
Ministra do Evangelho
O lar não é apenas um lugar físico onde pessoas dormem, comem, tomam banho e recebem amigos. O lar é um lugar onde Deus planejou para que a família pudesse amar e ser amada.
Vejo claramente o Senhor nos convocando a repensarmos as nossas prioridades e valores, voltando o nosso olhar para dentro do lar. Por quê? Porque muitas vezes ficamos distraídos e ocupados com o que está fora do lar e acabamos perdendo o melhor de Deus para nós e nossa família.
A negligência na assistência familiar tem gerado danos gigantescos às vidas e à sociedade. Em Cantares 2.15, fala sobre protegermos nossa vida e nossa família das “raposinhas”. As “raposinhas” são pequenas negligências que destroem os lares como: “Os outros não podem esperar, meus filhos podem esperar”. Aliviamos para os de fora e sobrecarregamos os de dentro. E tudo isso gera um déficit negativo com a família que só vai aumentando, e aí quando uma crise chega, a família, que deveria ser um lugar de refúgio e segurança, acaba sendo um campo de guerra e ficamos desprotegidos.
Não importa se você é casado, solteiro, se é pai, mãe ou filho. Se mora com seus pais ou sozinho. Se a sua família é grande ou pequena, ou se você mora numa mansão ou em um casebre. A família e o lar são lugares onde nascemos e crescemos, lá estão as nossas memórias e experiências boas ou ruins, onde somos o que somos. Na família, somos influenciados e o nosso caráter é formado.
Quando Deus pensou na humanidade, Ele pensou na família, um lugar onde o ser humano pudesse ser formado para a vida. O que damos e recebemos em família é único e nos influencia muito! Não há nenhuma família igual à minha e nem à sua, há um valor personalizado que precisa ser exaltado e considerado.
Nossa filha de 9 anos, Rebeca, escreveu uma canção que diz: “Minha família é especial, sempre me ajuda quando estou sozinho, viver, amar, brincar, ela me faz também. Minha casa, preciosa, é um lugar de amor, de alegria, de paz, de Deus. Este é o dia que famílias vão se alegrar, todos reunidos para cantar e para adorar!”.
Que inspiração divina! Cada lar, cada família deveria expressar a bondade e o caráter de Deus! Qual a mensagem que seu lar está comunicando? Quais as memórias e lembranças que estão sendo deixadas?
Não existe a família perfeita! Somos seres humanos únicos, com qualidades e fraquezas, diferentes em vários aspectos, modo de pensar, falar, fazer as coisas, gostos…e nessa caminhada é óbvio que vamos errar! Mas graças a Deus, que teve essa ideia genial de criar a família e também é poderoso e especialista em restaurá-la e nos instruir com princípios, que colocados em prática, resultarão em vida e vida em abundância!
Sobre nossas histórias, experiências e passado, não podemos mudar. Sobre nosso cônjuge e familiares, não podemos mudar. Mas existe uma verdade bem verdadeira: podemos decidir mudar a nós mesmos! E isso pode inspirar mudanças naqueles que estão ao nosso redor.
Lembro-me da história de José do Egito e sua família, em Gênesis. Quantos ensinamentos podemos receber! Mas uma das coisas que mais me chamam atenção é que, apesar da frustração, traição e decepção que José passou no contexto familiar, ele decidiu perdoar, olhar para o seu futuro, seguir em frente e escrever uma história diferente que abençoou milhares de pessoas e ainda nos abençoa tanto!
Deus é especialista em transformar maldição em bênção! Mas Ele precisa de alguém que decida acreditar, valorizar e investir na família!
Hoje é um dia totalmente novo. Você pode, em parceria com Deus, decidir viver nesse dia, e em todos os dias da sua vida, o novo d’Ele para a sua família e seu lar!
Meus pais diziam: “Filha, não adianta chorar o leite derramado”. Chorar o leite derramado significa que não vale a pena lamentar algo que já passou. Deus está dizendo para nós: “Ei! O leite derramou, mas em Mim há água e sabão disponíveis para essa sujeira ser limpa!”. A comunhão com Deus e a Sua Palavra nos ajuda a mantermos nossos relacionamentos familiares limpos, santos e em paz!
Por que investir no lar? Na família? Porque a família é um lugar de:
- GRATIDÃO – Um dos maiores motivos de rompimento nas relações familiares é a falta de reconhecimento. A nossa carne tem uma tendência à crítica e reclamação. Se formos mal atendidos num estabelecimento, a maioria das pessoas vão lá e fazem questão de reclamar. Porém quando são bem atendidas, não dizem nada. Podemos decidir sermos apreciadores das coisas boas e exaltá-las! A familiaridade tenta roubar atos de gratidão e isso gera no ambiente familiar uma atmosfera ruim. Não basta sentir gratidão, precisamos expressar em palavras e atos! “Atos de gratidão, geram um ambiente de milagres!”, (Pr. Paulinho Aguiar). Em várias passagens bíblicas, sempre que alguém expressou gratidão, milagres aconteceram! Treine sua carne o máximo que puder para expressar gratidão dentro do seu lar. Exalte as coisas boas um dos outros e não ceda à tentação de murmurar. “Em tudo dai graças, porque essa é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Tessalonicenses 5.18).
- COMUNHÃO – No grego essa palavra é koinonia e significa associação, intimidade, algo em comum que nos conecta. A família não é só uma conexão de sangue, mas é uma conexão de coração para coração, onde os propósitos se unem! Vemos Deus em várias passagens bíblicas convocando famílias para uma missão. Assim foi com Adão e Eva, Abraão e Sara, José e Maria. A família é como uma equipe num jogo, onde cada um tem sua função, não importa quem fez o gol, mas o que importa é: a família ganhou! A comunhão na família fala de tempo de qualidade juntos, onde há troca de experiências e interesse mútuo. Quantos cônjuges e filhos moram na mesma casa, mas cada um está “no seu mundinho”, não se falam, não se olham, são estranhos debaixo do mesmo teto. “Aquele que vive isolado busca seu próprio desejo; rebela-se contra a verdadeira sabedoria” (Provérbios 18.1). É tempo de aproximação, é tempo de comunhão em família.
- INSTRUÇÃO – Na família temos o privilégio de ensinar e sermos ensinados com palavras e, muito mais, pelo exemplo. Lembro de um slogan de uma escola em Belo Horizonte: “O maior ensino é o exemplo”. Se não há convivência, não há instrução. Quer que seus ensinamentos sejam praticados? Pratique-os. O ensinamento funcional é aquele que se aplica a cada situação. Por exemplo: qual o momento mais apropriado para ensinar sobre perdão aos filhos pequenos? Quando acontece alguma briga entre eles. Aproveitar cada oportunidade para ensinar os princípios divinos, e isso requer tempo, paciência e firmeza. Nada vale mais do que ver nossos filhos praticando a Palavra de Deus, valendo todo nosso esforço! Enquanto instruímos, aprendemos, enquanto vivemos o que falamos, colhemos frutos eternos. A Palavra em você facilitará para que a Palavra esteja em seu lar. “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te” (Deuteronômio 6.5-7).
- DOAÇÃO – O lar é o lugar onde temos a oportunidade de semear o nosso melhor! Não queira só receber da sua família, pense em como você pode dar ou se doar para os seus. Quantas pessoas não investem ou apenas semeiam “o resto” do seu tempo, amor e dons para a sua família? Isso é autossabotagem! Chegam em casa cansados, “no vermelho”, porque se doaram tanto para os outros, para os de fora. Nosso lar deve ser o lugar de semear sementes de qualidade, o nosso melhor deve ser depositado ali. Muitos valorizam mais as visitas do que os da sua própria casa. Pense um pouco sobre isso e decida dar o seu melhor para seu cônjuge, pais e filhos. “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens” (Colossenses 3.23).
- RECONCILIAÇÃO – A convivência uma hora ou outra vai gerar atrito e desentendimentos. Em algum momento, vamos errar e alguém vai errar conosco. O contexto familiar é uma excelente oportunidade de treinarmos duas frases poderosas: “me perdoe” e “eu te perdoo”, vamos lá? Treine aí enquanto você lê este artigo. Como é desafiador para muita gente dizer isso? Nossa carne não quer ceder e sempre quer estar com a razão. Mas entre ficar com a razão e viver em paz: viva em paz! Os conflitos vão surgir, mas como lidar com eles? Escolhendo a reconciliação que nada mais é do que trazer para perto aquele que está longe, reaproximar. Quantas vezes nós erramos e Deus nos perdoou? Não espere sentir para perdoar e pedir perdão, seja rápido para reconectar, não abrace a ofensa e leve para o quarto “para curtir uma ‘deprê’”, subjugue a vontade da carne e faça o que Deus faria! Seja você a parte que vai cooperar com Deus para que a harmonia e a paz reinem no seu lar! “Suportai-vos uns aos outros (seja suporte), perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra alguém. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai-vos” (Colossenses 3.13).
Não importa a estação em que sua família se encontra agora, a vida e a família passam por fases e cada uma delas tem a sua beleza. Não caia no erro de comparar a sua família com outras famílias. Há algo divino e tão especial na sua família que nenhuma outra tem! Veja como Deus os vê, aproveite e curta cada fase, pois muitos estão vivendo de remorso pelo que “perdeu” no passado, e outros ansiosos pelo futuro que ainda está por vir e esquecem do presente, que é “um presente” que precisa ser aberto e usufruído agora.
Honre os seus, com suas qualidades e limitações, há graça abundante e disponível para aqueles que decidem que será diferente, que será melhor! Seja aquele (a) que Deus vai olhar e pegar junto para que o lar seja valorizado e resgatado.