Verbo FM

Um Reino que já é realidade

Os profetas do Antigo Testamento falaram de um reino futuro, que seria fundado no fim da história. Isaías profetizou que um descendente de Davi se levantaria, cheio do Espírito de Deus. Ele reinará, trazendo não apenas justiça aos pobres e oprimidos, mas também unidade entre as nações e raças (Isaías 11.1-11). Contudo, a visão prossegue e fala de coisas ainda mais notáveis. Sob seu domínio:

“O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar. Naquele dia, recorrerão as nações à raiz de Jessé que está posta por estandarte dos povos; a glória lhe será a morada” (Isaías 11.6-9).

O mundo foi criado por Deus para ser um lugar de harmonia perfeita sob seu governo. Tudo foi planejado de forma coesa entre as partes da criação. Não havia desarmonia entre o corpo e a alma ou entre os sentimentos e a consciência. Não havia conflito entre indivíduos ou gêneros. O corpo nunca perdia a harmonia entre as partes — não havia algo como a desintegração do corpo por doenças, envelhecimento e morte. Havia também perfeita harmonia entre a humanidade, os animais e o meio ambiente. Não havia nenhum tipo de relacionamento desfigurado.

O pecado, porém, arruinou a unidade entre Deus e a humanidade, o que levou à ruptura de todas as demais relações, à “descostura” da criação. Nossa relação com Deus, um com o outro, com nós mesmos e com a natureza corrompeu-se. Guerra e crime, racismo e pobreza, ira e desespero, fome e pragas, envelhecimento e morte são consequências dessa grande desintegração.

Os profetas, porém, insistem que um dia o Senhor em pessoa voltará à terra (Isaías 40.3-5), e ele será chamado “Maravilhoso, conselheiro, Deus forte, Pai eterno, príncipe da paz” (Isaías 9.6). O Salmo 72 descreve como a presença verdadeira do rei faz com que toda a criação floresça (v. 1-7). O governo real de Deus trará restauração completa para a criação, a reunificação da humanidade e o fim da degradação física e da morte (v. 8-14).

O reino de Deus, portanto, “significa a renovação do mundo. Ele curará todo o cosmo e todas as dimensões da vida humana. Do trono do rei que vem flui vida nova e poder, de tal ordem que doença alguma, nenhuma degradação, pobreza, mácula ou sofrimento, resistirá diante dele.

E assim, por volta da época que Jesus anunciou que ele era o Messias, as expectativas eram de que o Messias curasse o mundo, abolisse todo mal e sofrimento e ressuscitasse os crentes à plenitude da vida — uma vida não apenas de quantidade sem fim, mas de qualidade inimaginável, livre dos efeitos desintegradores do pecado.

Jesus, porém, disse a seus ouvintes que, embora o reino de Deus estivesse próximo (Marcos 1.14,15), ele não viria de um modo que todos esperavam. O que Jesus lhes disse não poderia ser mais chocante.

No tempo de Jesus, todos os que acreditavam na vinda do reino de Deus tinham uma ideia firmemente estabelecida de como ele seria. “Vivemos agora na era do pecado, do mal e da morte. Contudo, quando o Messias, o verdadeiro rei, chegar, essa era desaparecerá completamente e uma nova era do reino de Deus começará”.

Jesus, porém, confundiu todas essas expectativas. Ele disse que era o Messias anunciado pelos profetas (Lucas 4.14-20). Ensinou que com ele o reino de Deus havia chegado (Lucas 17.20,21). Ele disse que trazia consigo a nova aliança e o Espírito (João 6.45 com Jeremias 31.34 e Isaías 54.13); disse que crer nele nos liberta da morte (João 11.25,26); que o “êxodo” pelo qual Deus libertará toda a criação da escravidão da morte e da degeneração se dará por seu intermédio (Lucas 9.31); e que ele estava edificando o novo templo que fora profetizado (João 2.19-21). Em outras palavras, Jesus expôs minuciosamente que o reino de Deus, em todos os seus aspectos, havia começado com sua primeira vinda.

Não obstante, Jesus disse também claramente que o reino de Deus não havia chegado em toda a sua plenitude. Muitas das parábolas de Jesus sobre o reino de Deus acentuam a incompletude dele ou destacam que ele está oculto. Como ele ainda é futuro, o reino de Deus é como uma semente que cresce na maior parte do tempo sem que a vejamos crescer, invisível aos olhos humanos, mas que crescerá por fim até se tornar a maior das árvores (Mateus 13.31-33).

A instrução de Paulo sobre o reino de Deus combina perfeitamente com o ensino de Jesus. Ele se refere reiteradas vezes a Cristo como as “primícias” (I Coríntios 15.20) e o “primogênito” dos mortos. No Antigo Testamento, as primícias eram a produção inicial de uma lavoura oferecida em ações de graças a Deus. Contudo, o termo significava não apenas que se tratava de uma dádiva, mas também de um “penhor do remanescente” , uma promessa ou “garantia de uma colheita abundante” . Isso significa não apenas que a ressurreição de Jesus aponta para nossa futura ressurreição. Ela a garante.

Na ressurreição temos a presença do futuro. O poder pelo qual Deus, no fim dos tempos, acabará por fim com todo sofrimento, todo mal, toda deformidade e morte, irrompeu na história e está disponível agora — em parte, mas de forma substancial. Quando nos unimos ao Cristo ressurreto pela fé, esse poder futuro que é suficientemente poderoso para refazer o universo nos alcança.

O que significa isso na prática? Na parte dois, vou procurar mostrar os efeitos práticos dessa verdade

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Destaques da semana​

Estude no Maior Centro de Treinamento Bíblico do Mundo!