Verbo FM

Confissão e perdão dos pecados – Parte 2

Rev. Tony Cooke

*Artigo traduzido do site do Ministério do Rev. Tony Cooke

No texto anterior sobre o assunto, levantei três questões, as quais creio que posso abordar agora:

QUESTÃO 1: Se Jesus já morreu pelos nossos pecados (tempo passado) e se eles já foram perdoados, por que alguém precisaria confessar pecados (no tempo presente)?

RESPOSTA: Alguns rejeitam a ideia de que 1 João 1.9 esteja indicando um perdão para o “tempo presente” ou para o “aqui e agora” já que fomos perdoados há 2.000 anos. Contudo, se você rejeita que 1 João 1.9 deve ser aplicado dessa forma, você vai precisar estar disposto a “reinterpretar” a aplicação de outras passagens que porventura falem sobre o recebimento de perdão no “tempo presente” como se todas também fossem para os incrédulos.

Quando falamos sobre crentes receberem perdão hoje, não estamos dizendo que este perdão já não tenha sido providenciado antes. Contudo, o perdão traz um frescor ao ser recebido, assimilado e aplicado pela nossa fé, em vista de um pecado devidamente reconhecido.

Tiago 5.15 diz que se o crente “houver cometido pecados, SER-LHE-ÃO perdoados”. Tiago NÃO disse “ele já foi perdoado há 2.000 anos”, ele disse “os pecados SERÃO PERDOADOS”. Legalmente, Jesus pagou a penalidade pelos pecados há 2.000 anos, mas de forma experimental, a pessoa receberá o perdão naquele instante.

2 Coríntios 7.1 diz “Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus”. Novamente, a purificação dos pecados foi adquirida há 2.000 anos; mas de forma experimental nós a recebemos quando aceitamos, cooperamos com Deus e confiamos nele.

A advertência de Pedro a Simão indica que o recebimento do perdão ocorre no tempo presente. Mantenha em mente que Atos 8.13 diz que “o próprio Simão abraçou a fé e que fora batizado”.

Atos 8.18-23
18 Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito [Santo], ofereceu-lhes dinheiro,
19 propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo.
20 Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus.
21 Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
22 ARREPENDE-TE, POIS, DA TUA MALDADE E ROGA AO SENHOR; TALVEZ TE SEJA PERDOADO O INTENTO DO CORAÇÃO;
23 pois vejo que estás em fel de amargura e laço de iniquidade.

Pedro não disse a Simão que ele já tinha sido perdoado, mas de forma firme o advertiu a que buscasse a Deus a respeito do assunto.

O fato de a graça ter provido o perdão não significa que os cristãos receberam o perdão automaticamente. Eu creio que foi na luz desta verdade que João disse “se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.9).

Legalmente, nossos pecados foram perdoados há 2.000 anos. De forma experimental, nós recebemos o perdão e a purificação quando for necessário, pela fé. Talvez seja por isso que Hebreus 4.16 diz “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”. O preço para recebermos misericórdia já foi pago há 2.000 anos. Nós recebemos essa misericórdia de forma experimental e progressiva pela fé.

Penso que isso é semelhante ao nascimento de uma criança em sua família. Ela é 100% filha de seus pais. Ela tem o DNA e tudo nela faz parte da “família”. Aos cinco anos ela pode sair para brincar e cair numa poça de lama. Isto não a faz menos filha de seus pais, mas ela precisa de um bom banho para retirar a sujeira. 1 João 1.9 é esse belo banho, e eu creio com todo meu coração que isto se aplica a cristãos.

QUESTÃO 2: O que acontece a um cristão que morre com um pecado não confessado?

RESPOSTA: Em certo sentido, eu poderia responder com uma pergunta: “Quem não morreu com um pecado sem ter sido confessado?” O propósito de 1 João 1.9 não é dizer que se uma pessoa cometeu 324.689 pecados em sua vida, eles precisam ser confessados um por um senão tais pessoas não irão para o céu. Se este fosse o caso, penso que o céu seria um lugar relativamente vazio. Além disso, se um cristão pensa que seu trabalho é gastar sua vida num interminável projeto de escavação tentando pensar em tudo que já fez e confessar cada coisinha errada que já praticou, isto será um enorme desperdício de tempo e energia e demonstrará falta de compreensão tanto das Escrituras quanto do plano de Deus para nossas vidas.

A confissão que nos faz entrar em relacionamento com Deus não é a de 1 João 1.9, mas a confissão de Romanos 10.9: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. A confissão de pecados de 1 João 1.9 não é o que faz uma pessoa ser salva para começo de conversa, e eu não creio que um pecado cometido faça um cristão perder sua salvação. Tiago 3.2 diz que “todos tropeçamos em muitas coisas”.

Tenho certeza de que fiz muitas coisas erradas das quais não lembro, e provavelmente vários equívocos dos quais também tenha me esquecido. Por isso 1 João 1.7 é tão precioso: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”. No livro do irmão Hagin intitulado “Três Grandes Palavras”, ele comenta como certa vez havia cometido um erro inadvertidamente: “Eu estava andando na luz que eu tinha, e havia uma purificação pelo sangue disponível de forma contínua enquanto eu andasse naquela luz. Todos nós pecamos e não percebemos, mas se andarmos na luz, como ele na luz está, o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado”.

Eu penso que podemos dizer que todo crente que já morreu, deve ter morrido com algum pecado não confessado, mas nossa fé não deveria estar na perfeição da nossa confissão, mas na obra perfeita da misericórdia e do sangue de Cristo. Quando um pecado é cometido e a pessoa está claramente consciente dele, é nesta ocasião que 1 João 1.9 se aplica. Quando falo sobre a confissão de um pecado eu não estou falando sobre viver com “consciência de pecado” como frequentemente se diz por aí. Eu estou simplesmente falando sobre reconhecer e ceder à verdade da Palavra – dizer aquilo que Deus diz sobre o pecado – e receber a misericórdia que Deus sempre teve disponível para nós, e em seguida continuar avançando com Deus.

Se eu cometer algum erro, eu não o confesso para que Deus me ame novamente ou para que eu possa recuperar minha salvação. Deus nunca deixou de me amar, e também não perdi minha salvação. Vamos ilustrar isso com um exemplo prático. Digamos que João Cristão está dirigindo pela rua. Ele recebeu Jesus como seu salvador, ele nasceu de novo e é uma nova criação, etc. À medida que vai dirigindo, deixa cair alguma coisa no chão do carro e tira os seus olhos da estrada para tentar apanhá-la. Quando ele olha de volta para a estrada percebe que se desviou para a outra pista e está para se chocar de frente com um caminhão. Um segundo antes do impacto, ele se apavora e pragueja, e logo em seguida morre sem a chance de antes confessar seu pecado.

João Cristão irá para o inferno porque não teve a chance de “consertar as coisas” antes de morrer? Se tiver alguma importância aquilo que eu penso, eu diria que absolutamente não. Ele era um filho de Deus que havia recebido Jesus como seu Salvador. Sua salvação nunca esteve baseada em sua perfeição ou em seu desempenho em qualquer sentido ou de qualquer forma. A confissão (ser honesto com Deus) não é um botão de “delete” de última hora para nos certificarmos de que todos os nossos pecados estão perdoados um pouco antes de morrermos. É um estilo de vida que envolve a honestidade com Deus, o reconhecimento da verdade, o recebimento da sua misericórdia e o perdão em tempo oportuno (o próprio perdão que foi adquirido há 2.000 anos), e assim continuar avançando com Deus.

Eu não rejeitarei a prática bíblica e saudável de ser honesto com Deus e de fazer os ajustes necessários quando eu cometer algum erro somente porque alguém morreu com algum pecado não confessado. Da mesma forma, eu não vou me desfazer da doutrina do batismo nas águas somente porque o ladrão arrependido que estava na cruz não teve a chance de ser batizado nas águas antes de morrer. Existem pessoas que transformam a “confissão” em uma espécie de trabalho religioso por meio do qual elas tentam ganhar alguma coisa que só pode ser recebida pela fé; mas existem outros que querem desvincular completamente 1 João 1.9 dos crentes. Eu rejeito os dois extremos e me esforço por andar (e ensinar) um estilo de vida saudável equilibrado que honre a Palavra de Deus e a maravilhosa obra de redenção realizada por Jesus em nosso benefício.

QUESTÃO 3: Se um cristão está lutando contra uma enfermidade, não dizemos a ele para confessar a enfermidade, mas para confessar a cura. Se um cristão está passando por uma necessidade, não dizemos a ele para confessar a necessidade, mas para confessar abundância. Por que então diríamos a um cristão que tenha cometido pecado para confessar o pecado? Para sermos consistentes, não deveríamos dizer que ele confesse a sua justiça em Cristo?

RESPOSTA: Se “confessar” significa “permanecer naquela situação, se chafurdar naquilo, mexer e remexer na mesma coisa” então eu concordaria completamente que temos um problema. Infelizmente, para alguns, isto é o que tem sido a confissão de pecados, especialmente para aqueles que não compreendem sua posição de justiça diante de Deus pela sua graça.

Contudo, se “confessar” significa “reconhecer, ceder e admitir” (e também “dizer a mesma coisa”) – que é o seu significado – então faz total sentido. Uma pessoa enferma normalmente reconhece que está enferma antes de confiar em Deus para receber sua cura (Marcos 2.17). Uma pessoa lidando com alguma necessidade normalmente reconhece que precisa de provisão antes de fazer alguma coisa para recebê-la. Um cristão que cometeu pecado, de acordo com 1 João 1.9 reconhece seu erro e recebe o perdão.

Se pensarmos nisto em um contexto familiar, por exemplo, se eu ofendo ou firo minha esposa de alguma forma, eu não irei simplesmente “confessar que meu casamento está bem”. A cortesia e o amor requerem que eu diga “querida, eu sinto muito eu feri você”. Ao mesmo tempo, eu sei que ela é minha esposa, que eu tenho uma aliança com ela, que somos parceiros e tudo mais.

Da mesma forma, se eu pecar contra Deus, eu posso reconhecer meu erro e abandoná-lo, ao mesmo tempo em que reconheço o fato de que Deus continua me amando, que eu sou seu filho, que estou em aliança com ele por meio do sangue de Jesus.

Atos 19.18-20 diz “Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras. Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários. Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente”.

Novamente, confissão não significa se chafurdar no problema ou perder a “consciência de justiça”. Significa simplesmente que você reconhece que há um problema que precisa ser resolvido. Há um velho ditado que explica isso muito bem: “você não pode resolver um problema que você não tem”.

O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios uma carta muito forte tratando sobre problemas de pecados que perduravam em suas vidas, e quando eles se arrependeram, ele disse: “Porquanto, ainda que vos tenha contristado com a carta, não me arrependo; embora já me tenha arrependido (vejo que aquela carta vos contristou por breve tempo), agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2 Coríntios 7.8-10).

Se um cristão peca, é perfeitamente bíblico e lógico reconhecer o pecado (confessá-lo), se afastar dele, desfrutar do perdão de Deus que foi adquirido há 2.000 anos, e também receber a capacitação da graça de Deus que nos ensina a renegar a impiedade e as paixões mundanas, para vivermos no presente século, sensata, justa e piedosamente (Tito 2.12).

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