por Luana Mayara

Olá, queridos. Tudo bem com vocês? No texto de hoje eu quero tratar sobre duas palavras que traduzem uma atitude negativa, que, como líderes no Corpo de Cristo, precisamos nos resguardar. Como ovelhas do Supremo Pastor Jesus, devemos guardar o nosso coração caso reconheçamos em algum momento termos sido prejudicados por algo assim. 

Esses dois termos dizem respeito a uma atitude simples, que em alguns momentos não é maliciosa mas, ainda assim, tem trazido frustração e decepção ao Corpo de Cristo. O “tráfico de influência” e “nepotismo” é quando utilizamos a influência que temos para promover pessoas de forma equivocada, eivada de favoritismo. À luz da Palavra de Deus, fomos chamados para promover pessoas, inclusive podemos facilitar a vida dos nossos próprios amigos e familiares desde que seja de forma justa perante o Senhor e as pessoas. A Bíblia apresenta bons exemplos, vou apenas mencionar alguns. Daniel promoveu seus amigos, Sadraque, Mesaque e Abdenego; Barnabé facilitou a vida do seu amigo Paulo; o próprio José do Egito foi usado por Deus para salvar sua própria família, mas não apenas ela, e sim o Povo de Deus em sua plenitude.

O problema, irmãos, é quando, como líderes — seja de departamentos, de igrejas ou de projetos — usamos nossa influência para promover apenas “os nossos”, os da nossa casa, os nossos amigos, quando até mesmo extraímos oportunidade de pessoas que reconhecemos serem capacitadas para colocarem “os nossos” em seu lugar. Aí que mora o perigo, é aqui que caímos na atitude errada do “tráfico de influência”, ou seja, utilizamos uma influência de forma errada, como se tivéssemos traficando. Tráfico é uma palavra que significa “comércio ilegal”, podemos dizer que o “tráfico de influência” é o comércio ilegal da nossa influência. Nepotismo se refere ao favorecimento de parentes no preenchimento de um cargo em detrimento de pessoas mais qualificadas, é algo que acontece no mundo político, mas pode acontecer na esfera da nossa influência.

Podemos pensar assim: “Mas eu não tenho maldade, malícia na forma que promovo pessoas”, porém, essa não é a única pergunta a ser feita, além dessa, devemos nos perguntar: a forma que promovo as pessoas é justa? Queridos, não é reto a gente promover pessoas de acordo com o nosso gosto, de acordo com a nossa única opinião. Não é justo para com o Senhor! Há pessoas que em nosso coração sabemos que Deus está apontando Sua mão na direção delas, mas, por uma forma que pensamos, resistimos à mão de Deus e seguimos o nosso jeito de pensar.

É interessante a história do rei Davi, especificamente o dia em que ele foi ungido. Não sabemos a razão com profundidade, mas o fato é que Jessé apresentou para Samuel seus filhos que eram homens de guerra, soldados, destemidos, que tinham porte de governo, mas sequer lembrou de chamar Davi. O próprio Samuel estava sendo guiado pela aparência das coisas, achando que um daqueles rapazes seria o rei, mas Deus pensava diferente de ambos, tanto de Samuel, como de Jessé. Não podemos julgar Jessé como sendo um pai leviano, mas naquela ocasião ele agiu com certo favoritismo acerca dos seus filhos, esquecendo do garoto Davi (I Samuel 16).

Favoritismo é uma característica de quem age com “tráfico de influência” ou “nepotismo”, no caso de Jessé ele não tinha influência sobre Samuel, mas sobre sua família, sim, e agiu com uma certa medida de favoritismo. Favoreceu uns em detrimento de outro. Sua atitude poderia ter fechado as portas pra Davi, graças a Deus, que Ele age em justiça e orientou Samuel a não ver como os homens. Assim, Davi foi chamado e ungido rei de Israel.

Agora, pensando como expectador da história, não era estranho que Jessé chamasse aqueles filhos, afinal, eles eram os garotos da guerra, e Davi, um simples pastor de ovelhas. Talvez, essa tenha sido sua única razão. Na sua mente, acredito que ele nem sequer pensou que estivesse favorecendo Eliabe, Abinadabe e Samá. No entanto, sua atitude ainda assim não era justa, porque Davi com aparência ou não de rei, era seu filho assim como os outros, e deveria ser tratado de forma igual. Às vezes, como líderes, agimos como Jessé, não sendo tão justos, ainda que nossa motivação seja pura.

Sabe, querido irmão, se você é um líder, quero incentivá-lo a procurar ser justo perante o Senhor, mas também perante o povo. Não quero dizer que você não vai errar, no entanto, que não seja porque não estamos consultando nosso coração sobre as nossas escolhas. Que sejamos líderes que agem com imparcialidade.

Ouvi um pregador americano ministrar e falar algo impressionante. Ele disse que seus filhos se afastaram do Senhor, e ele estava falando para Deus: “Pai, gostaria tanto de dar um abraço nos meus filhos”, e o Senhor respondeu: “Você pode dar abraço nos filhos do seu vizinho, ou você acha que seus filhos são mais importantes que os filhos dos outros?”. Esse pregador também acrescentou: “Somos muito sentimentais para com as nossas pessoas, mas Deus se importa com TODAS AS PESSOAS”. Isso me traz à memória a mãe de Thiago e João que pediu a Jesus que seus filhos tivessem um lugar importante no Reino do Senhor Jesus (Mateus 20.20-24). Esse pedido, como você sabe, gerou uma grande confusão entre eles, e Jesus corrigiu a todos, porque estavam brigando por posição e título.

Sempre usamos essa história para falar sobre não brigarmos por posições, e termos um coração de servo. Mas tem outra coisa que fiquei pensando, queridos, o pedido dela era injusto diante de Deus, e dos outros discípulos também, mas para ela, talvez, era apenas o desejo de promover seus filhos.

Às vezes, podemos agir como a mãe desses rapazes, promovendo sempre as “nossas” pessoas, sem atentar no que Deus está falando, sem atentar que não existem apenas nossos filhos, nossos amigos, nossas pessoas. Existem os filhos de Deus, os amigos de Deus! O justo é que todos sirvam ao Senhor e todos sejam promovidos para continuar servindo a Ele com seus dons e talentos. Promoção não quer dizer cargo em si, ainda que se traduza dessa forma em certos momentos, porém é mais que isso, quer dizer mais oportunidade para servir ao Senhor com a unção que Ele nos concede e com alegria.

Então, como líder, busque agir com imparcialidade na forma que você lidera seu povo. A Bíblia diz que a sabedoria que vem do alto é imparcial, ou seja, ela reta, pura e justa. Essa sabedoria está disponível para nós na governança que o Senhor nos confiou.

“A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento” (Tiago 3:17).

Sabemos que Deus não age fazendo acepção de pessoas, Ele é justo e age sempre com imparcialidade. Devemos agir do mesmo modo, seguindo Seu exemplo, com isso, não estou dizendo “nunca mais promova um amigo seu”, apenas que devemos ter o zelo de sermos justos, ou seja, de um modo geral devemos ser guiados pelo Espírito e movidos pelo amor de Deus. Dessa forma, agiremos como o próprio Senhor.

“Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável” (Atos 10:34 -35).

Para encerrar, quero citar esse texto de Paulo para Timóteo quanto à disciplina das pessoas que agem em pecado: Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam. Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade. (1 Timóteo 5:20,21).

Se é verdade que no tocante a corrigir pessoas em pecado Timóteo deveria agir de forma imparcial, é verdadeiro também no que diz respeito a promover pessoas. O princípio da imparcialidade deve balizar as nossas escolhas para que sempre sejamos retos diante de Deus e diante dos homens. Então, de forma legítima, promova seus amigos, mas nunca esqueça de promover os amigos de Deus.

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