Estou aqui para relatar sobre um dos bens mais preciosos que Deus nos deu: a nossa família. Quando queremos entender o propósito pelo qual Deus criou algo, vamos ao livro de Gênesis. Lá vemos o que Ele criou e como criou.
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo o animal que se move sobre a terra.”
(Gênesis 1:26–28)
Deus deixa claro, no texto acima, o propósito para o qual criou o homem e a mulher: refletir a Sua glória, formar família, multiplicar-se e povoar a terra. Mas como sabemos que Deus estava pensando em família, e não apenas em reprodução? Por causa do que está escrito em Gênesis 2:24:
“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne.”
Esse texto é considerado a instituição do casamento. Ele mostra Deus estabelecendo uma relação íntima, permanente e exclusiva. Casamento é ideia de Deus; família é ideia de Deus. Toda vez que vamos a uma festa de casamento, não é apenas uma celebração: é o testemunho de uma nova família se formando. É a união de um rapaz e uma moça pelos laços do matrimônio, formando, a partir de então, sua própria família.
A família é um assunto importante, mas há um déficit de pessoas para ensinar sobre esse tema. Isso pode acontecer por dois motivos: falta de vida (exemplo) e falta de interesse — e ambas são altamente danosas ao Corpo de Cristo, a Igreja. Quando falo de “vida”, falo de exemplo. As pessoas não se sentem à vontade para falar daquilo que não vivem. E não ter exemplo de família na igreja é como faltar pão na padaria.
A Palavra de Deus é clara: quando assumimos um ministério, subimos numa plataforma invisível. Tornamo-nos ovelhas com mais responsabilidade — seja à frente de um departamento ou de toda a igreja — e, sem perceber, estamos numa vitrine. As pessoas estarão nos observando. Não é preciso ser muito espiritual para perceber que o mundo está em crise. Viemos de uma geração em que os valores morais eram absolutos. Não era uma questão de religião — era claro o que era certo ou errado, honroso ou desonroso. Mas hoje estamos vendo dias loucos. Precisamos deixar claro: isso está no mundo, e não deve estar entre nós.
Hoje, o certo e o errado passaram a depender do ponto de vista de cada um. Os valores foram sendo desconstruídos e, junto a eles, os pilares da família.
Quantos jovens não querem mais casar? Muitos não têm exemplo ou referência dentro de casa. Vivemos em meio a tantas famílias disfuncionais. O sexo livre, a pornografia… Essas pessoas podem vir à igreja, receber o milagre do Novo Nascimento, mas vêm com toda a bagagem do mundo. Nós ensinamos que a Bíblia é a verdade, e ela funciona. Essas pessoas precisam nos ver pregando sobre família, casamento e criação de filhos — mas não só pregando por performance. Elas querem ver se isso realmente funciona na nossa vida.
Devemos ser exemplos para o rebanho. “Exemplo” significa modelo, algo que pode ser imitado e copiado. É ser inspiração. Quando as pessoas não acreditam mais em família e casamento, mas olham para a sua família bem-sucedida, elas voltam a desejar se casar.
As pessoas não observam apenas quando subimos para pregar; elas estão de olho em nós o tempo todo. Observam como nos vestimos, como descemos do carro, como cumprimentamos as pessoas, como tratamos nosso cônjuge. Talvez saber disso nos deixe desconfortáveis, mas foi Deus quem idealizou que seria assim — isso não foi ideia nossa.
Viva de maneira exemplar, para que vejam as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus pela forma como vocês vivem.
Estar nesse papel de modelo e exemplo traz glória para Deus, e o nome do Senhor é engrandecido. Tornamo-nos inspiração para os outros. Mas quando não conseguimos ser essa inspiração — por falar coisas que não vivemos — acabamos nos tornando pedras de tropeço. Ou seremos modelos, ou seremos tropeços.
A única coisa que as pessoas querem é coerência entre o que pregamos e o que vivemos.
Não pode haver uma Zuleica gentil na igreja e, em casa, uma mulher briguenta. Assim como não pode haver aquele irmão gente boa na igreja, mas que em casa entra na “unção de Zacarias” — mudo. Isso não pode.
O que somos em público deve refletir o que somos em casa. O que somos na igreja deve ser o que somos no lar. A igreja não é teatro nem performance. É vida. O que é falso não se sustenta por muito tempo.
Muitos não ministram sobre família por falta de interesse. Mas família é a base de tudo — do seu ministério, do seu sucesso.
O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, destaca uma lista de características necessárias para quem deseja o ministério:
“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.
É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar […] Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda modéstia (porque, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)” (1 Timóteo 3:1–12, adaptado).
Essa lista é de Deus. Ele é quem nos chama para o ministério. A lista é extensa, mas apenas uma característica diz respeito ao púlpito: apto a ensinar. As demais dizem respeito ao caráter e à vida familiar.
Acha que esse assunto não é importante? A família é a base do sucesso do nosso ministério. Ou seja, não há ministério de sucesso com casamento de aparência.
Conhecemos homens e mulheres de Deus, excelentes pregadores, que não estão mais aqui porque foram derrubados no ministério devido à desordem no casamento. Alguns pensam que, por serem ungidos, podem viver em família de qualquer maneira.
Igreja e família são ideias de Deus — e ambas precisam estar saudáveis. Não há ministério ungido com casamento de fachada.
Muitos não estão mais aqui porque não guardaram o casamento, nem cuidaram da vida espiritual. Quando a casa cai, o púlpito cai também. Quando uma ovelha cai em pecado, o peso é menor. Mas quando um ministro cai, gera escândalo. Afinal, ministros são exemplos.
Fortes e fracos
No Reino de Deus, temos diversos tipos de pessoas. Quero destacar duas: os fortes e os fracos.
Os fortes aprenderam a olhar apenas para Jesus. Pode cair quem quiser — eles seguem firmes, porque têm um alvo. Sabem separar a pregação do pregador.
Os fracos, considerados ainda bebês na fé, não aprenderam a olhar para Jesus através da Palavra. Eles olham para modelos e exemplos — olham para mim e para você. Por isso, quando um ministro cai, o impacto é tão grande. Para os fracos, a Palavra parece não funcionar. Eles pensam: “Se não funcionou para quem pregava, como funcionará para mim?”
A ordem de Deus em Gênesis 2:15 continua válida:
“E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.”
Deus nos mandou cultivar e guardar o jardim. Esse ainda é o nosso trabalho hoje: manter regado o nosso jardim. Guardamos a nossa família quando, primeiramente, guardamos a nós mesmos.
Não podemos ignorar as ciladas do diabo. Ele vive de montar armadilhas. Muitos ministros estão a caminho do abismo, enredados em armadilhas. Uma das mais comuns hoje é a ideia de que “o amor que eu tinha pela minha esposa acabou…”.
Somos seres relacionais. Nos relacionamos o tempo todo. Mas precisamos ter cuidado com pessoas que nos chamam mais atenção do que deveriam. Pessoas que se relacionam melhor com outros do que com o próprio cônjuge são um perigo.
Há pessoas que têm uma falsa sensação de segurança. Pensam: “Eu sei até onde posso ir”. Mas, quando percebem, já foram longe demais.
*Trechos da mensagem do dia 10 de abril, na Reunião Anual de Pastores e Diretorias 2025.