Meu nome é Gisele Caetano. Tenho 29 anos. Nasci em Mogi das Cruzes, São Paulo, mas morei muitos anos em um bairro chamado Guaianazes. Depois fui para a Vila Matilde e lá morei quase treze anos, até os 28 anos. Já fiz 29 aqui em Campina Grande, onde moro atualmente. Por sete anos estive na Igreja do pastor Eliezer Rodrigues.
São Paulo é uma agitação enorme e eu gosto disso. Gosto dos acessos que São Paulo dá. Se você quer comer as três da manhã, você consegue lugares abertos para isso. Se você quer ir ao mercado fazer as compras mensais na madrugada, você faz. Certamente, encontrará grandes supermercados abertos, isso era uma coisa que eu amava. Após os cultos, principalmente nos fins de semana, saíamos para comer e São Paulo é assim, uma cidade que não para.
Hoje, estou morando em Campina Grande e vejo que a diferença é gigantesca. Venho de um meio muito agitado. Com horários, estilo de vida e cultura bem diferentes. Maneira de falar distintas. Me sinto como se estivesse em outro país. Missões já começa aqui, porque é uma adaptação a tudo.
Se você não sabe o que é instabilidade climática, por exemplo, em São Paulo você descobre, porque lá, em um dia, vemos as quatro estações. Aqui é calor constante. Inclusive lá está fazendo média de 3 graus, graças a Deus não estou lidando com isso, porque nunca peguei um frio desses. Aqui é quase sempre calor, quando esfria é um, dois dias no máximo.
Eu gosto do sol, do calor. Nisso não tive dificuldade em me adaptar ao clima daqui. Mas teve um aspecto que senti dificuldades. Por morar em um lugar onde tudo é em um ritmo muito acelerado, horário para metrô, para chegar no trabalho, para chegar em casa, no culto. Então, as pessoas são ágeis. Aqui em Campina Grande, as pessoas falam com você e de repente dizem: “só um minuto”, vão lá dentro, atendem o telefone, depois ela volta. Precisei me adaptar a isso no começo.
Uma coisa que gosto é da comida nordestina. Amo coentro, cuscuz com ovos, coisas que eu nem imaginava que fosse gostar tanto. A comida daqui tem um gosto mais forte. Lá em São Paulo, como tem comida do mundo inteiro, tem menos sal e não tem uma comida característica, mas aqui tem. Em especial no período junino vi que as comidas são típicas.
Sou filha única. Meus pais se separaram há mais de 10 anos. Morei com a minha mãe até vir para Campina Grande, mas convivo de alguma maneira com meu pai. Não o vejo com mais freqüência porque, as vezes, ele está em algum empreendimento, ele viaja muito a trabalho como pedreiro. Hoje, meu pai tem outra família e segue vivendo em Guaianazes. Tenho mais um irmão por parte de pai que tem mais ou menos uns 14 anos. Cresci rodeada de crianças, primos, por ter uma família grande. Quando nasci, minha mãe já era professora, cresci com meus primos na casa da minha vó. Minha avó teve dez filhos e tenho muitos primos e tios.
Mario, meu pai é um homem muito carinhoso e sempre foi aquele que me mimava desde criança, a minha mãe é quem colocava as rédeas em mim. Até hoje ele é assim. Ele escolheu trilhar caminhos bem diferentes. Mas tenho um bom relacionamento com ele até hoje.
Eu conheci Jesus ainda bem pequena e quem me levou para a igreja foi a minha avó materna, ela é a minha mãe na fé. Mas meu pai nunca quis. Entendo que ele é meu pai e mesmo trilhando um caminho totalmente diferente do meu ele é meu pai. Independente de qualquer coisa, ele é meu pai. Meu relacionamento de filha é independente do caminho que ele trilha, embora eu permaneça orando por ele, crendo na salvação dele.
Minha mãe é maravilhosa. Uma guerreira. Após seu divórcio, ficamos só eu e ela. Minha mãe é muito dedicada, forte, corajosa, inteligente. Eu sou suspeita para falar como filha. Sou fã dela e me emociono ao falar sobre isso. Depois de Deus, ela é a pessoa mais importante para mim. As minhas bases foram construídas pela vida dela, a segunda pessoa depois dela é a minha avó. Muitas vezes, quando ela não estava presente era a minha avó que dava o suporte, me ensinava.
Amo a música. Antes de eu nascer, ela já era algo muito forte na minha vida. Da minha vó inclusive. A raiz da música também está nos meus tios. Eles cantam e tocam, e, por conseqüência, meus primos cantam. Um deles é pastor Neemias, Esdras, também. Minha mãe é contralto de um grupo de música de mulheres. Cresci nesse contexto, e também, éramos da Adventista e lá existe uma base muito forte musical.
Cantava no grupo de crianças com apenas 10 anos e fazia mímicas. Quando adolescentes, do grupo de jovens, e depois, grupo de louvor. Passei por bandas de coral Black, funk anos 70/80. Nocoral Black aprendi muitas coisas. Até que cheguei no Verbo e conheci o pastor Eliezer Rodrigues.
Tenho algumas referências na música. Hoje, posso dizer que tem uma cantora no Brasil que eu amo tanto musicalmente quanto a unção e a essência dela, que é a Nívea Soares. Antes, ouvia muito Diante do Trono também. Mas a Palavra revelada foi marcada em mim como brasa em um animal pelo pastor Eliezer. Ele é meu pai espiritual. Cheguei no Verbo sabendo cantar e, hoje, digo que aprendi a ministrar louvor. Porque cantar você pode cantar. Mas aprender a canalizar a unção na adoração é outra coisa. Envolve a Palavra, a vida de oração, a consagração, estar ali com a consciência certa, mas, também, aquela consciência, como dizia pastor Bud: “Você é apenas o jumentinho que carregava Jesus” (risos)
Tenho alguns conselheiros na área da música. Eliezer é o primeiro deles, o Douglas Ferraz, ele é ministro de louvor em São Paulo. Douglas é um dos meus professores, porque desde cheguei na igreja lá eu aprendi muito com ele. Desenvolvemos uma parceria de estar juntos ministrando e quando preciso saber de algo, penso: “O Douglas vai saber me dizer”. Esses dias mesmo eu falei com ele a respeito da letra de uma música. Uma coisa que o Verbo me ajudou muito é ser cuidadosa com aquilo que canto. E isso o pastor Bud nos ensinou bem, isso é bem forte em mim. Quando vejo coisas desalinhadas, já sinto um arranhão por dentro.
Ouvi uma música e achei linda, mas uma partezinha lá estava fora e mandei a música para o Douglas e pedi para me dizer o que ele achava. E ele falou: “poeticamente ela está correta, mas fere a visão”. Não podemos alterar letra de música, o tempo verbal até alteramos, tipo te adorarei (não, você não vai adorar, você já adora), eu te adoro!
E tem a Michele que também que me ajuda. Ela é do Verbo de Guarulhos e foi a minha professora de canto por um tempo. As aulas me ajudaram muito, ela me mostrou que posso explorar em mim muito mais do que posso fazer, mas é uma questão de diligência e esforço. Me acostumei a ter as aulas, as vezes faço alguns exercícios, mas é diferente de tê-la perto. Ela é uma pessoa com quem eu converso muito sobre música
Algumas canções são marcantes e não me canso de ouvir. Mas existe uma música que eu nunca vou deixar de cantar. Ela se chama: “Pra sempre teu”. É uma música que a Gateway fez e é cantada em português pelo André Valadão. A letra dela expressa o que eu nasci para fazer.
“Meu salvador serei pra sempre teu.
Libertador serei pra sempre teu.
Eu te amarei de todo coração
Eu te adorarei, levanto minhas mãos
Tudo entregarei sacrifício vivo
És o meu prazer, razão do meu viver”
Eu tenho o sonho de ministrar com algumas pessoas que admiro muito ou de pelo menos receber de perto, como: Darlene Zschech, Kari Jobe, Kim Walker, são ministérios que me afetam de forma tremenda. As vezes, em adoração, quando vejo estou prostrada ao chão. Jenn Johnson da Betel, meu Deus, aquela mulher é uma benção. Inexplicável a unção que flui através da vida dela.
Entendi que elas chegaram em lugares espirituais altos (e não estou falando de carreira), por causa de uma vida de adoração que ninguém está vendo e foi isso que o Eliezer me ensinou quando falou pra mim: “Você só levará as pessoas a um nível e a um lugar no espírito onde você já chegou. Se esse lugar é desconhecido para você, se você nunca foi lá, não saberá conduzir as pessoas até esse lugar”. Isso me remete a sacrifício, a tempo, oração, consagração e santidade.
Quando pessoas vêem essas mulheres lá na frente louvando e adorando ao Senhor não tem noção no tamanho das renuncias. Com o tempo você entende: “se eu quiser passar desse nível, algo vai ser requerido de mim. Eu preciso mudar…” Quanto maior a visibilidade, maior é o preço a ser pago e pode triplicar isso.
Quando penso no futuro, me imagino casada, mas não sei onde estarei. Porque desde quando soube que Deus queria que eu viesse para Campina Grande, fazer a Escola de Missões Ele não me deu data de volta. Então, isso me faz não fixar data para estar em algum lugar. Eu vou para o lugar que Ele me levar. Eu não imaginava há dois anos estar aqui. Tinha a nota em meu coração, mas saber que estaria aqui, não. Eu gosto disso…
Poucos anos depois de entrar no Verbo, Deus falou comigo sobre Campina Grande. Eu vi o pastor Bud, a mama Jan e a Sylvia e o Senhor me falou que um dia eu viria pra cá. Passaram-se alguns anos, fiz a Escola de Ministros em 2013 e vim para a Aula de Campo da Escola de Ministros em Campina Grande. Foi maravilhoso. Tivemos como presente o pastor Bud ministrando para nós por 45 minutos.
Pensava: Só Deus pode me trazer pra esse lugar… E chegou o dia em que Deus começou a usar pessoas para confirmar, até o cachorro foi usado e percebi: é agora. Mesmo lidando com algumas coisas em família que precisavam da minha ajuda. eu sabia que não podia mais adiar essa direção. Foi preciso dar o passo de obediência e sair do lugar de conforto. Não tem outro lugar que quero estar agora…
Sou uma pessoa bem intensa. Uma menina, as vezes não acreditam na minha idade. Sou chata, perfeccionista (com música especificamente), mas emotiva. Uma pessoa que luta pela vida desde pequena. Era pra eu ter morrido com três anos e o Senhor não deixou. Sou uma mulher totalmente rendida ao Senhor e ao que Ele é capaz de fazer na vida de um ser humano (e sou prova disso).
Sou feliz, muito feliz, porque sei que estou vivendo o propósito de Deus para a minha vida. Uma pessoa simples, mas muito doida, para ser missionária tinha que ser (risos). Parece que eu já nasci com uma mochila nas costas. É muito louco isso, quando eu tinha 15 anos olhava para o céu, via os aviões e dizia para a minha mãe: “Vamos embora?” Ela dizia: “Está louca menina? Vamos pra onde?”. Eu não tinha a Palavra da fé, não tinha o conhecimento que tenho hoje e não entendia, mas era algo que mexia comigo no meu ventre e eu pensava: “Tem algo maior que eu…”
Tem uma frase do Myles Munroe que amo: “O pior desastre na vida de um ser humano é ele viver sem um propósito, sem saber por que nasceu”.
Graças a Deus, sei por que nasci e aonde irei chegar. Isso não tem haver só comigo, mas eu não preciso viver apenas para mim. Entender isso dá um novo sentido a nossa vida. Tudo tem mais cor, sei que vou afetar a vida de outras pessoas.
1 Comentário
Conheço bem a Gi e ela é uma pessoa formidável, canta muito e cheia de unção! Avança Gi!