
Graduada do Centro de Treinamento Bíblico Rhema em Campina Grande-PB
“Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10.31).
Há alguns dias, me deparei com o vídeo de uma senhora portuguesa que vende pães assados no forno à lenha. Ela aprendeu o ofício com a família há mais de 60 anos e, desde então, repete a receita no sítio onde vive.
Ao ver a rotina daquela senhora, algo chama a atenção: depois de sovar quilos de massa e acender o fogo, ela coloca os pães prontos para assar. Inclina a cabeça e faz uma oração. Ao fim, ela declara: “Que haja paz na casa do dono!”, e só então, fecha o forno.
Lá no sítio, mesmo distante dos seminários teológicos e sem o diploma do Rhema, aquela idosa tem um entendimento de que o fruto do seu trabalho vai adentrar na casa de outras pessoas. E, de um jeitinho simples, busca fazer com que a sua habilidade seja uma forma de abençoar cada família.
Às vezes, pedimos para que Deus faça coisas extraordinárias através de nós, mas ignoramos o fato de que o simples toque do despertador já sinaliza um convite para nos deixarmos usar por Ele.
Passamos pelo nosso dia corrido sem considerá-lO, usando as nossas habilidades de forma automática, produzindo mais pela sensação de dever cumprido, dinheiro ou autoafirmação do que pelo desejo de sermos luz nesta terra. Uso o plural porque não há nenhum de nós que não possa ser engolido por essa realidade. E, se vivermos assim, seremos “pobres, cegos e nus”. Espíritos eternos reféns de coisas terrenas.
Por outro lado, corações sinceramente desejosos de glorificar ao Pai tornam extraordinário aquilo em que puserem as mãos. Enxergam oportunidades de manifestar o Divino no lugar onde estiverem. Deixam legados que não conseguem sequer dimensionar.
Cor ten Boom, aparentemente, era “apenas” a simpática esposa de um relojoeiro e ficava em casa cuidando das filhas. Mas ela tinha um coração conectado a Deus. Lia as Escrituras, levava as suas garotinhas a ações sociais e preparava biscoitos frescos para as crianças da rua. Sempre oferecia um ambiente aconchegante para quem os visitasse. Cor partiu deste mundo sem saber, mas as suas filhas cresceram cheias de compaixão e ajudaram judeus a escaparem dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Uma delas, Corrie ten Boom, escreveu o testemunho que percorreu nações.
A velha senhora portuguesa não saberá que já fiz um devocional a partir do exemplo dela. Nós também não sabemos o alcance do que fazemos hoje, mesmo que pareça simples. Talvez nunca conheçamos todas as pessoas que nos observam. Não sabemos quem se abrigará na sombra do que plantamos, mas podemos escolher quais sementes usaremos. Se as nossas ações forem motivadas pelo desejo de honrar a Deus, ecoarão para a Eternidade. Se forem motivadas por razões pequenas, serão levadas pelo vento. Quais sementes escolhemos lançar?
A cada amanhecer, nos cabe decidir.