Provavelmente, você ficou curioso acerca desse título. De fato, ele tem tudo a ver com o que estamos aprendendo até aqui. O que compartilharei nas próximas linhas é simples e libertador, algo que tenho aprendido com o Senhor e também através de mensagens do ministro norte-americano Dan Mohler – algumas de suas pregações ajustaram minha percepção acerca dos assuntos que tenho tratado nessa obra.
Todos nós passamos por situações que podem se tornar marcas traumáticas em nossa identidade e propósito. Decepções, frustrações, injustiças, situações já mencionadas em capítulos anteriores e outras nem descritas. A lista dessas experiências é muito grande, no entanto não precisamos ser pessoas traumatizadas e sobrecarregadas com o passado pelo resto da vida.
Não olhe para trás
A mulher de Ló é um exemplo de alguém que ficou preso no passado. Como sabemos, Ló e sua família (esposa e duas filhas) moravam em Sodoma, cidade cujo pecado desenfreado resultou no juízo divino que a faria ser destruída completamente.
Abraão, sendo um grande amigo de Deus, ficou sabendo, pelo próprio Senhor, que Sodoma seria consumida e intercedeu pelo seu sobrinho Ló, para que a vida dele fosse poupada. Deus atendeu o pedido de Abraão e dois anjos foram até a casa de Ló para avisá-lo e ordenar que ele e sua família saíssem antes da destruição. Ló acreditou, mas demorou para pegar suas coisas e sair, de modo que os anjos agarram suas mãos e de sua família e os tiraram da cidade, dando apenas uma ordem: “Não olhe para trás”. Veja:
Ao raiar do dia, os anjos insistiam com Ló, dizendo: “Depressa! Leve daqui sua mulher e suas duas filhas, ou vocês também serão mortos quando a cidade for castigada”. Tendo ele hesitado, os homens o agarraram pela mão, como também a mulher e as duas filhas, e os tiraram dali à força e os deixaram fora da cidade, porque o Senhor teve misericórdia deles. Assim que os tiraram da cidade, um deles disse a Ló: “Fuja por amor a vida! Não olhe para trás e não pare em lugar nenhum da planície! Fuja para as montanhas, ou você será morto!” (Gênesis 19:15-1).
Rompendo com a Sodoma do passado
A Bíblia não explica por que o Senhor deu essa ordem à família, mas certamente a Sua proposta era de uma nova oportunidade, um novo começo, e que por isso não deveriam olhar para trás.
“(…) e livrou o justo Ló, afligido pelo procedimento libertino daqueles insubordinados (porque este justo, pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles)” (2 Pedro 2:7).
Infelizmente, a esposa de Ló olhou para trás e se tornou uma estátua de sal. Sua decisão arruinou seu próprio destino e corrompeu o de sua família, pois Ló e suas filhas se esconderam numa caverna em vez de irem para uma nova cidade ou buscarem a ajuda de Abraão.
Sem senso de propósito dentro daquela caverna, as filhas de Ló não se casaram, terminando por cometer incesto com o pai e gerando uma descendência de perseguidores do povo de Israel.
É impressionante o que aconteceu com essa família porque um membro olhou para trás – permaneceu preso ao passado, ao pecado, às experiências antigas. Simplesmente, não era possível viver o novo estando ainda preso ao velho, com uma antiga forma de pensar, de crer e agir. Eles tinham que romper com a Sodoma do pecado, do medo, do passado.
Há aqui uma grande lição para nós. Assim como eles, já saímos da Sodoma do pecado, das frustrações, do medo e da timidez, mas muitas vezes não conseguimos viver o novo porque ficamos presos ao meio do caminho olhando para trás pensando no que passou, estacionados entre Sodoma e a Terra Prometida, entre Lodebar e Jerusalém.
Eis que faço novas todas as coisas
Na recriação e restauração da nossa identidade e propósito, o Senhor nos diz: “Esqueça o que passou, não fique preso lá atrás, olhe para frente”. Todas as nossas decisões e a forma como encaramos a vida influenciam aqueles à nossa volta. Evidentemente, Ló e suas filhas poderiam ter assumido a responsabilidade e feito escolhas diferentes, mas é inegável que a decisão da mulher deixou uma influência, uma sombra de sua desobediência.
Quando esquecemos o passado, entramos na nova estação que Deus tem para nossa vida e nos tornamos uma fonte de inspiração para que outras pessoas também acessem o que o Senhor reservou para elas. Pelo nosso exemplo, podemos cooperar com a obra que o Espírito Santo está realizando na vida dos que estão ao nosso redor.
A única forma de alguém crescer e amadurecer é continuar “marchando”. Não é possível viver o novo de Deus olhando para o que aconteceu. É preciso perdoar quem nos ofendeu – ou perdoarmos a nós mesmos sabendo que Deus nos perdoou em Cristo Jesus – e não parar no meio do caminho. A nova história que Deus tem para nós precisa ser escrita com fé no que Ele diz: “Eis que faço novas todas as coisas” (Apocalipse 21:5).
*Trechos do livro Identidade Recriada, Propósito Restaurado.