Dízimos e ofertas

A Bíblia fala sobre a honra que devemos dar ao Senhor, colocando-O em primeiro lugar em nossas vidas.

por Willa Freitas

Quando falamos sobre dízimos e ofertas, precisamos entender sua origem e finalidade. A palavra “dízimo” vem do latim decimus, que significa “décimo” ou “a décima parte”. No hebraico do Antigo Testamento, a palavra usada é ma‘ăśēr, que vem da raiz ‘śr (dez), e significa literalmente “a décima parte”. Ou seja, o dízimo é a entrega de 10% (a décima parte) dos bens ou da produção de alguém.

Embora praticado no meio do povo de Israel — e posteriormente estabelecido na Lei Mosaica — o dízimo não era uma prática exclusiva da nação de Israel. Quando observamos a história antiga, percebemos essa prática também entre outras culturas do Oriente, como na Babilônia, no Egito e na Assíria.

A Bíblia relata, em Gênesis 14.18–20 (NAA):

“E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho. Ele era sacerdote do Deus Altíssimo. Ele abençoou Abrão e disse: ‘Abrão seja abençoado pelo Deus Altíssimo, que criou os céus e a terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os seus adversários nas suas mãos’. E Abrão deu a Melquisedeque o dízimo de tudo”.

Esse texto nos mostra algo muito significativo: Abraão entrega os dízimos muito antes de serem estabelecidos pela Lei, mostrando que essa prática está associada à fé e à honra — e não apenas a uma obrigação legal. Dizimar faz parte de uma ação voluntária do coração, uma forma de honrar e agradecer ao Senhor por tudo que Ele tem acrescentado em nossas vidas, reconhecendo-O como nosso Provedor e Sustento.

Na Antiga Aliança, o dízimo foi instituído como parte das leis dadas por Deus ao povo de Israel. Está escrito em Números 18:21–24 (NAA):

“Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda do encontro. E nunca mais os filhos de Israel se aproximarão da tenda do encontro, para que não levem sobre si o pecado e sejam mortos. Mas os levitas farão o serviço da tenda do encontro e responderão por suas faltas; este é um estatuto perpétuo para todas as suas gerações. E os levitas não terão nenhuma herança no meio dos filhos de Israel. Porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao Senhor em oferta, esses eu dei por herança aos levitas; por isso eu lhes disse: ‘Vocês não terão nenhuma herança no meio dos filhos de Israel’”.

Os dízimos entregues aos filhos de Levi tinham algumas finalidades importantes, como:

  • Sustento dos levitas e sacerdotes: Esses não possuíam herança na terra, e seu sustento vinha dos dízimos das demais tribos.
  • Manutenção do culto e do templo: Os dízimos também mantinham o funcionamento do culto no tabernáculo e, posteriormente, no templo.
  • Expressão de adoração e gratidão: O dízimo era um ato espiritual, uma forma de reconhecer que tudo vem do Senhor.

Os dízimos não desapareceram na Nova Aliança, embora o Novo Testamento mencione a palavra em poucos textos diretamente, como Mateus 23:23, Lucas 11:42 e Hebreus 7:1–10. Ainda assim, percebemos o princípio do dízimo e das ofertas em passagens como:

  • 1 Coríntios 9:13–14
  • 2 Coríntios 9:6–8
  • Atos 4:34–35, entre outros.

No Novo Testamento, vemos os dízimos como uma expressão de honra, fidelidade e entrega a Deus, assim como as ofertas, que são sementes de generosidade destinadas a abençoar outras pessoas. Os dízimos devem ser entregues na igreja local, onde a pessoa é pastoreada e alimentada espiritualmente, contribuindo para o sustento ministerial. Já as ofertas são valores determinados pelo coração de cada um, podendo ser destinados à igreja local, a outras congregações ou a pessoas.

O apóstolo Paulo ensina em 2 Coríntios 9:7: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama quem dá com alegria”.

Portanto, não podemos dizimar ou ofertar por medo ou pressão emocional, mas sim com generosidade e honra.

Muitos usam o texto de Malaquias 3:8–12 para justificar a prática do dízimo como um ato de “medo do devorador”. Porém, quando analisamos o contexto cultural e histórico da nação de Israel, percebemos que o texto fala mais sobre confiança, fé e honra do que sobre medo.

O livro de Malaquias foi escrito no período pós-exílio, quando o povo já havia retornado da Babilônia e reconstruído o templo. Ainda assim, permanecia espiritualmente insensível, negligenciando obrigações religiosas como os dízimos e até oferecendo sacrifícios defeituosos, o que era inaceitável segundo a Lei. O Senhor então convoca a nação ao arrependimento por meio do profeta.

No hebraico, a palavra usada para “devorador” é ha’ôkhēl, que significa literalmente “o que come”, ou seja, aquele que devora.
No contexto agrícola de Israel, o “devorador” se refere a pragas, como:

  • Gafanhotos;
  • Insetos que atacam lavouras;
  • Fungos ou seca que comprometem as colheitas.

O texto mostra que o “devorador” era uma ameaça à sobrevivência do povo, comprometendo sua agricultura, e por si só, não tinha como controlar tais pragas. No entanto, ao confiar em Deus e honrá-lO com fidelidade, isso mostraria que Ele faria aquilo que estava fora do alcance deles — assim como Cristo fez por nós, garantindo-nos vitória sobre a maldição, a miséria e a enfermidade.

A Bíblia fala sobre a honra que devemos dar ao Senhor, colocando-O em primeiro lugar em nossas vidas. A honra está associada ao reconhecimento, confiança e fidelidade. Não honramos com o que sobra, mas com as primícias.

O exemplo de Caim e Abel, em Gênesis 4, deixa isso claro: Deus se agradou de Abel, que trouxe as primícias do seu rebanho como oferta. Já Caim, “ao fim de um certo tempo”, trouxe do fruto da terra. Isso fez com que o Senhor não se agradasse de sua atitude, pois ele deixou o que era para ser ofertado como primícias para depois.

A Escritura reforça o princípio da honra e generosidade como parte da entrega dos dízimos e ofertas em textos como, Provérbios 3:9-10, Gálatas 6:6, entre outros.

O irmão Kenneth E. Hagin, em seus escritos, nos ensina: “O dízimo é o ponto de partida da fidelidade financeira. Se você não é fiel no pouco, como será sobre o muito?” – Livro Obediência nas Finanças

Como operosos praticantes da Palavra de Deus, precisamos confiar n’Ele, sermos generosos em nossas ofertas e fiéis nos nossos dízimos, dando a Deus toda honra e a primazia em nossos corações. Se desejamos crescer em prosperidade, devemos primeiro ser generosos.

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