por Adriana Potter
Missionária

Conheci Jesus Cristo quando eu estava com 18 anos. Os anos anteriores àquele, foram de muita turbulência emocional, desesperança, mágoas e decepções. Preciso também salientar algo: naquela época, havia em mim uma profunda crise existencial. Tornei-me ateia, completamente desiludida, sem nenhuma razão para viver.

Essas são perguntas que todo ser humano faz ao longo da vida: “Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Qual a minha razão de viver?”. Elas me atormentaram até eu encontrar o meu Senhor e Salvador.

Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Ele é espírito, portanto somos seres espirituais. Nosso Pai é amor, portanto somos filhos do amor, amados e feitos para amar. Para mim, conhecer a Cristo fez todo sentido. Entendi a razão do mundo existir e também a da minha existência.

Nova criatura

Sabemos que, inicialmente, Adão perdeu a sua identidade em Deus, quando pecou e se tornou escravo do pecado. A partir de então, a imagem de Deus foi distorcida para a humanidade inteira. Em Adão, nós fomos “desfigurados”, mas, em Jesus, fomos feitos nova criatura; recebemos a identidade de filhos de Deus. Ele tomou nossa imagem desfigurada na cruz para que pudéssemos ser a Sua imagem.

“Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8.29).

Em Adão, nos tornamos pecadores, egoístas, egocêntricos, autodefensivos, necessitados de afirmação, de aprovação, inseguros e cheios de medo. Em Cristo, fomos feitos justiça de Deus, somos justificados, regenerados, santificados, aceitos, afirmados e filhos do Amor. Isso é fato, é a verdade posicional que Jesus conquistou para nós, vindo ao mundo, vivendo sem pecado, morrendo na cruz e ressuscitando dentre os mortos.

A vontade de Deus é que não somente saibamos e confessemos essas verdades sobre a nossa posição em Cristo. Ele quer que cada um de Seus filhos experimentem a realidade dessas verdades na sua vida diária. E, para cada um de nós, o viver e crescer nisso é uma jornada.

Voltando a falar sobre a nossa identidade, vejo a necessidade de um constante exercício de meditação na Palavra de Deus, oração ao Pai, de hábitos espiritualmente saudáveis e contínuos, diários, para permanecermos conscientes da nossa verdadeira identidade como filhos, de quem somos em Deus, a fim de experimentarmos essa realidade na prática, no nosso viver.

Quem somos

Não importa quantos anos temos em Cristo, sempre precisaremos estar vigilantes e não cedermos à tentação de confundir a nossa identidade primordial com aquilo que fazemos, com os dons que operam em nós, o cargo que ocupamos, a família em que nascemos ou o país onde vivemos, os certificados que conquistamos, seja a profissão que seguimos, seja com estar jovem ou velho, alto ou baixo, gordo ou magro, culto ou inculto, sofisticado ou rústico, casado, solteiro, viúvo ou divorciado… Afinal de contas, todas essas coisas são passageiras.

Para quantos de nós vieram pensamentos do tipo: “Você é muito jovem para isso!” ou “Você está ficando velho!”, ou “Você é casado e não pode”, ou “Você é solteiro e não tem condições”?

O diabo sempre usará as coisas secundárias e externas para tentar nos paralisar ou nos engessar, impedindo-nos de fluir na plenitude de quem somos verdadeira e primordialmente.

Paulo não considerava as suas qualificações terrenas como algo digno de se “agarrar”, tendo-as como sua identidade, ainda que Deus usou todos os dons e qualificações dele em prol do Reino. O problema não é o que temos, mas se o que temos nos têm, aí está o início da nossa miséria.

“Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne. Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu; Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo, E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé” (Filipenses 3.3-9).

A vida de Cristo

Vejo, na vida de Jesus, essa consciência latente – “Sou Filho e Sou amado”. Antes mesmo dele começar a exercer o seu ministério, no dia do seu Batismo nas Águas, por João Batista, a pomba que representou o Espírito Santo desceu e a voz do Deus Pai foi audível: “Este é meu Filho Amado, em quem tenho prazer!” (Mateus 3.16,17; Isaías 42.1; Marcos 1.11; Lucas 3.22).

Deus Pai disse isso antes de Jesus fazer ou produzir qualquer coisa. Ele não tinha operado milagres ainda, não tinha pregado às multidões, não tinha feito discípulos, tampouco ainda morrido na cruz. Ele também não tinha se movido em nenhum dos dons ministeriais que Ele tinha sido chamado a se mover.

O nosso Senhor estava consciente de quem Ele era, e tudo na sua vida fluiu dessa consciência de pertencer a Deus, de ser amado e amar. Do Seu ser, o Seu fazer fluiu. Do Seu ser, o Seu servir fluiu. Do Seu ser, os dons se manifestam.

Deus Pai teve prazer e deleite no Filho e, da mesma forma, Ele tem de mim e você. Antes mesmo de produzirmos “resultados” e fazermos as “obras”. Ele se deleita no fato de pertencermos a Ele, aceitarmos o Seu amor incondicional, a Sua misericórdia abundante, graça sublime e rica compaixão. O que mais alegra o Pai é aceitarmos e recebermos essas verdades sem restrições e limitações, pois só assim o nosso fazer e servir terão valores eternos. Não serão tentativas de comprar aquilo que já foi dado a nós, mas consequências da nossa gratidão.

Quando estamos inundados e encharcados com essa verdade, também estamos completamente satisfeitos em quem somos n’Ele e com o que fazemos para Ele, não importa o que seja e quantos fiquem sabendo. Estaremos confortáveis com aquilo que Ele nos deu para fazer, sem invejar a função do outro, sem cobiçar o que o outro tem ou se comparar. Sabendo a graça que você tem e a que não tem, celebrará as diferenças nos outros da família de Deus que o complementam. Que liberdade! Que alegria! Que deleite! Que satisfação!

Somos Corpo de Cristo

Isso tudo se revelará em nossos relacionamentos, na nossa família, comunidade, igreja e amigos. Relacionamentos são as oportunidades que Deus nos dá de nos ajustarmos mais e mais à imagem d’Ele que, de forma posicional, já temos. Veremos os pontos onde essa identidade em Cristo ainda não está manifesta e, juntos, auxiliando uns aos outros, como membros de um mesmo corpo, cresceremos para o lugar de experiência e vida.

“Quem se isola, busca interesses egoístas, e se rebela contra a sensatez” (Provérbios 18.1).

“Como o ferro com ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo” (Provérbios 27.17).

Deus, na Sua infinita sabedoria, sabia que não poderíamos crescer nisso isolados. Ele nos fez o Corpo de Cristo! Sem você, eu não poderei experimentar quem eu sou n’Ele na sua plenitude. Estou animada por pertencer a um corpo local e ter a oportunidade de experimentar aquilo que creio e confesso a respeito de quem eu sou: filha de Deus, filha do Rei, filha do Amor.

O Deus Pai tem deleite em nós! Ele se agrada e tem prazer em você, como filho(a). Que continuemos a crescer nessas coisas, e todos os nossos afazeres fluirão de quem verdadeiramente nós somos: os filhos de Deus! Essa é a nossa real e eterna identidade.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

NewsLetter

Cadastre-se em nossa lista para receber atualizações de nosso portal. 

Destaques da semana​
Estude no Maior Centro de Treinamento Bíblico do Mundo!