Enquanto eu estava sentada no Aeroporto Internacional de Luanda, na Angola, esperando o meu voo para o Rio de Janeiro, no dia 22 de outubro deste ano, eu comecei escrever a primeira parte desta matéria, publicada na última postagem.
Foram quase 5 horas de uma espera cansativa no aeroporto. No dia anterior a esta viagem, eu ministrei a última aula do Rhema Angola, despedi-me dos maravilhosos alunos e de todos que trabalham diligentemente naquela instituição. E, assim que eu pude, fui para casa fazer a minha mala. Tinha sido uma noite longa de muitas despedidas, risos e preparação para a viagem com pouquíssimo tempo para dormir. Na verdade, eu estava exausta. Mas a alegria e o privilégio de ter dado mais uma matéria no Rhema Angola superava todos os detalhes que naquele momento,no aeroporto,tentavam ser maiores do que eu.
Enquanto abria o meu Ipad para passar o tempo, lembrei-me do que minha amiga Magliana, permita-me mencioná-la, havia me dito sobre eu começar a escrever este lado da minha vida que poucas pessoas conhecem – viver entre um aeroporto e outro. O entusiasmo de cada viagem, a experiência de conhecer novas pessoas, novas culturas e novos lugares,é certamentemaravilhoso! Mas a viagem de um ministro itinerante envolve muito mais do que apenas o lado natural e social. Viajar com frequência para lugares diferentes, relacionar-se com pessoas de culturas e costumes diferentes requer muita energia,atenção e cuidado.
Na postagem de hoje, tocarei em alguns aspectos básicos, mas de grande importância, no tocante a conduta do ministro itinerante ou de um simples viajante.
O VIAJANTE SOLTEIRO OU DESACOMPANHADO
Retornando do ponto onde eu parei na última matéria, gostaria de continuar falando sobre a questão do viajante solteiro ou desacompanhado.
Além dos cuidados já citados no texto anterior, gostaria de também enfatizar a conduta do viajante. O bom senso e a prudência nestes momentos são o melhor caminho. Nunca se veja sozinho em um mesmo ambiente por muito tempo com uma pessoa do sexo oposto, não fale gracejos que possam ofender. Não se relacione de forma indevida com as pessoas, como, por exemplo, interferir no relacionamento familiar, dando opiniões na educação dos filhos, no relacionamento conjugal ou coisa parecida. Em algumas culturas, esta exposição desnecessária pode custar todo o seu esforço e trabalho. Seja discreto! E se por acaso você vir ou ouvir algo que julgue estar fora de ordem, ore sobre o assunto.
Como viajante solteiro ou desacompanhado,a sua atenção e cuidado precisam ser dobrados. Tenha cuidado com o documento mais importante quando estiver fora do país – o seu passaporte. É através dele que você tem livre entrada e saída dos países estrangeiros. Além de este ser o seu único documento de identificação válido emoutros países, sem ele você simplesmente não vai a lugar nenhum. Portanto, nunca entregue o seu passaporte para ninguém desconhecido, ou nunca saia de casa sem ele. Você corre o risco de ser parado por alguma autoridade e ter seu passaporte solicitado e, caso não o apresente, provavelmente terá que se explicar em uma delegacia.
BOAS MANEIRAS
O nosso objetivo é sermos uma benção onde estivermos e eficazes para o Reino de Deus. Para isto,precisamos nos privar de algumas coisas que normalmente faríamos em nossa casa, mas, por estarmos na casa de alguém, não podemos fazer. Por exemplo, o horário de chegarmos à noite e em qual companhia chegamos são importantes.As pessoas tem um ritmo natural e comum em suas vidas e não deve ser a nossa presença na casa que deveria mudar a ordem de como elas fazem as coisas. Não queremos trazer transtornos para os que tão gentilmente nos hospedam. Portanto,é essencial ter consciência de coisas como: horário de chegar à noite e com quem estamos saindo ou chegando.
Seja cordial e sempre diga palavras como “bom dia”,”por favor”, “muito obrigado.” Nunca combine de sair ou fazer alguma coisa sem que as pessoas responsáveis por você saibam. Quando for convidado, peça sempre a pessoa que o convidou para se certificar da sua disponibilidade com a pessoa responsável ou o com pastor local. Mantenha uma atitude de reverência e consagração. Deixe os passeios para os dias em que não for ministrar. Não quero soar como “religiosa”, mas o seu objetivo é a ministração da Palavra.É prudente você manter a ordem certa de prioridades, dando a elas a devida atenção.
Seja pontual nos horários das refeições estabelecidos pela família onde você está hospedado. Para não haver constrangimentos, sempre pergunte sobre a rotina da casa, como o horário para o café da manhã, almoço e jantar. Seja sempre grato e educado pelo que é colocado à mesa para alimento.Em algumas culturas, inclusive na nossa, não comer o que é oferecido à mesa pode ser uma ofensa e descaso.
Mantenha o seu quarto e banheiro sempre arrumados, isto vale tanto para homens como para mulheres.Evite desperdícios e sempre apague as luzes e desligue o ar condicionado quando sair. Tenha cuidado com os utensílios, móveis e armários da casa. Use-os com o cuidado que teria se fossem seus. Caso tenha a infelicidade de danificar alguma coisa, comunique ao dono da casa. Se possível, disponha-se a comprar outra peça para substitui-la. Esta atitude mostra o seu bom caráter e integridade. (Provérbios 22:1)
COSTUMES LOCAIS
Eu costumo dizer que, quando viajamos para um país estrangeiro, precisamos de certa forma perder a nossa “identidade”, deixar um pouco de ser brasileiro na nossa forma de pensar, agir e até mesmo na forma de falar. Não estou dizendo que você não pode ser original ou autêntico, mas o que quero dizer com isto é que precisamos sair um pouco da nossa cultura e costumes para entendermos melhor a cultura do outro.
Submeta-se aos costumes locais se eles não ferem a Palavra de Deus. Nos países mulçumanos, por exemplo, os homens não tocam nas mulheres em público, nem mesmo com um simples aperto de mão quando se cumprimentam. Oabraçoque é normal,para nós brasileiros, pode ser considerado um cumprimento íntimo em alguns países.
Em alguns casos, é melhor evitar o abraço logo no primeiro encontro. Apesar de você querer mostrar o seu amor e carinho, estender apenas a mão como gesto de cumprimento formal e educado é o caminho seguro até que a pessoa o conheça melhor. Procure saber os gestos ou até rituais que o povo visitado especificamente usa como forma de cumprimento. Por exemplo, no Japão, encurvar-se ao cumprimentar alguém é um ato de respeito e educação. Na África, o aperto de mão com a mão esquerda apoiando a mão direita, e encurvando-se levemente quando se cumprimenta as pessoas, é um ato de respeito e honra principalmente para os mais velhos. Lembro-me de ter ganhado o respeito e admiração de alguns angolanos quando os cumprimentava desta forma. Alguns até me perguntaram como eu tinha aprendido a cumprimentá-los assim, visto que aquele cumprimento era típico de algumas aldeias distantes da capital do país, Luanda. O segredo é que minha amiga, Ange Noelle, nascida em Burundi, um país da África, me ensinou este gesto anos atrás quando eu ainda morava em Londres.
Para nós, brasileiros, é comum olharmos diretamente para os olhos de uma pessoa mesmo quando se trata de uma autoridade. Mas,em alguns lugares do mundo, olhar diretamente para os olhos de alguém pode denotar desrespeito e até mesmo afronta.
É através do nosso comportamento que portas serão abertas ou fechadas.Submeter-se, por exemplo, a usar saias longas, ou a não usar maquiagem pesada, joias ou esmaltes fortes no caso das mulheres, usar ternos com gravata no caso dos homens, nunca deveria ser um impedimento para que você pregue a Palavra de Deus para o povo. Lembre-se: Deus ama o povo, Ele quer alcançar as pessoas! E você não deve ser um impedimento para que elas sejam alcançadas pela Palavra que vai libertá-las. Você que é espiritual seja maduro para reconhecer que estas coisas são insignificantes diante do fato de que elas receberão o conhecimento da Palavra. Agora,não haverá este tipo de restrição em todo lugar que você chegar para pregar. Mas, se em algum lugar houver esta exigência, não aja como um tolo! Seja sábio e tire de letra!
O apóstolo Paulo foi, em minha opinião, um dos ministros itinerantes mais eficazes que eu me lembro neste momento. Ele sabia ser tudo para todos e assim ganhar muitos para o Evangelho de Cristo. Gostaria de deixar um versículo para sua meditação.
Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também participante dele.(I Coríntios 9:19-23)
Na próxima postagem, abordarei sobre a ética ministerial na vida do ministro itinerante, a língua estrangeira e alimentação. Aguardem!
Grande abraço.
2 Comentários
muito bom gostei
Muito bom Shirla!