A Bíblia revela a vontade de Deus para a nossa vida em todos os aspectos, inclusive, no modo que servimos ao Senhor. As pessoas podem não enxergar as nossas motivações, mas o Senhor sonda o nosso coração e percebe a real motivação com a qual servimos no ministério.
E quando me refiro ao ministério, gostaria que você pensasse de forma ampla, tanto no aspecto de ministério de socorros da igreja local – diaconato, conselheiros etc. – como também pensando em uma atuação de púlpito ou liderando. Inclusive, podemos estender essa mensagem para todas as áreas da nossa vida, seja a profissional ou a forma como vivemos em família.
O fato é que toda a nossa vida deve exaltar o Senhor! Fomos criados para louvor de sua glória (Efésios 1.12)
Podemos servir no ministério motivados por diversas razões, certas e erradas, e, no tocante a isso, precisamos nos expor à Palavra, investigando nosso coração. Vou citar algumas razões erradas e como podemos ajustar e, concomitantemente, vamos pensar na motivação que agrada a Deus.
Motivações erradas: há crentes e ministros que fazem o seu melhor, seja nos bastidores, no púlpito, mas, sua motivação não é agradar a Deus, mas, sim, ser visto, ter reconhecimento, ser aprovado. Por exemplo, prega da melhor forma, mas apenas para que seja reconhecido como um grande pregador, mestre da Palavra! Isso é um problema.
Normalmente, a raiz dessa armadilha são diferentes coisas. Há pessoas que sofreram rejeição na sua juventude, na infância, passaram por situações traumáticas, então, elas nascem de novo, entram para o ministério, e não resolveram essas questões internas, não renovaram a mente pela Palavra. Assim, elas começam a usar o púlpito, a liderança ou simplesmente seu serviço nos bastidores para suprir necessidades emocionais ou intelectuais.
Só que o ministério não é um lugar para resolvermos esse tipo de situação. Toda necessidade de aprovação, insatisfação com a vida e consigo é pra ser resolvida na vida com Deus, enchendo-se da Palavra, sendo transformado pela presença do Senhor.
É importante que façamos essas perguntas a nós mesmos: por que eu quero pregar a Palavra? Por que desejo o púlpito? Por que quero liderar? Por que estou servindo na igreja local? Qual é a minha real motivação? Uma vez que identificamos motivações erradas, devemos nos render ao Senhor e ajustarmos.
Ainda que ninguém veja, Ele está vendo, e, de acordo com nossas motivações, iremos receber ou não os galardões, seremos aprovados ou não pelo Senhor. Não sei você, mas eu quero agradar a Deus e receber das mãos d’Ele a recompensa de ser fiel ao ministério que Ele me confiou.
São inúmeras motivações: inveja, competição, estar mal resolvido consigo e etc. O apóstolo Paulo menciona na carta aos filipenses que alguns pregavam a Jesus por inveja:
“É verdade que alguns pregam a Cristo por inveja e rivalidade, mas outros o fazem de boa vontade. Estes o fazem por amor, sabendo que aqui me encontro para a defesa do evangelho. Aqueles pregam a Cristo por ambição egoísta, sem sinceridade, pensando que me podem causar sofrimento enquanto estou preso. Mas, que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro. De fato, continuarei a alegrar-me”(Filipenses 1.15-18)
Essas pessoas serviam no ministério pelas razões erradas: inveja, rivalidade, ambição egoísta, sem sinceridade, por motivos falsos. Sem dúvida alguma, o Evangelho estava sendo pregado, isso é crucial para que vidas sejam alcançadas, porém, essas pessoas não estavam agradando a Deus, e, com certeza, no dia que estiverem diante do Senhor, prestando contas de sua vida, suas obras serão queimadas pelo fogo.
A Palavra nos ensina que um dia todos nós estaremos diante do Senhor, sendo recompensados pela obra que nos foi confiada. Nesse dia, diferentes pontos serão considerados: se cumprimos o ministério que recebemos; como realizamos, se com espírito excelente ou medíocre; bem como se nossa motivação é pura, para o Senhor ser exaltado ou para que nosso nome seja louvado.
“Se alguém constrói sobre esse alicerce, usando ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, sua obra será mostrada, porque o Dia a trará à luz; pois será revelada pelo fogo, que provará, a qualidade da obra de cada um. Se o que alguém construiu permanecer, esse receberá recompensa” (1 Coríntios 3.12-14)
Jesus também nos ensinou a termos o cuidado de fazer as obras de justiça, não para sermos vistos, pois se agirmos desse modo, não receberemos a recompensa do Senhor. É Deus quem nos galardoa, quem nos promove e nos recompensa. Não há problema em as pessoas tomarem conhecimento do que o Senhor está fazendo através de nós, a questão é a nossa motivação, se aquilo que realizamos é para Deus ser glorificado ou para sermos honrados pelos outros.
“Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial. Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará” (Mateus 6.1-4)
Jesus afirma no texto acima que “aquilo que você faz em segredo, Deus o recompensará”. Essa informação se encaixa no fato que o Senhor nos recompensa pela nossa vida privada, mas não somente por isso. O fato é que, seja pública ou privada, que tudo seja feito para a glória de Deus. Até mesmo sobre aquilo que postamos em nossas redes sociais devemos fazer com a motivação reta diante do Senhor.
Motivação correta é algo que o Senhor tem me levado a meditar com habitualidade nos últimos anos, sempre me exortando a amadurecer o meu coração no que diz respeito à motivação em servir no ministério, para que eu O Sirva pelas razões corretas, porque se não tivermos cuidado, facilmente as motivações erradas nos assediam, e podemos perder o melhor de Deus.
É importante sermos sérios com essa questão e nos consagrarmos ao Senhor, sendo sinceros diante d’Ele: “Pai meu coração é seu, vou fazer o meu melhor para que o Senhor seja visto e pessoas sejam alcançadas”. Esse tipo de compromisso tem que se tornar parte de quem somos, sempre avaliando a nossa motivação, não por condenação, e, sim, porque reconhecemos a graça de Deus que nos capacita a andar como Jesus.
O que precisamos entender é que nosso serviço no ministério não é sobre nós, é para o Senhor ser conhecido em toda terra, e pessoas serem alcançadas! Nossa motivação deve ser unicamente agradar a Deus e viver para louvor de sua glória!
Se tivermos o desejo real de agradar a Deus, Ele vai nos mostrar se houver algum caminho errado na nossa vida. Agora, para isso, eu e você precisamos nos rendermos em ambientes de adoração, e fazermos perguntas básicas: “Qual é a motivação por trás das nossas ações?”. Somos os mordomos do nosso coração, é nossa responsabilidade guardar, proteger e apurar a nossa motivação no Senhor (Provérbios 4.23).
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Salmos 139.23,2)
A Bíblia nos ensina e nos inspira para que sejamos parecidos com Jesus, cuja única motivação era agradar a Deus, cumprindo com a vontade do Pai aqui na terra. Jesus não veio à terra para “fazer seu nome”. Ele não tinha necessidade de ser visto e aprovado, Sua motivação sempre foi o amor do tipo de Deus. Jesus chegou a avisar para diversas pessoas curadas: “não digas nada a ninguém”.
Mas eu me pergunto quantos de nós estamos realmente dispostos a nos movermos em curas, milagres, e recebermos a orientação em nosso coração “não é tempo de divulgar”, e nos submetermos? Ou se realmente Deus nos usando de forma extraordinária será pra Ele ser visto e engrandecido ou para nós sermos reconhecidos como homens e mulheres ousados?
Disse Jesus: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” (João 4.34).
“Jesus teve compaixão deles e tocou nos olhos deles. Imediatamente eles recuperaram a visão e o seguiram” (Mateus 20.34).
“Sabendo disso, Jesus retirou-se daquele lugar. Muitos o seguiram, e ele curou a todos os doentes que havia entre eles, advertindo-os que não dissessem quem ele era” (Mateus 12.15,16).
Deus está nos chamando e nos capacitando para que façamos grandes coisas, seja no ministério ou na área profissional. Mas Ele tem expectativa que nossa motivação seja pura e que nosso único desejo seja agradá-lO, e torná-lO conhecido aqui na terra.
Que tudo aquilo que estejamos realizando não seja por performance, dinheiro, para sermos vistos, reconhecidos ou para que sejamos amados. Não! Que o fruto da nossa vida seja sempre para glorificar ao nome do Senhor. Que nos empenhemos em servir ao Senhor no ministério para que Ele seja glorificado através de nós e pessoas sejam alcançadas com a bondade d’Ele.
Além disso, não esqueçamos: a nossa recompensa vem sempre do Senhor, é a Ele que estamos servindo. Sirvamos à nossa liderança no ministério de todo coração, como se estivéssemos servindo ao Senhor. Fazendo assim, jamais ficaremos desmotivados ou desencorajados, ao contrário, estaremos livres para servirmos com inteireza de coração.
“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo”(Colossenses 3.23,24).