Sou natural de Campina Grande (PB), onde morei até os meus 15 anos, quando os meus pais receberam o chamado para ir para Campo Grande (MS). Tenho mais dois irmãos, um mais velho e uma irmã mais nova.
Meu pai, Josimar Lima, tem uma história bonita no Ministério Verbo da Vida. Ele foi da primeira turma do Rhema, juntamente com o apóstolo Guto Emery, Canrobert Guimarães e todo o pessoal da vanguarda do ministério. Só que ele tinha se convertido em um igreja tradicional, fez o Rhema e descobriu a Palavra revelada. Ele serviu durante muito tempo como ministro de música em Campina Grande, durante cinco anos, e minha mãe foi professora do Departamento Infantil por muito tempo. Até que em 2003, Deus falou com eles para irem para Campo Grande (MS) para estabelecer o Verbo da Vida lá.
Ele já tinha a cidade de Campo Grande no coração, Deus já estava comunicando coisas para ele, através de profecias e de testemunho interior e, em um domingo de manhã, ele pregou na igreja, na época ainda era no bairro da Prata, e o pastor Bud nos chamou para almoçar depois do culto. Saímos todos para almoçar e ele perguntou ao meu pai: “Você tem Campo Grande no coração?” e ele falou que sim.
Ele é funcionário público, trabalha na Embrapa. O Pr. Bud perguntou se tinha Embrapa lá, por ele ter um emprego fixo, poderia ser transferido e ajudar na fundação da igreja, e meu pai falou que tinha. Ele entrou com um processo de transferência, que exigiu bastante fé nossa, porque não foi fácil. Vários milagres aconteceram para que nós chegássemos a Campo Grande. No dia 31 de janeiro de 2004, nós pisamos lá e começamos a igreja.
Desde pequeno eu sempre fui envolvido no ministério, na igreja. Eu saí com 15 anos de Campina Grande, e enquanto eu era adolescente eu servi no departamento lá. Eu era conselheiro junto com Perilo Borba, Luana Mayara. Desde sempre eu fui muito envolvido, sempre servindo ao Senhor. Eu não lembro de um domingo que nós ficamos em casa, todo domingo nós íamos para a igreja.
Meus pais sempre serviram no ministério, meu pai foi líder do departamento de música, durante cinco anos, e minha mãe era professora do departamento Infantil. Fomos para Campo Grande e, este ano, a obra completou 15 anos.
Iniciamos a obra na nossa casa mesmo, e como filho de pastor não tinha como não estar envolvido. No começo não tinha nem projetor multimídia, era no retroprojetor, então eu mudava as lâminas. Meu irmão sempre foi músico, toca teclado e hoje é pastor em Três Lagoas, então eu comecei a servir no departamento de música, comecei a tocar contrabaixo servindo lá por muitos anos. Terminei o Ensino Médio e fiz a faculdade de Economia e fiz o Mestrado, neste período morei quase dois anos na casa do Pr. Aurélio, que hoje é pastor de Curitiba (PR). Terminado o Mestrado eu voltei para Campo Grande e casei com a Ariane. (Clique aqui e leia o Nossa Gente da Ariane)
Eu fazia o segundo ano do Rhema, quando comecei a notá-la, uma aluna diferente, bonita. E sempre que acabava a aula, a gente costumava ficar com o pessoal que conhecíamos e ela sempre ficava sozinha, embora tivesse amigas de outras igrejas com quem conversava, até seus pais chegarem para levá-la. Eu comecei a notar esse padrão, um dia que ela estava esperando sua mãe, eu senti uma impressão dentro de mim para falar com ela.
Eu sou uma pessoa muito reservada. Antes de fazer Rhema, eu era daqueles de não falar. É até um paradoxo, porque Deus falava comigo a respeito de ministério, mas eu não conseguia falar em público e pensava em como eu iria fazer uma ministração. Eu sou uma pessoa totalmente diferente do meu pai, porque ele é uma pessoa muito expressiva e eu não, eu não tenho esse perfil. Devido a isso eu me perguntava como eu iria chegar em uma menina e ela foi a primeira menina que eu cheguei assim, para conversar. Eu cheguei e ela estava sozinha. Eu perguntei se ela era a irmã do Abner e a gente conversou muito pouco naquele dia, porque o pai dela chegou, mas eu peguei o contato dela no MSN, que naquela época era muito importante.
Tempos depois eu a chamei, para me declarar a ela. Eu a chamei para tomar um picolé e me declarei. Disse que ela era a mulher da minha vida, que eu iria me casar com ela, como dizem lá no Nordeste, eu estou apaixonado por você “arriado os quatro pneus”.
Eu ainda convivi com o pai dela vivo, ele não a deixou no altar, mas quando fomos oficializar eu marquei um jantar com toda a família reunida e disse que queria pedir a mão dela em namoro e casamento. Eu não tive a oportunidade de pedir a mão dela em casamento, mas o pedido de namoro foi o início do processo e a gente namorou por 3 anos, ficamos noivos por um ano até casarmos e estamos a seis anos casados.
Temos uma filha de um ano e seis meses e uma filhinha no céu que nasceu prematura, mas que não resistiu.
Para mim, essa perda foi bem difícil porque eu tinha que passar força para ela. Tinha que estar sempre do lado dela. Quando ela estava chorando eu estava lá me fazendo de forte, quando às vezes a gente recebia um relatório dos médicos, que não era tão bom, e ela chorava eu a abraçava e tentava segurar a onda. Sempre nós estivemos firmes na fé, declarando, crendo, confessando e a fortalecendo.
Mas, só Deus sabe os momentos em que eu chorei sozinho, eu ainda tenho um trabalho, sou funcionário público concursado e ainda sou pastor da igreja, o que faz com que meu tempo seja bem corrido, mas eu fazia questão de toda vez que eu saia do trabalho ir para o hospital ficar um tempo, sempre do lado dela, para segurar a corda, dando a direção, dando palavras de fé e conforto.
Eu não cheguei a pegar a Eloá no colo, a Ariane ainda teve a oportunidade, porque fez o “canguru”, mas eu nunca cheguei a pegá-la no colo viva. Quando eu pude pegá-la nos braços, ela já tinha partido. Eu sempre acordo cedo para ir trabalhar e eu me recordo que nesse dia, ela me disse para eu não ir trabalhar e eu falei: “como assim?”. Eu tinha que ir, tinha que cumprir horário. Mas, mesmo assim ela disse para que eu não fosse trabalhar. Eu então mandei mensagem para o pessoal do trabalho e disse que iria chegar mais tarde, isso era por volta das 6h30 da manhã que é geralmente a hora que eu acordo, e por volta das 8h o hospital ligou para a gente informando que a Eloá tinha partido, quando nós chegamos no hospital eles deram a oportunidade para que nós a pegássemos no colo e aí foi a primeira vez que eu a segurei em meus braços, mas já sem vida. Ali eu desabei, tudo que eu estava segurando, sendo forte foi por água abaixo. O mais difícil foi justamente pegá-la no colo já sem vida.
O momento mais difícil para mim foi o sepultamento, o caixão bem pequeno e eu mesmo que carreguei sozinho, foi bem difícil, mas o Senhor tem sustentado a gente, nós temos desfrutado de um consolo sobrenatural, é impressionante. Ela faleceu na sexta de manhã e a gente tinha uma Conferência de Homens e de Mulheres na igreja à noite, com o Renato e a Klycia Gaudard, que foram socorro de Deus pois eles nos deram um suporte muito importante. O nosso supervisor Rozilon e sua esposa Daiane Lourenço sempre ligavam pra a gente, perguntavam como nós estávamos. Nós recebemos todo carinho que precisávamos naquele momento. O próprio Ap. Guto e a Suellen Emery, junto com toda a diretoria do ministério, nos enviaram mensagens de consolo.
Como tinha essa conferência nós decidimos ir para a igreja e falamos para toda a liderança que independente do que aconteceu Deus não muda, Deus é o mesmo, Ele continua no Seu trono reinando e curando do mesmo jeito, que a Palavra é a verdade e funciona, que se eles quisessem dar um abraço na gente, nós estaríamos no culto da noite. Aí a igreja também nos abraçou, sempre esteve orando, pegando junto, foi muito família. Como teve a conferência, eles ficaram na expectativa. A líder de Mulheres nos disse que nós não precisávamos nos preocupar, que elas iriam fazer tudo acontecer. Se nós não quiséssemos ir, nós não fôssemos. Nos deram todo o suporte e apoio.
A gente se ajuda muito, quando a Ariane passou pelo processo de perda do seu pai eu já estava próximo e quando eu perdi a minha mãe, Linda, ela me ajudou muito. Mas, foi muito difícil, porque dos três filhos eu sempre fui o mais apegado a minha mãe, ela faz uma falta enorme, porque era uma mulher muito sábia e trazia sempre um conselho sábio no momento certo. Então, eu sinto saudade, mas eu sei que ela está na glória e em breve nós vamos nos reencontrar, foi um até breve, mas o que a gente sente é a saudade, a falta da pessoa e a falta que ela faz para esse mundo, de receber um abraço de mãe, que é um abraço que só mãe dá.
Agora, a mãe da Ariane está nos ajudando bastante com a Elisa e eu sei que se minha mãe estivesse viva ela ajudaria também. Eu lembro que ela falava da netinha dela, quando nós iríamos dar uma netinha a ela, quando eu olho para a Elisa eu penso como eu queria que a minha mãe estivesse aqui vendo ela crescer.
Os primeiros meses foram bem difíceis mesmo, da gente ir na casa e não ver ela, porque a Eloá passou pouco tempo com a gente, mas a minha mãe foi a vida inteira. Em alguns momentos eu ainda me remeto à lembrança, quando alguém fala alguma expressão que remete a ela, principalmente do Nordeste, que são bastante características. Às vezes, dá um aperto, mas a gente está continuando o legado dela, o “xero” que ela dava. Ela marcou nossa vida. Eu tenho muitas características do meu pai, mas de personalidade eu tenho muitos traços dela.
Ela era essa pessoa sociável, mas era reservada e quando ela falava com alguém, era para falar com sabedoria. Ela era uma mãezona mesmo, não só para mim, mas para a igreja toda. Era diretora do Rhema e se você perguntar aos professores que ela recebia lá, ela os tratava como filhos. Todos os professores que passavam lá a amavam e queriam voltar. Ela deixou muitos filhos pelo Brasil, assim como marcou a minha vida, ela marcou a vida de muitos e eu quero dar orgulho para ela.
Agora, nós assumimos a liderança da igreja de Campo Grande e tem sido desafiador, tem sido uma responsabilidade muito grande. Nós somos responsáveis por em média 700 a 800 pessoas na igreja como um todo. É uma igreja muito grande e uma responsabilidade muito grande também, mas como tudo na minha vida foi muito cedo, eu fui indicado para ser professor do Rhema com 23 anos, fui diretor da Escola de Ministros com 27 e sou pastor presidente da igreja com 30 anos. Tudo aconteceu muito rápido nas nossas vidas.
Apesar da idade, porque as pessoas pensam que idade é sinônimo de maturidade, e não é, apesar de sermos um casal jovem, nós já passamos por muita coisa que nos deu muita maturidade, que nos fez “engrossar o couro” como fala no Nordeste. Foi isso que acredito que o Ministério Verbo da Vida viu nas nossas vidas, a forma com que a gente tem sido diligente em tudo que nós temos feito até agora, como na Escola de Ministros. É um desafio muito grande. Até hoje eu lembro de um exemplo que Sylvia Lima deu na Escola, que você estar à frente de uma igreja é como pilotar um avião com 800 pessoas.
A nossa igreja é uma responsabilidade enorme. Há horas que me dar aquele temor santo, aquele zelo pelo ministério e pela obra, há um senso de responsabilidade muito grande. Mas, também é uma honra e um privilégio influenciar tantas pessoas através da nossa vida e do nosso testemunho.
Eu não me via no ministério pastoral. Eu sabia que tinha um chamado nos cinco dons, mas não sabia qual. Eu terminei o Rhema, comecei a desenvolver o meu ministério e aí fui indicado para ser professor e flui na unção do mestre por muito tempo e me via nessa função por mais tempo.
Quando eu falo sobre isso eu gosto de citar Davi, porque ele foi ungido para ser rei, mas antes de enfrentar Golias, ele enfrentou um urso, um leão e aqueles desafios eram oportunidades para o crescimento deles, para que quando chegasse uma oportunidade maior ele estivesse pronto, pois as oportunidades vêm disfarçadas de desafios. Naquela ocasião, a oportunidade era ser Rei de Israel e o desafio era enfrentar o gigante. Tudo que ele enfrentou foi preparando ele para que ele assumisse aquela posição. Deus foi me preparando ao longo do tempo para esta posição que Ele me confiou e eu tenho confiado na graça e na unção, desfrutando mesmo da unção pastoral. Deus só precisa de um coração disponível e Ele encontrou em nós e aqui estamos para servir.
A Ariane é para mim aquilo que Bíblia diz sobre a mulher: uma auxiliadora idônea e capaz. As coisas que eu mais observei nela foram o amor pela família, se ela amava assim os pais e os irmãos ela ia zelar pela família. Ela é muito isso, muito coração, muito sensível, enxerga aquilo que eu não enxergo, um detalhe que eu não vejo. Às vezes, eu falo alguma coisa e ela me diz que eu fui muito duro com relação a alguma coisa. Disse que ao lado de todo grande homem há uma grande mulher e eu tenho certeza que ela é uma grande mulher e muitas vezes as pessoas acham que a mulher do pastor tem que pregar, mas ela é meu apoio no ministério, sendo mãe e esposa.
Não precisa estar no púlpito, pegar no microfone, é claro que Deus usa ela desta forma também, mas ela é a minha base. O mesmo galardão que eu tenho ela tem também porque enquanto eu estou ministrando, ela está lá no berçário com a Elisa, resolvendo coisas. Ela tem aquele olho clínico, na verdade, ele me completa, as coisas que eu não tenho ela tem e vice-versa. É por isso que a Bíblia fala que é melhor serem dois do que um, é essa a ideia de Deus para o casamento, a gente poder se ajudar. Eu vejo nela uma amiga, uma conselheira, uma mulher que se não fosse por ela eu não estaria onde eu estou hoje, ministerial e profissionalmente falando, porque eu sempre penso em fazer algo para ela, e proporcionar algo melhor para ela, é uma motivação. Isso me torna um homem melhor um marido melhor e uma pessoa melhor.
Eu sou mais calmo, mais tranquilo, sereno. Gosto de rir, me divertir. Tenho um perfil mais analítico e gosto de ouvir mais do que falar, sou bem cauteloso com as minhas palavras. Sou de esperar o momento certo para falar, não falo na empolgação ou na emoção. Gosto muito de estudar de ler, meu hobby preferido é ler, gosto de ver filme.
Gosto de cuidar da Ariane.
Topo qualquer desafio se Deus mandar. Eu sou um bom servo, sou obediente, sem me importar com o status. O que importa para mim é obedecer. Gosto muito da oração de Paulo que diz, “Não tenho a minha vida por preciosa, contanto que eu cumpra aquilo que o Senhor me chamou para fazer”. Eu não tenho a minha vida por preciosa. Se Deus me falar hoje para largar meu emprego e ficar cem por cento no ministério estou disponível.