“Portanto, não percam a confiança de vocês, porque ela tem grande recompensa. Vocês precisam perseverar, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcancem a promessa. “Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não irá demorar; mas o meu justo viverá pela fé; e, se retroceder, dele a minha alma não se agradará.” Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição, mas somos da fé, para a preservação da alma.” (Hebreus 10:35-39)
Não tem galardão maior na vida de um cristão que uma vida de plena confiança. Quando estamos andando em confiança, todos os ambientes se tornam agradáveis para nós. Mas, em um ambiente onde não há confiança, ele pode ser o ambiente mais lindo, sempre haverá um desconforto que comprometerá a beleza.
Esse abandono da confiança, que a Bíblia fala, não é de repente. São acúmulos como uma poeira que chega e em determinado momento você já se encontrará afastado desse lugar. Para manter uma vida de confiança, a perseverança se faz necessária.
O tema deste texto é “Ir até o fim”, mas ao fim de quê? Dos nossos planos ou dos planos de Deus? Muitas vezes nos aproximamos de Deus com essa mentalidade de querer que Deus coopere com o nosso plano, mas essa é uma mentalidade infantil. O sentido da vida não é só nos darmos bem na vida, mas que Deus possa se dar bem com a nossa vida também. Afinal de contas, estamos em uma aliança com Ele.
Deus trabalha o aperfeiçoamento com vista que todos cheguem à perfeita varonilidade, a idade adulta. Não devemos nos perder na adolescência, vamos até o fim e isso envolve perseverança.
Posição de confiança
“Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.” (1Coríntios 9:25-27)
É difícil pensar em Paulo sendo ou estando desqualificado. Ele tinha um cuidado dele mesmo não ser desqualificado e a perseverança abordada nos demonstra a força que ele tinha. Existem coisas que precisamos ter cuidado e evitar na nossa vida, outras coisas que precisamos guardar e isso faz parte da responsabilidade da perseverança para nos mantermos numa posição de confiança.
Exercer o ministério nessa posição de confiança é algo maravilhoso. Fico cuidadoso quando vejo pessoas no ministério vivendo de forma muito ruim porque não estão nessa posição de confiança e isso não tem nada a ver com planos de Deus, mas está na falta desse domínio próprio e cuidado pessoal.
Um atleta, por exemplo, tem muitas disciplinas sobre o que come, quando dorme, a que ele expõe seu corpo, porque ele tem uma meta a ser conquistada. Quando falo em ir até o fim, eu não falo apenas sobre ir até o fim da vida, mas ir até o fim naquilo que Deus espera de nós. Carregamos uma espécie, levamos um dom, temos um talento e isso precisa chegar até o fim para que venhamos agradar o Senhor.
Quem desfere golpes no ar está apenas consumindo energia, cansando tanto quanto uma luta. Isso desgasta e fatiga. Paulo nos orienta que os nossos golpes sejam sempre assertivos. Existem coisas que devemos construir e outras que devemos evitar. Um atleta em tudo tem cuidado no que absorve e no que evita e, com essa conduta, ele está em perseverança.
Desferindo golpes
Existem estratégias numa maratona para se poupar em determinadas fases. O maratonista não será coroado se não cumprir as normas e desistir de ir até o fim. A nossa carreira não é apenas uma maratona de 100m, estamos correndo uma maratona e precisamos entender que é estratégico se poupar. Precisamos entender o que Deus quer para nossa vida para não desferirmos golpes no ar e gastar energia desnecessária.
Quando passamos em uma estrada ruim e furamos o pneu do nosso carro por causa dos buracos, não ficamos calados quando alguém que conhecemos vai passar pelo mesmo lugar. Sempre nos prontificamos em falar para as pessoas para ter cuidado porque já passamos por aquele caminho. Eu já passei por caminhos em que fui além do que deveria, por experiência própria, isso traz muitas consequências para a nossa vida ministerial por não ter entendido essa responsabilidade de manter a confiança.
Jamais vamos perseverar se estamos desferindo golpes no ar. Não tem como perseverar. A responsabilidade com a carreira que Deus nos confiou requer atenção e perseverança. Vamos até o fim do que Deus tem nos confiado. Se você já é uma bênção nesse estágio em que está, imagine só Deus conduzindo-o até o fim?
“Nenhum soldado que milita se embaraça com negócios desta vida, para agradar àquele que o alistou para a guerra.” (2Timóteo 2:4)
Administre bem
Nessa perseverança precisamos ter o entendimento de quem queremos agradar. Temos um objetivo que é agradar e ser útil ao nosso possuidor, pois estávamos perdidos e mortos, até que alguém nos achou, vivificou e nos transformou, por isso que não somos de nós mesmos. Deus não visa tirar proveito com qualquer tipo de dano para a nossa vida. Temos um bom Pai e vale a pena se expor a essa confiança.
Essa dívida a Deus deve sempre ser regada: estamos nisso para agradar Aquele que nos arregimentou. Se estamos para agradar, não vamos apenas viver uma fase, vamos até o fim. Ir até o fim não é apenas uma frase, mas toda uma administração do que Deus nos confiou.
“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de todo peso e do pecado que tão firmemente se apega a nós e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, sem se importar com a vergonha, e agora está sentado à direita do trono de Deus.” (Hebreus 12:1-2)
Há um custo
Precisamos ter cuidado com pesos e pecados. Ser chamado por Deus envolve alguns desconfortos mas também envolve graça. Um exemplo muito forte disso é Maria, a mãe de Jesus, que a partir do momento em que se disponibilizou para que Deus pudesse operar em sua vida, ela enfrentou alguns desconfortos e um deles foi o lidar com um chamado que os outros iriam questionar: ser a mãe do Salvador custou a ela uma suspeita de adultério.
Acolher o plano e o propósito de Deus sempre haverá um custo, uma cruz. Precisamos viver sabendo que se há um resultado, o custo será administrado de forma satisfatória. Há um custo do que acolhemos da parte de Deus, mas vale a pena manter a confiança e o cuidado.
Às vezes, os crentes ficam muito cuidadosos com o pecado, mas não se atentam aos pesos. Os pesos são umas das maiores insatisfações da vida ministerial porque consomem muita energia. Para irmos até o fim precisamos nos atentar para a nossa confiança. E para que essa nossa confiança tenha uma base, se faz necessário a perseverança e para perseverarmos precisamos andar segundo as regras, para nos guardar de desvios.
Confissão de fé
Em minha casa, eu tinha uma planta muito bonita. Mas depois de uma visita que recebi, a planta foi pisada e depois, quando fui observar, todas as folhas delas caíram. Pensei que ela estivesse morta, mas assim que eu vi o seu caule eu percebi que ainda existia vida e a seiva ainda fluía por dentro dela, mesmo que eu estivesse vendo apenas algo ruim e aparentemente sem vida. Na nossa vida, em determinados momentos, podemos até não ver mais nenhuma folha, mas você tem um fator determinante: fé. Fé não é sentir ou ver, mas é crer e falar e isso trará a seiva e o vigor do caule que parece não ter mais vida. A fé é a seiva invisível aos olhos que manterá viva aquela estrutura. Você precisa ser um guardião, porque você irá até o fim.
O verdor faz parte de como Deus entende nos encontrar. Mas precisamos entender que nem em todas as estações precisamos frutificar; existem estações que precisamos apenas nos manter vivos. A seiva é a confissão da fé independentemente do que vemos e sentimos.
Uma forma de não abandonar a confiança é crermos e falarmos: nós vamos até o fim.