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Deus mata?

por Hermínio Resende

Se Deus não mata, como explicar Isaías 22.15-19?

É preciso, primeiramente, entendermos o contexto da passagem acima. Deus está usando o profeta Isaías para entregar uma mensagem a Sebna, um oficial de Judá do alto escalão, que tinha se desviado do seu propósito inicial.

A Bíblia nos mostra que Sebna tomou uma postura egoísta e orgulhosa mesmo em meio à situação difícil que sua nação enfrentava (v16. Que é que tens aqui, ou a quem tens tu aqui, para que cavasses aqui uma sepultura? Cavando em lugar alto a sua sepultura, e cinzelando na rocha uma morada para ti mesmo?). Aqui, Isaías traz uma mensagem de juízo: Sebna iria ser removido da posição que ocupava e, consequentemente, não teria a honra que tanto almejava, pois suas motivações eram soberba e vaidade (v18. Certamente com violência te fará rolar, como se faz rolar uma bola num país espaçoso; ali morrerás, e ali acabarão os carros da tua glória, ó opróbrio da casa do teu senhor).

Desse modo, Sebna foi julgado e em vez de uma sepultura em lugar alto, ele iria morrer exilado e sob vergonha. E de acordo com o versículo 19 (E demitir-te-ei do teu posto, e te arrancarei do teu assento), o Senhor colocaria uma outra pessoa em seu lugar de autoridade, Eliaquim.

A ação da misericórdia

Ao lermos todo o Antigo Testamento, encontramos situações semelhantes a de Sebna, que devem ser interpretadas corretamente. No livro de Gênesis, há uma versículo-chave para entendermos tais situações. Quando Deus reprova Caim e sua oferta, este fica furioso e, logo em seguida, Deus fala no capítulo 4 v.7: “Se você fizer o que é certo, será aceito. Mas, se não o fizer, tome cuidado! O pecado está à porta, à sua espera, e deseja controlá-lo, mas é você quem deve dominá-lo”.

O que na realidade podemos observar no Antigo Testamento é a misericórdia de Deus em favor do povo, pois quem recebeu uma mensagem de juízo e se arrependeu, foi salvo. Como exemplo, temos a história dos Ninivitas. Após Jonas decidir obedecer a Deus, ele sai da barriga do grande peixe e vai a Nínive entregar a mensagem de Deus. Vemos em Jonas 3.4: “No dia em que Jonas entrou na cidade, proclamou às multidões: “Daqui a quarenta dias Nínive será destruída!”.

Podemos observar que houve um arrependimento coletivo e o rei enviou um decreto, como podemos ler em Jonas 3.8,9: “Tanto as pessoas como os animais devem se cobrir de pano de saco, e todos devem orar fervorosamente ao SENHOR. Devem deixar seus maus caminhos e toda a sua violência. 9 Quem sabe Deus voltará atrás, conterá sua ira ardente e não nos destruirá”. Essa atitude de arrependimento, se convertendo dos maus caminhos, os livrou da destruição. A mensagem de Jonas não foi para morte, mas serviu de livramento (Jonas 3.10).

Em Êxodo 19, Deus decide se manifestar gloriosamente ao povo no monte Sinai, mas para isso, Ele instruiu Moisés sobre os limites: o povo precisava se santificar e lavar suas roupas, não podia ultrapassar e nem tocar na base do monte, pois quem o fizesse, iria morrer. Fica, assim, evidente que o desejo de Deus é o de manifestar Sua glória sem que ninguém morresse, por isso, Ele mesmo dá todas as instruções necessárias. O que causaria a morte, de fato, seria a desobediência da instrução.

O que causa a morte

A lei da gravidade é um bom exemplo natural para aumentar nosso entendimento no assunto. Ela é uma das forças da física criada por Deus para sustentar a vida na terra. Se alguém decidir pular do terceiro andar de um prédio, vai se machucar muito, ou até mesmo morrer. Isso significa que a gravidade mata? Ao contrário, ela é um dos fatores naturais que permite a vida. Eu diria que desrespeitar a gravidade pode causar a morte.

Em comparação com o Antigo Testamento, vemos na Nova Aliança uma forma diferente de sermos alertados por Deus. Em I Coríntios 11.28 diz que o “homem deve examinar a si mesmo”. O conhecimento das Escrituras revelado a nós pelo Espirito Santo nos leva ao aperfeiçoamento, e caso venhamos a cometer algum erro, seremos sinalizados pelo nosso próprio espirito (voz da consciência). Dessa forma, julgando a nós mesmos, andaremos em retidão e livres de qualquer dano – como está escrito nos versículos de Colossenses 3.5-7: “Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria.

É por causa dessas coisas que vem a ira de Deus sobre os que vivem na desobediência, as quais vocês praticaram no passado, quando costumavam viver nelas”. Do mesmo modo, corroborando o texto acima, Hebreus 12.28-29 também afirma: “Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor, pois o nosso Deus é fogo consumidor”.

Toda boa dádiva

Como podemos ver, desde o Antigo Testamento, a bondade de Deus é nítida e n’Ele não há mal algum (“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação – Tiago 1.17). A bondade de Deus e Sua misericórdia estão manifestas em toda a Bíblia. Ao observarmos as Escrituras, vamos encontrar homens que sofreram danos por causa da falta de reverência e temor à presença de Deus, mesmo após serem alertados sobre seus erros. Assim, como está escrito em Provérbios 29.1, o homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado de repente sem que haja cura”.

É preciso entender que o nosso Deus é bom e quer manifestar Sua glória a nós. Mas para nos relacionarmos com Ele, é preciso viver uma vida com temor e reverência.

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