Marcos Honório Júnior (Campina Grande-PB)

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Sou Marcos Honório Júnior. O meu pai chama-se Marcos Honório. O fato de ter o mesmo nome dele, graças a Deus, nunca foi um problema. Na verdade, eu sempre gostei. Gostava de ser o herdeiro, essas coisas de famílias antigas. Agora, ser filho de pastor, não foi fácil. Não pelo meu pai, porque ele sabia dividir bem as coisas. Ele não me pressionava além da medida. Fui criado como cristão e nunca tive a opção de não ser cristão. Mas, eu não tinha a obrigação de ser o filho perfeito. No entanto, vejo que nem sempre as pessoas sabem dividir essas coisas. Imagina você querer fazer algumas coisas, que os outros adolescentes “normais” fazem, mas não poder porque é filho de pastor.  Então, tudo o que você faz é referendado pelo pai que você tem. E confesso: isso não é muito fácil. Sim, tive momentos que quis me revoltar, mas não me revoltei, até por consideração ao meu pai, porque eu sabia que ele era muito correto comigo. Tive a crise da adolescência, mas sem sair do convívio da igreja. Cheguei a me considerar um desviado dentro dela (risos). Calma, isso durou pouco, não foi uma fase muito intensa e nem fiz grandes bobagens. Mas a relação com a igreja nem sempre foi fácil.

Nasci na Zona Leste de São Paulo, em São Miguel, e foi lá que meu pai foi ordenado pastor. Na época, eu tinha apenas 5 anos de idade. Ele, inclusive, já tinha fundado uma igreja. A em que ele foi ordenado já era a segunda em que ele atuava. O ministério que fazíamos parte ordenava apenas pastores. Eu me lembro de algumas cenas da ordenação do meu pai. A igreja que fazíamos parte em Pinheiros era muito grande. Desde o inicio da minha infância estive envolvido na igreja.

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Meus pais, Marcos e Nice, são maravilhosos. Eles tiveram quatro filhos. Eu, o único homem, e três meninas. Somos todos envolvidos até hoje na obra do Senhor. Isso, por si só, já é uma vitória. Nenhum dos filhos deram tristeza ou escândalo para eles. Isso é um grande mérito deles. Meu pai é muito calado, mas “bem família” e, do jeito dele, sempre foi um bom pai. Muito cuidadoso conosco. Minha mãe é o oposto do meu pai. É barulhenta, se faz notar sempre (risos). Os dois me deram uma lição de abnegação em tudo. Abriram mão de tudo pelos filhos. Nunca se priorizaram. Não passávamos necessidades, mas também não tínhamos fartura.

Eu me lembro de minha mãe passar por dificuldades, por exemplo, com os móveis se deteriorando, mas ela não comprava novos, porque queria que nós estudássemos nas melhores escolas. Eles priorizavam a nossa educação. Isso, não esqueço! Na época em que o meu pai deixou o trabalho secular e se tornou integral no ministério, poucos o faziam. E, por isso, algumas coisas eram meio desequilibradas. Ele ficava com as “sobras” da igreja para nos sustentar.

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Passamos algumas dificuldades, mas, ainda assim, víamos o esforço dos meus pais para nos dar o melhor. Eles não abriam mão das nossas férias. Lembro-me de que passamos férias no sitio de um irmão da igreja. Não tínhamos muito, mas éramos felizes. O fato de ser o único filho homem tinha o lado bom, mas também tinha o ruim: acabei crescendo muito sozinho, sem um irmão para jogar bola, por exemplo.

Quando morava em São Paulo, ainda tinha um primo que brincava comigo, mas, aos sete anos fui morar no Rio de Janeiro. A partir dai, o meu pai era quem brincava comigo… Eu era o protetor das meninas, era paparicado por elas, tínhamos uma boa amizade. Hoje, duas são casadas, Priscila e Juliana, e moram no Rio. A mais nova, Carol,  está com os meus pais morando no Chile.

A nossa boa relação se deve a minha mãe que nos educou e nos acompanhou de perto. Ela não nos deixava viver brigando em casa. Se brigássemos, ela mandava calar a boca na hora (risos). As meninas tiveram mais dificuldades. Como eu era único homem, tinha meu quarto, elas não. Mas, o meu quarto era meu disfarçado, porque também era quarto de hóspedes e quando recebíamos pessoas em casa (e sempre tinha) eu precisava sair. Mas, era tranqüilo!

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Aos 23 anos, eu casei com Virginia que também tinha 23 anos, éramos muito jovens… Namorávamos desde os 17. Em um período do namoro (2002), eu vim morar em Campina Grande para cursar a Escola de Ministros Rhema. Tive poucas namoradas e a Virginia foi realmente o grande amor da minha juventude. Escolher casar com ela foi fácil e essa convicção ficou mais forte quando morei fora. Eu até cheguei a ir para faculdade, antes de fazer a Escola, mas, nessa época, eu estava muito desorientado. Eu sabia que era um ministro da Palavra, mas não tinha ideia dos próximos passos. Quando vim para Campina, senti muita falta da Virginia. Percebi que era com ela que queria me casar.

Quando eu voltei para o Rio, ela não estava no mesmo clima, tinha vivenciado um ano difícil, pois havia perdido a mãe recentemente. Mas, nada foi capaz de impedir a minha determinação. No final daquele ano, nós casamos. No ano seguinte, eu assumi a igreja no bairro de Campo Grande, e ela a diretoria do Rhema. A igreja passava por uma crise e nosso casamento estava no início. Foi uma loucura, porque tudo estava instável. Ela no Rhema e eu na igreja, nos víamos pouco, tudo exigia muito, mas superamos, sobrevivemos à crises difíceis.

Temos uma gratidão enorme ao Ministério e ao Pastor Isaac Almeida, que era nosso supervisor na época e nos ajudou muito. Os conselhos do meu pai também, bem como a confiança do Ministério em nós. A igreja e o Rhema ficaram bem, graças a Deus, mas passamos a Escola para Pedra de Guaratiba, onde tinha uma igreja bem mais estruturada (e tanto é que o Rhema funciona bem até hoje lá). Procuramos viver de forma melhor. Ainda estamos caminhando…

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Em 2007, Virginia engravidou e Ana Luiza chegou. Eu me considero um homem 100% família. Minha família é, sem duvidas, a maior conquista da minha vida. O que tenho de mais importante. Vivo em prol delas. Ana Luiza é a minha melhor parte. De tudo que eu sou e faço. Sou marido, ministro do evangelho, professor do Rhema, coordenador doutrinário, mas, de tudo, o que sou melhor é pai. É também o que mais gosto de ser.

A Ana é a minha alegria, é a prova de Deus na minha vida. Ela colore os meus dias, faltam palavras… Ela será muito maior do que eu e a Virginia. Estamos buscando dar a ela um irmão ou irmã. Vivemos muito em função de nossa filha, não no sentido de não colocar limites e paparicar, porque limites ela tem, mas fazê-la ser criada em um ambiente saudável e de auto estima.

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Estamos com quase 13 anos de casados. Já passamos por poucas e boas (risos), mas a minha esposa é o grande amor da minha vida. Eu a amo mais do que a mim mesmo. É uma pessoa brilhante, capaz e muito inteligente. Acho que muito mais inteligente do que eu. Penso que sou muito fraco em mostrá-la isso.

Ela é um desafio constante, porque ser o cabeça de alguém tão brilhante e competente não é fácil.  Ela é maravilhosa demais. Uma mãe fantástica. Também vive muito para a família. A Virgínia não tem tantos sonhos particulares, vive em prol de mim e da Ana Luiza. Ela embarca nos meus sonhos. Quando mudei para Belo Horizonte, a minha esposa me deu a maior força, ela não tem tempo ruim, encara comigo qualquer coisa. Enfim, não sei onde eu estaria se ela não estivesse comigo.

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Nasci em São Paulo, cresci no Rio de Janeiro, morei um ano e meio em Belo Horizonte e, atualmente, estou morando em Campina Grande . Acho isso tudo enriquecedor. Não apenas essas mudanças, mas o servir no ministério itinerante, o conhecer pessoas, cidades e ver o pior e o melhor em cada lugar. Você não fica com uma visão deslumbrada de lugar nenhum.

Vejo que algumas pessoas que nasceram, cresceram e foram criadas no mesmo lugar perdem um pouco de senso crítico, porque quando você tem a chance de conhecer  pessoas diferentes, filosofias e culturas distintas, você se aprimora. É enriquecedor. Nasci na maior capital do país, cresci na segunda maior, passei um ano e meio numa das maiores capitais do Brasil e, hoje, moro em uma cidade do interior do Nordeste.

Longe dos grandes centros, que os paraibanos não leiam isso (risos), mas todo lugar tem suas particularidades, coisas irritantes e coisas maravilhosas. E é delicioso poder viver essas coisas. O melhor são as amizades. Você ter amigos de tantos lugares. Alguns acabam virando da família. Amo viajar! Nós já mudamos muito de casa, faço estatísticas de quanto tempo passamos em cada casa. Está no nosso DNA.

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Sou fascinado por estudar o comportamento humano. Acho muito interessante as coisas boas e ruins, acho lindo os aspectos divinos existentes no homem. Me emociono muito com missionários, por exemplo, pessoas que tem coragem de largar tudo em prol do outro. Sou encantado com exemplos como Madre Teresa, Martin Luther King, porque são pessoas que fizeram tudo pelo outro. A vida deles só tinha sentido se o outro fosse exaltado.

É um pouco do que Paulo falava quando dizia: “Eu não considero a minha vida por preciosa”. Eu não sei se já posso dizer que isso é uma verdade na minha vida, mas é um ideal a se chegar. Viver em prol do outro, das causas que realmente importam para Deus. Claro que me entristeço quando vejo mesquinhez no ser humano, mas até isso gosto de estudar, busco entender o porquê?  Por que determinada pessoa faz o que faz? Por que o ladrão rouba? Sim, eu sei que ele é safado (risos), mas por que a safadeza dele se desenvolveu assim? O ser humano é um grande campo de estudo. Tanto quanto Deus, o ser humano, que é a imagem de Deus, é um amplo campo de estudo, abrangente e fascinante. Não tenho ainda muitas conclusões, mas continuo estudando.

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A leitura, para mim, em primeiro lugar, é um vicio (risos). Eu tenho muito mais livros em minha estante do que sou capaz de ler, mas sou consciente mais dos livros que eu não tenho do que dos que já tenho. Tem uma lista gigantesca que pretendo ter. A leitura é como viver as coisas. Como se tivesse um outro olho, olhando por cima, você aprende a perceber coisas.

Basicamente, você se torna maior do que as situações. Não conseguiria me imaginar de outra forma sem a leitura. Leio muito, coisas boas e outras nem tão boas, leio coisas que eu concordo e que discordo (mas não estou aconselhando ninguém a fazer isso). A leitura é um universo fascinante. O cara que gosta de viajar como eu, mas que não tem a chance de viajar toda hora, tem que ler (risos). Porque a leitura faz isso, ela lhe transporta para outro lugar, fazendo-lhe pensar melhor, expressar-se melhor, escrever melhor, enfim, ela lhe faz interagir melhor com as pessoas. Muitas vezes, você vai lidar com conflitos que você já os viveu lendo. Você terá respostas que as pessoas não têm.

Acho engraçado quando as pessoas me veem ensinando – obviamente, alguns aspectos no ministério do mestre traz fascínios – e as pessoas falam: “Eu queria ter essa cabeça que você tem”. Mas, eu não tenho cabeça, eu tenho livros. Tenho paixão pelo estudo. Eu não considero isso como “pagar preço”. Se estudar é “pagar um preço”, para mim é um prazer. Na verdade, eu odeio não saber das coisas. Quando vejo em um grupo alguém falando de um assunto do qual eu não tenho a menor ideia, imediatamente quero adquirir um livro sobre aquilo e ler. Porque odeio não saber. Gosto de saber das coisas. Gosto de saber de como as coisas funcionam.

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Meu melhor conselheiro é o Espírito Santo. Mas, tenho alguns poucos conselheiros, porque não podemos ter muitos mesmo.  Estamos em um ministério de pessoas muito íntegras, corretas, no qual você pode buscar ajuda, mas, o meu primeiro conselheiro é o meu pai. Ele é muito sábio e experiente. Quebrou muito a cara, mas deu certo e ama muito o Senhor.

Tenho feito amizades muito boas, posso citar alguns como: Marcos e Catarina Foronda, são pessoas chegadas hoje, Rozilon, Raphael Frota…. Existem pessoas que são referências para mim. Tem duas pessoas que me ajudam muito: Guto Emery e Renato Gaudard. No dia a dia, e de vez em quando, gosto de ouvir Guto falar e vou na sala dele só para ouvi-lo. Ele nem precisa me dar um conselho, só precisa me dizer o que pensa da vida, o que já é bastante enriquecedor. Espero não estar fazendo nenhuma injustiça em não citar alguém. Citaria bem mais se o espaço coubesse…

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Existe uma ideia boba das pessoas que pensam que uma vida boa é viver sem conflitos. Mas, esse estilo de vida sem conflitos não é bíblico. Existe uma garantia de Jesus de que teríamos aflições. A Bíblia diz que devemos nos alegrar por passar por VÁRIAS provações. Gosto de um testemunho que diz que, certa vez, uma pessoa foi pedir ao irmão Hagin para orar para ela nunca mais ter problemas com o diabo . Então, ele disse: “Irmão, se eu orar por isso, você vai morrer, porque essa é a única chance de você não ter mais que enfrentar problemas com o diabo”.

Todos nós enfrentamos frustrações. Para se frustrar na vida, basta você amar alguém. Porque as pessoas que nós amamos não irão agir sempre como nós esperamos. Amar é maravilhoso, mas, por vezes, é muito frustrante. Às vezes, as coisas saem dos trilhos, não saem apenas como planejamos… Sim! somos da fé, mas, de fato, o que lhe mantém sempre em frente é estar decidido a isso. Olhar sempre para frente… É a perseverança. Ela é o que diferencia os adultos dos meninos na fé.

Observe alguém que, no ministério ou na vida, venceu, e outra que fracassou em qualquer área. A diferença entre essas duas pessoas é, essencialmente, a perseverança.  Eu nunca aceito a ideia de que não vai dar certo no final. Obviamente, não me refiro a teimosia, mas ao propósito de Deus para a minha vida.

A adversidade, em hipótese alguma, passa pela minha cabeça como um estado definitivo. Eu sempre a vejo como passageira. Nunca permito que a desesperança chegue. Claro, existem situações e pessoas das quais você vai desistir. Mas, não do propósito e do plano de Deus. Nem de mim mesmo. Esse “mim mesmo” é “em Deus”… Sempre nEle! Porque tudo o que posso, é por causa dEle.

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O que baliza a minha vida são os princípios de Deus. Na hora em que tudo dá errado e, às vezes, tudo dá errado mesmo, são os princípios que me sustentam. Quando as convicções estão certas do lado de dentro, você não vai sair nem para a direita nem para a esquerda, mesmo que algo tenha dado errado. Voltando para o que Paulo disse: “Posso todas as coisas nAquele que me fortalece”. Posso ser exaltado ou humilhado, ter abundância ou escassez, eu posso qualquer coisa, nAquele que me fortalece. Você tem que ter claramente esses princípios balizando a sua vida. Ao ponto de que nada que aconteça por fora possa abalar a sua fé.

Eu sou um cara em construção, intenso, muito buscador do que é correto. Sou consciente das minhas limitações, mas certo da graça de Deus para cumprir o que preciso. Quero cada dia mais pensar nas coisas eternas. Sou fascinadíssimo pelo Evangelho, completamente apaixonado pela obra da cruz. Amo as pessoas, amo missões, amo Senhor e amo a minha família.

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