deus, firmes na Graça, pregando nada mais que a Palavra e vivendo somente para Cristo.
HISTÓRIA
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (II Timóteo 3: 17-17 ARA).
Estas palavras foram usadas por Paulo, o apóstolo, para seu jovem discípulo Timóteo, mostrando a importância das escrituras sagradas, que, na época, eram apenas os escritos do antigo testamento. O novo testamento ainda não tinha sido concluído e também não tinha entrado para o Cânon, que só foi definido posteriormente no Sínodo de Cartago em 397 d.c.
Nestes versículos preciosos, podemos ver a importância da Palavra de Deus na vida do homem. E, para mim, a maior marca ou legado da Reforma Protestante foi a disponibilidade da leitura e do estudo das escrituras para todo crente. Uma Bíblia, hoje, em nossas mãos é algo comum, mas, ao longo da história da Igreja, nem sempre foi assim.
Logo depois que Constantino declarou o Cristianismo como a religião oficial do império em 313 d.c e a partir disso, teve início um sincretismo com o paganismo romano. Começamos a observar que a ambição pelo poder de muitos lideres religiosos só aumentou, tornando a igreja institucional um estado de declínio moral, no qual o mundo mergulhou em um período conhecido como Idade Média ou Idade das Trevas. Em tal período, o homem simples foi privado do conhecimento das escrituras por cerca de 1000 anos, se tornando um período obscuro e sangrento uma vez que qualquer um que se levantasse contra a autoridade do Papa (que estava acima de todos, estando apenas abaixo de Deus) era condenado como herege e queimado na fogueira da Inquisição.
Mesmo assim, no meio dessa baixa moral, ignorância do conhecimento e com o homem privado das escrituras e apenas acreditando que a autoridade do clero era a ” palavra final da vontade de Deus”, havia alguns homens que conseguiram ser uma espécie de elo entre a igreja primitiva e os ensinos de Jesus, de Paulo e dos apóstolos. Estes homens viviam na região do norte da Itália e eram chamados de Valdenses. Eles foram comerciantes e tinham que decorar textos das escrituras para poder pregar o Evangelho genuíno aos seus clientes. Muitas vezes, tinham apenas o conhecimento de fragmentos, pois o acesso à Palavra de Deus era restrito. Eles viviam em vales, faziam cultos em cavernas e também foram perseguidos e mortos nestas perseguições. Porém, Deus sempre teve um povo sincero no meio desse tempo; podemos destacar algumas pessoas importantes, como John Wycliffe na Inglaterra (conhecido como a Estrela da reforma), John Huss, na Boemia e Jerônimo Savanarola, em Florença na Itália.
Estes homens foram chamados de pré-reformadores, pois, em comum, não aceitavam a autoridade abusiva da igreja institucional e suas doutrinas absurdas, como a transubstanciação e venda de indulgencias. Eles se esforçaram para traduzir as Escrituras para suas línguas maternas, mas encontraram dificuldades, pois tinham que fazer de forma manuscrita suas cópias, dificultando em grande medida o trabalho. Tais homens foram condenados como hereges e queimados no fogo.
No entanto, Deus estava se movendo na humanidade, em torno de algo poderoso que estava por vir! Então, como o acordar de um sono milenar, veio o sentimento nacionalista entre os países da Europa, como Alemanha, Inglaterra, França, dentre outros. Vieram, também, o renascimento, fazendo com que houvesse a redescoberta de línguas como o grego e o acesso aos estudos em universidades; por fim, houve a invenção da imprensa com tipos móveis de Johannes Gutenberg em cerca de 1430 d.c. Estes três fatores contribuem para a Reforma Protestante, em que um monge agostiniano, chamado Martinho Lutero, cansado de uma vida vazia, descobriu, através das Escrituras, que O JUSTO VIVE PELA FÉ. A partir daí, incomodado por ver os abusos da venda de indulgências, afixou, nas portas da catedral de Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517, as 95 teses de sua descoberta, onde a autoridade das Escrituras se tornam mais importantes do que qualquer bula papal ou dogma humano. Justamente por conta da invenção da imprensa com tipos móveis, sua mensagem pode ser espalhada e lida por todos os homens simples em todos os lugares! Certa vez, a respeito disso, Lutero falou: “É como se os anjos pegassem e levassem nossa mensagem por todos os quatro ventos da terra”.
A partir daí, a humanidade volta a ter acesso à palavra de Deus, que, por anos, foi reprimida e trancafiada em bibliotecas nos longínquos mosteiros. A partir desse momento, há a abertura de universidades para ensino das Escrituras, como em Genebra e por toda a parte. É certo que continuaram a haver perseguições; porém, não havia mais como deter o que Deus havia iniciado, na Alemanha, naquele 31 de outubro de 1517. E muitos filhos queridos, como John Knox, na Escócia, William Tyndale, na Inglaterra, e outros mais estavam espalhando este mover do estudo das Escrituras, da compreensão da salvação pela graça mediante a fé e do sacerdócio santo de cada crente comum.
E a começar deste desvendamento e acesso a palavra de Deus, tudo começa a ser restaurado passo a passo. Vemos, logo depois, o rebatismo nas águas por imersão com os Batistas. Também vemos a restauração do evangelismo com poder, através de John Wesley. Tem-se conceito bíblico de Atos 2, com relação ao Batismo no Espírito Santo com a evidência de falar em outras línguas com Charles Parham e William Seymour, no movimento da rua Azuza. Também não podemos esquecer do movimento Voz da Cura nas décadas de 1940 e 1950. E, por fim, agora, temos o que chamam de movimento Palavra da Fé, que se iniciou com Kenneth E Hagin. Na verdade, sabemos que tudo isso é a obra do Espírito Santo, restaurando tudo, pela autoridade das Escrituras, ao ensino que se praticava na igreja primitiva, por Paulo, Pedro, João e todos os apóstolos, tendo Jesus como chave Hermenêutica (Efésios 2:20-22).
Para mim, me sinto feliz em poder saber que são 500 anos, onde Deus se moveu através da Reforma. Hoje, temos de volta a Bíblia em nossas mãos confiadamente e de forma legítima, sendo a eterna, santa e imutável Palavra de Deus. Este é o maior legado destes 500 anos da Reforma!
Texto: Armando Sena
APRENDA COM OS MESTRES



MARTINHO LUTERO
Lutero viveu a maior parte da sua vida em uma pequena cidade de Witteberg, no leste da Alemanha. A cada ano, em 31 de outubro é celebrado o Dia da Reforma. Foi nesta data, em 1517, que Lutero anunciou um debate universitário sobre indulgências. Iria discutir nada menos que 95 premissas ou Teses. E dizem que ele anunciou o debate pregando um aviso na porta desta igreja.
E isto, na história, tornou-se o início da Reforma. Então, o que era tão revolucionário nas ideias de Lutero? Ironicamente, sua inspiração! Com isso, toda a Reforma Protestante veio do mais importante teólogo do cristianismo católico – o bispo africano do quarto século, Agostinho de Hipona. Santo Agostinho disse que a Bíblia revelou um Deus todo poderoso, o único que decide o nosso destino depois da morte. Lutero, assim como Agostinho antes dele, interpretou o apóstolo Paulo como tendo dito que salvos do inferno, justificados não por quaisquer de nossas próprias boas ações, mas sim, por nossa fé em Deus. Agora, se isso é assim, então a Igreja não direito de mudar ou até mesmo influenciar o destino de um único ser humano. Vender indulgências era perverso e inútil.
Lutero foi lembrando às pessoas de que “a chave” para a salvação não se encontra nas mãos da Igreja, mas na Palavra de Deus. E isto pode ser encontrado na Bíblia. O problema era que muitas pessoas comuns não sabiam ler e nem escrever. Como eles poderiam encontrar a mensagem em um livro? Mas Lutero encontrou formas eficazes para contornar esse problema. Até seu tempo, muitas músicas tinham sido cantadas em latim, pelo o Clero e Coro. Lutero escreveu excelente hinos alemães para que todos pudessem cantar. Eles ajudaram a transmitir a mensagem da Bíblia. Em um documento da Igreja Católica afirmava assim: “Pior do que as suas pregações e muito mais perigosas são as suas canções. Não saem da nossa mente”.
Lutero não tinha pensamentos de abandonar a Igreja. Tudo que ele estava fazendo estava dando de volta a Deus o poder que era de Deus. Em seguida, ele observou a Igreja abandoná-lo. O Papa sentiu Lutero ameaçando a autoridade dada por Deus a Igreja. Então, um pronunciamento solene e papal o condenou. Lutero respondeu queimando-o. Durante a próxima década, este desafio aberto a antiga autoridade foi batizado Protestantismo. Mas, ao proclamar seu ponto de vista sobre a salvação, Lutero se arriscou à morte na fogueira. Ele não só estava desafiando o Papa, mas, o monarca mais poderoso da Europa – o sagrado imperador romano Carlos V. Há uma devota lenda em que Lutero diz ao imperador: “Aqui estou; não posso fazer outra coisa”. Bem, se ele não disse isso, ele deveria ter dito, pois isto captura a essência de seu desafio, e há um chamado que eu considero a coisa mais interessante sobre o protestantismo. Nós ficamos sozinhos com nossas consciências; não podemos fazer mais nada.
- Fim do Celibato clerical;
- Salvação exclusivamente pela fé;
- Livre interpretação da Bíblia, etc.
Mais precisamente em 1520, o papa Leão X, incomodado, escreveu um documento exigindo a retratação de Lutero, sob pena de sua excomunhão. Em praça pública, Lutero respondeu ateando fogo ao documento do papa, como disse anteriormente. Foi instaurada uma crise política na Alemanha. Lutero foi convocado a se retratar.
Quando chegou à Assembleia, Lutero foi apresentado a seus livros, expostos sobre uma mesa. Quando perguntado se os livros eram de sua autoria, respondeu que sim. Foi submetido à segunda pergunta: “Concordas com o conteúdo ali escrito ou quer se retratar?” Lutero, ressabido, pediu um tempo para responder. Foi lhe concedido prazo de 24 horas. No outro dia, Lutero respondeu: “A menos que possa ser refutado e convencido pelo testemunho da Escritura e por claros argumentos (visto que não creio no Papa, nem nos concílios, é evidente que todos eles frequentemente erram e se contradizem), estou conquistado pela Santa Escritura citada por mim. Minha consciência está cativa à Palavra de Deus. Não posso e não me retratarei, pois é inseguro e perigoso fazer algo contra a consciência. Esta é a minha posição. Não posso agir de outra maneira. Que Deus me ajude. Amém!”
Lutero se salvou da pena de morte (veio a morrer em 1546 de morte natural), mas foi excomungado. Estabeleceram-se as verdades bíblicas e o que cabe a cada um de nós na passagem dessa verdade para as próximas gerações. À igreja, cabe crer e confessar o evangelho, obedecer-Lhe, vivê-Lo, proclamá-Lo e defendê-Lo, estando disposta a sofrer por Ele e seguindo os reformadores que seguiram a Cristo.
Texto: Jam Carlos
MATERIAL COMPLEMENTAR

ÁUDIO
FILME
Um grupo de cristão se uniu para criar uma proposta interessante. O Projeto Reformadores lança hoje um filme curta metragem que retrata a história da Reforma, sua chegada no Brasil e a experiência atual. O Filme Reformadores estará disponível em breve e você poderá acessá-lo através do site do projeto. Para saber mais Clique aqui.
ALUMNI LIVE
Hoje também tem mais uma AlumniLive na Fanpage da Associação Alumni Rhema! Não perca, às 15h30 (horário de Brasília)! Serão grandes mestres falando sobre um grande assunto: A comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante!

2 Comentários
Shalom. Vcs do.ministério. verbo da vida. São. Uma. Bênção na minha vida. É na minha família
Que sentimento de gratidão nasceu em mim lendo tudo isso, impossível não se emocionar. Verdadeiramente passará céu e terra, mas as palavras do Senhor jamais passarão…