Restauração e perdão

Logo que entrei na faculdade, para minha formação docente, ouvi uma frase em uma aula de Filosofia que me impactou profundamente: “Às vezes, precisamos dar um passo para trás para dar dois passos à frente”. De fato, quando deixamos de lado as nossas “razões” para que a razão da lei do AMOR entre em operação, o resultado é transformação.
O passo que pode parecer atrás, pode ser um grande passo para um tempo de restauração.
Não nos tornamos grandes amigos, porém não nos tornamos inimigos. Mantivemos uma convivência respeitosa e em paz.

Seja você o primeiro a buscar o caminho do perdão. Faça a sua parte e se a outra parte não quiser acordo, você estará em boa consciência de que fez tudo que estava ao seu alcance para fazer.

“‘Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros’ (Romanos 14.19 – RA).

“Isso nos mostra como devemos tratar a pessoa ofendida. Se formos com uma atitude de frustração, não promoveremos a paz. Só estaremos dificultando as coisas para ela. Temos de manter uma atitude de quem segue as coisas da paz, através da humildade, à custa de nosso orgulho. É a única forma de garantirmos a verdadeira reconciliação. Em certas ocasiões, tenho procurado pessoas a quem magoei, ou que estão com raiva de mim e me tratam com severidade. Dizem que fui egoísta, sem consideração, orgulhoso, rude, áspero e assim por diante. Minha resposta antes era: ‘Não sou. Você é que não me compreende!’. Mas, quando me defendo, coloco mais lenha na fogueira. Isso não é seguir as coisas da paz. Defender-nos e aos ‘nossos direitos’ nunca trará paz real. Ao invés de dar essa resposta, tenho aprendido a ouvir e a manter minha boca fechada, até que tenham dito aquilo de que precisam. Se eu não concordar, deixo-as saber que respeito o que disseram e que reavaliarei minha atitude e intenção. Aí, então, desculpo-me por tê-la magoado. Outras vezes, essas pessoas estão corretas em sua análise. Eu admito: ‘Você está correto. Peço perdão’” (Bevere, 2002, p. 165, 166).

Amo o capítulo 12 de Romanos, principalmente nos versos, que tratam da lei do amor. Vejamos:

“O amor deve ser sincero. Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom. Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios. Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem, e não os amaldiçoem. Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor. Ao contrário: ‘Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele’. Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” (Romanos 12.9,10,14,17,18-21 – NVI).

Durante muito tempo da minha caminhada cristã, ouvia pessoas falarem que o amor não é um sentimento e sim uma decisão, uma atitude. Confesso que achava muito bela a expressão, porém gostaria muito de compreender sua aplicação em um sentido prático.
Foi justamente ao ler passagens da Bíblia que nos mostra como devemos agir com os nossos inimigos, pessoas que são contra nós, que a revelação chegou. Jesus nos incentivou a amá-los.
Pense comigo: naturalmente falando, nossa vontade diante do inimigo é de ficarmos irados, cheios de raiva, de devolver com a mesma moeda ou até mesmo fazer algo pior do que nos foi feito. Aí nosso Mestre, Senhor e Salvador diz: “AME”, ou seja, não vá pelos sentimentos, vá na força do amor que nos faz superar a nós mesmos, diante de cada momento da nossa vida. A sua atitude de fazer diferente, andando em amor, irá curá-lo (a) desta amargura.

“Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5.44 – RA).
“A fé que você recebeu é também para você controlar seus sentimentos” (Ap. Guto Emery – Conferência de Ministros Verbo da Vida Nordeste, 2017).
Insisto em dizer que o amor irá curá-lo da amargura. Não espere sentir para agir em amor. Nós que professamos a Cristo e temos o amor que foi derramado em nosso coração, justamente para amarmos uns aos outros e não andarmos pelos sentimentos devastadores, mesmo sabendo que eles estão presentes na nossa condição humana. Mesmo assim, lembre-se do conselho do Senhor para que você tenha saúde e vida plena.

“Filho meu, não te esqueças dos Meus ensinos, e o teu coração guarde os Meus mandamentos; porque eles aumentarão os teus dias e te acrescentarão anos de vida e paz. Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao pescoço; escreve-as na tábua do teu coração e acharás graça e boa compreensão diante de Deus e dos homens. Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal; será isto saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos” (Provérbios 3.1-8 – RA).

Não podemos ser absorvidos pelo espírito deste mundo, que é implacável e sem misericórdia. Como cristãos, devemos controlar nossa ira e sabermos que, se dermos lugar à carne, teremos uma colheita na carne, mas se pelo espírito mortificarmos os feitos do corpo e andarmos em Espírito, jamais satisfaremos os desejos carnais e teremos colheitas poderosas em Deus, que marcarão não apenas a nossa vida, mas a dos que nos cercam.
Muitos, pela dureza do coração, estão se perdendo no meio do caminho. Guarde mesmo seu coração de ressentimentos, pois isso é saúde para sua vida!

O que não é possível determinar é quanto tempo alguém pode permanecer nessa fase da semente. Na natureza, algumas sementes ficam guardadas por grandes períodos, sem que ainda brotem. É a chamada “semente no estágio de dormência”.
“Algumas sementes germinam assim que encontram as condições ambientais necessárias; já outras sementes, mesmo em condições ambientais favoráveis, não conseguem germinar, sendo por isso consideradas dormentes. A dormência é um processo de evolução das espécies vegetais em relação aos fatores ambientais, sendo que, com isso, conseguem distribuir a germinação de suas sementes ao longo do tempo” (LOUREDO, Paula; Brasil Escola ¬. Disponível em https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategiasensino/germinacao.htm).
Logo que perceber semente de desgosto tentando se instalar em seu coração, posicione-se em Deus e diante das pessoas, segundo os princípios estabelecidos pelo nosso Pai Celestial, mesmo que esta semente possa parecer que está adormecida.