
Diretora do Rhema em Boa Vista (RR)
A unção do Espírito Santo respeita nossas individualidades, mas não é meramente subjetiva. Ele é o Espírito da verdade e n’Ele está todo o conhecimento. Não existe a possibilidade de a unção que vem sobre uma reunião de cristãos compartilhe princípios diferentes entre aqueles que estão reunidos com “a mesma disposição mental e o mesmo parecer”.
Certamente, era esse o problema dos coríntios. Eles não sabiam discernir o corpo e por isso os dons se manifestavam sem que fossem sujeitados aos profetas que se moviam. E isso devido a uma mistura perigosa de euforia e ego.
Unção ou apreço?
Não sei se para os coríntios, mas evidentemente para alguns crentes da atualidade, uma das causas de se confundir unção com emoções e sentimentos é a expectativa depositada naquilo que, chamando de unção, não passa de um apreço natural por pessoas, objetos, gestos canções e o que mais estiver envolvido no culto, consciente ou inconscientemente. Diante desse engano, fica fácil sair da unção e passar ao misticismo, ao fanatismo, à idolatria.
O culto sacrificial e racional impele-nos à maturidade, sob pena de ferirmos a delicadeza da unção. E ela não é delicada porque é sempre silenciosa ou calma, mas porque é sempre sensível e gentil, extremamente respeitadora das escolhas dos homens. Se escolhemos estar por inteiro em um culto, prestemos atenção na direção do vento, sem nos perguntarmos de onde vem e para onde vai, sem desejar o controle e todas as respostas que satisfarão a lógica do gosto pessoal. É necessário, em vez disso, seguir com confiança a instrução que se está recebendo por dentro, e será sempre preciso estar sensível a ela. Não adianta estar desligado da unção durante a semana e acreditar que saberemos lidar e reconhecer as direções do Espírito no domingo à noite.
Vasos de barro
A vacina e o remédio é o quebrantamento e o conhecimento da Palavra de Deus. É para Jeremias que Deus diz que determinados escritos importantes para Israel precisariam ser guardados em um vaso de barro, porque esse recipiente conservaria melhor o rolo em que estavam registradas (Jeremias. 32.14). E é aos coríntios que Paulo diz que temos precioso tesouro guardado em vaso de barro (2 Coríntios 4.7).
Em que pese o foco de Paulo no valor das coisas internas em comparação com a fragilidade do corpo, a analogia pode servir para refletirmos sobre o recipiente de barro enquanto objeto cuja capacidade de conservação daquilo que se põe dentro dele é de grande valia. Entretanto, será preciso depositar nele aquilo que vale a pena manter ao longo dos anos, aquilo que não envelhecerá.
Estamos cheios da Palavra e do Espírito, e por isso podemos nos mover a partir daquilo que está sendo conservado no nosso interior. Só assim obedeceremos exclusivamente à unção, sem atribuí-la a alguém ou a algo especificamente e incondicionalmente.
Conheça as Escrituras
Quando estivermos no culto, é sábio não nos movermos como os outros, por imitação ou contágio, simplesmente. De modo algum podemos dar munição a quem nos acusa de histeria coletiva. E é igualmente sábio não procurar motivações externas, seja na forma de uma canção favorita ou de uma pessoa favorita. Aliás, é extremamente necessário que nos certifiquemos de que não são sentimentos, preferências e julgamentos que estão fabricando o nosso fervor.
Ao pensar no alimento como sendo fonte dos nutrientes que farão o corpo durar mais, logo será possível inferir que aquilo que colocamos para dentro não pode ter sempre a ver com vontades imediatas, mas com intencionalidade produtiva. Nossas escolhas devem ser maduras, porquanto, resguardados os casos de patologia, a demasiada seletividade alimentar não indica atitude adulta, senão comportamento infantilizado. Cresçamos e prossigamos em conhecer as Escrituras e o poder de Deus (Mateus 22.29).