por Thiago Freitas
O que diferencia a Bíblia dos demais livros? Sem dúvida, a sua inspiração. “Toda escritura é inspirada por Deus” (2 Timóteo 3.16). A palavra “inspiração” vem de dois vocábulos gregos: theo, “Deus”; e pneustos, “sopro”. Literalmente significa: “aquilo que é dado pelo sopro de Deus”. A escritura é um produto divino. Ela é resultado de uma ação divina sobre os escritores sagrados, que os levou a produzir, de maneira inerrante e infalível, a Palavra de Deus.
O Antigo Testamento identifica as palavras da lei mosaica, dos profetas como vindas do próprio Deus (1 Reis 22.8-16, Neemias 8, Salmos 119 e Jeremias 25.1-13). A introdução profética característica “assim diz o Senhor” e expressões semelhantes são encontradas centenas de vezes em diversas partes do Antigo Testamento. Os escritores do Novo Testamento falam dos “oráculos de Deus” (Romanos 3.2), dos homens que foram movidos pelo Espírito no registro das escrituras sagradas (2 Pedro 1.20).
Isso se confirma em Hebreus 1.1-2: “Deus, tendo muitas vezes e de muitas maneiras falado aos pais pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo filho”. Em outras palavras, a mensagem de Cristo transmitida por seus discípulos é a voz de Deus, hoje, na mesma medida em que o foi a mensagem dos profetas em tempos passados.
A Bíblia em sua totalidade é produto da inspiração divina. Todos os livros sem qualquer exceção foram igualmente inspirados por Deus. O Espírito Santo guiou os autores não somente quanto às ideias, mas também quanto às palavras.
A inspiração, todavia, não eliminou a participação do autores humanos na produção de seu conteúdo. Eles foram instrumentos de Deus de acordo com seus traços, experiências e também estilos literários.
Se no profeta Isaías encontramos um estilo sublime e clássico, em Amós encontramos uma prosa simples. Em Jeremias, encontramos um tom choroso do profeta. No Novo Testamento, Lucas manifesta claro interesse médico, ao passo que Tiago é caracteristicamente prático. Paulo é teológico e em alguns casos polêmico e João escreve com simplicidade.
Deus comunicou-se conosco por uma multiplicidade de personalidades humanas, cada uma com características literárias peculiares.