Verbo FM

O ministro no Tribunal de Cristo

por Thiago Borba

Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (II Coríntios 5.10).

Querendo ou não você vai passar pelo Tribunal de Cristo. É importante entender algumas coisas sobre um lugar tão importante que todos nós vamos passar. Quais as obrigações do ministro passando pelo tribunal de Cristo? O que vai ser avaliado? O que Deus espera de nós? 

Nós vamos ser julgados, mas, isso não é algo ruim. Quando você recebe um bom julgamento e o seu juiz é justo, a sentença vai ser boa pra você. Nós temos um juiz justo e Ele vai dar exatamente o que cada um de nós merece. 

Após o arrebatamento da Igreja, vamos passar pelo Tribunal de Cristo para prestarmos contas de tudo o que a gente fez no nosso corpo nessa vida. Jesus diz que até aquele que der um copo d’água, não vai ficar sem a sua recompensa (Mateus 10.42). Imagina nós que somos ministros, aqueles que são chamados ao ministério, pregando e ensinando a Palavra de Deus. Existem coisas que Deus espera que nós façamos com o chamado que Ele nos deu e que Ele irá nos cobrar naquele dia. 

Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tiago 3.1).

Algumas pessoas dizem que a palavra “mestres”, nesse texto, se refere a qualquer pessoa que ensine a Palavra de alguma forma e não ao chamado específico nos cinco dons. Então, se você prega a Palavra, será julgado com mais rigor do que outras pessoas. 

E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (I Coríntios 3.1-7).

Paulo está tratando sobre o mesmo assunto desde o capítulo 1 de Coríntios. Ele fala sobre as pessoas que estavam preferindo mais uns ministros do que outros, mas é interessante que ele não critica a mensagem de Apolo em hora nenhuma, pelo contrário, ele diz que Apolo regou o que ele havia plantado, já que repetia as mesmas coisas que Paulo já havia ensinado. Uns são chamados para plantar, outros para regar, e ninguém pode ficar chateado porque está plantando e regando. 

Quando Deus mandar você pregar a mesma coisa que outras pessoas já pregaram, Ele está lhe chamando para regar. Regar faz parte do chamado, é parte do ministério, é segurança ouvir as mesmas coisas. É segurança ler os mesmos livros, pregar sobre fé novamente ou sobre cura. Se Deus está mandando pregar, é porque a semente precisa de água.  

Paulo está falando sobre esse assunto, por causa de ministros e é nesse contexto que ele escreve o texto de I Coríntios 1.10, o versículo que o Pr. Bud lia em todas as nossas conferências. Paulo diz que, nessa igreja, operavam todos os dons do Espírito e que eles tinham sido enriquecidos de conhecimento. Não faltava conhecimento, não faltavam os dons operando e, mesmo assim, eles eram carnais, bebês espirituais, não podiam receber alimento sólido. 

Seguindo o capítulo 3, Paulo começa a tirar o foco das pessoas e a passa a falar dos ministros. 

Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus” (I Coríntios 3.8-9).

Sabemos que a vida piedosa tem recompensa nesta terra, mas também tem galardão no tempo que há de vir. O que é esperado de nós no dia do Tribunal de Cristo? Ele não determinará a salvação, isso já foi determinado no dia que você aceitou a Jesus como Senhor da sua vida, só muda se você quiser. Seremos julgados segundo as nossas obras, ações (I Pedro 1.17). 

Tem uma frase que eu li sobre isso e que achei muito pertinente sobre esse assunto: 

No tribunal de Cristo, não serão avaliados os nossos passaportes,
mas a nossa bagagem.

Eu encontrei em alguns dicionários tradicionais, de português, o significado de uma palavra bem conhecida dos mineiros: a palavra “trem”. Em resumo, significa “bagagem, coisas, negócios, produto”. Assim, atualizando a nossa frase citada anteriormente, ficaria assim: 

No tribunal de Cristo, não serão avaliados os nossos passaportes, mas o nosso trem“.

Como ministro, qual é o trem que você está depositando na vida das pessoas? 

Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele” (I Coríntios 3.10).

Ele está usando a ilustração de construção, falando com os ministros. As pessoas, naquele tempo, eram bem específicas e cada tipo de construção tinha um tipo de fundamento bem peculiar. Se o fundamento fosse feito para uma casa, só se podia construir uma casa em cima. Paulo diz: “Eu lancei o fundamento que é Jesus, então ninguém mais pode mudar isso, não pode lançar algo diferente do que eu já comecei a falar”. 

“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (I Coríntios 3.11-15).

Ele está falando sobre o trabalho dele e de Apolo. Paulo parou um pouco de falar sobre as divisões e agora está tratando com os ministros. O apóstolo lançou um fundamento e esperava que, após ele, outros ministros continuassem edificando. Os historiadores dizem que, no centro da cidade de Corinto, havia um fórum muito importante e com contruções belíssimas financiadas por pessoas que queriam se mostrar como importantes na cidade. Essas eram feitas em ouro, prata e bronze.

Dessa forma, Paulo faz referência a isso e diz que aquele que edifica pode usar materiais de qualidades diferentes. São esses materiais que serão julgados no dia do Tribunal de Cristo.

Vou dividir os materiais em dois grupos: materiais de muito valor (ouro, prata e pedras preciosas) e materiais de pouco valor (madeira, palha e feno).

Não importa o que você está falando, saiba que você sempre está construindo alguma coisa no coração das pessoas. A pergunta que devemos fazer é: tem ou não valor para Deus? Porque haverá o dia em que essas coisas serão julgadas. 

Quando o fogo passar por suas obras, elas serão queimadas? Serão palha ou pedras preciosas?  

Se a obra não tiver valor, ela será queimada. A pessoa vai ser salva, mas sem galardão. Se ela tiver valor, receberá a sua recompensa.

Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (I Coríntios 3.16-17).

Agora, ele parou de falar um pouco sobre os ministros e está falando com a Igreja. A Igreja é o templo, o santuário de Deus, onde o Espírito Santo habita. Como ministros, temos uma grande responsabilidade com quem nos ouve e precisamos ter certeza de que, o que estamos construindo dentro do santuário de Deus, não irá contaminar esse santuário. Precisamos ter certeza de que o que estamos construindo dentro do coração das pessoas será para crescimento e não para destruição.

Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos” (I Coríntios 3.18-20).

Ministrar com palavras que vêm do mundo, com sabedoria humana, e não com a Palavra de Deus,  é entregar um material inferior para essa construção que Paulo falou anteriormente.

Seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso, E vós de Cristo, e Cristo de Deus” (I Coríntios 3.22-23).

“Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus” (I Coríntios 4.1).

Como ministros, nós somos responsáveis por gerenciar o que Deus tem colocado nas nossas vidas para transmitir às pessoas. Como despenseiros, vamos entregar o que temos colocado na nossa despensa. O que você tem colocado na sua despensa? É isso que você vai entregar para as pessoas. Se a sua despensa está contaminada, você vai contaminar os outros. Precisamos ser zelosos com aquilo que permitimos entrar no nosso coração, porque no momento que somos chamados ao ministério, o que contamina a nossa vida não fica só em nós, pode alcançar outros, contaminar outros.

Além disso requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel. Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor” (I Coríntios 4.2-5).

Paulo está afirmando aqui que é o julgamento que vem da parte de Deus, quando Jesus Cristo vier, que vai determinar as coisas. Teremos que prestar contas do ministério que Ele nos confiou. O chamado, a unção, o conhecimento que você tem depositado no seu coração… de tudo isso Ele vai querer que você preste conta. 

Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (I Timóteo 4.16).

Cuide da sua vida, do caráter, da integridade, mas cuide também da doutrina, daquilo que você conhece, do que você crê na Palavra de Deus. 

O que é mais importante para o ministro? Vida de integridade ou conhecimento da Palavra? Eu lhe respondo com outra pergunta: Qual é a asa do avião que é mais importante? Ambos têm igual valor para o ministério! Uma pessoa que é íntegra, mas não conhece a Palavra, se torna religiosa, pois quer agradar a Deus, mas não sabe como. Já quem conhece a Palavra, mas não tem caráter, Jesus chamou de hipócrita. 

Tenha equilíbrio, cuide de si mesmo e cuide da doutrina. Assim, você salva a si mesmo e A quem lhe segue.

E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro” (I Coríntios 4.6).

Sempre que a gente ultrapassa o que está escrito, começa a edificar com madeira, palha e feno, que não têm valor nenhum para Deus. Parece que está crescendo, mas naquele dia talvez não fique com nada para lhe dar recompensa. Jesus comparou as doutrinas erradas, que fogem da Palavra de Deus, ao fermento dos fariseus. 

Nós queremos crescer, mas não às custas da Palavra de Deus, não vamos ultrapassar o que a Bíblia ensina. Não acrescente nada a doutrina de Cristo. 

Somos bons ministros, alimentados da doutrina com a Palavra que recebemos. Não pense que só cursar o Centro de Treinamento Bíblico Rhema é suficiente para você ser um bom ministro para sempre. Você precisa continuar se alimentando constantemente com a Palavra, pois tudo o que não alimentamos, morre. Um bom ministro está sempre bem alimentado.

Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (II Timóteo 4.1-5).

Jesus irá nos julgar, então preguemos a Palavra! Não pregue e exorte com a sua opinião, mas com a sã doutrina de Cristo. 

Haverá um dia em que as pessoas irão procurar gente ensinando o que lhes agrada. Pode ser mais confortável para o ministro pregar o que o povo quer ouvir, mas você precisa corrigir com longanimidade e falar a Palavra.

Permaneça na Palavra, permaneça se alimentando. Cuidado com a bagagem (trem) que você está levando para o Tribunal de Cristo.

*Trechos da mensagem na Conferência de Ministros Sudeste, em setembro de 2021.

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