“Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não o percebem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo” (Isaías 43.19 – NVI).
Eu tinha uns 9 anos quando, ao brincar saltando de um banco do jardim da casa em que morava, escorreguei e caí. Foi um corte muito grande em meu joelho, a dor era terrível e a quantidade de sangue que saía era considerável. Os primeiros dias convivendo com aquele corte foi terrível, andava mal e nem podia encostar a mão porque a dor estava presente. Com o passar do tempo, aquela ferida foi sarando e uma cicatriz foi tomando lugar. Os anos passaram e o que era para mim um grande corte inicial, foi se tornando uma pequena cicatriz. Quando cheguei à idade adulta, tornou-se até difícil localizá-la. Posso caminhar tranquilo e até mesmo tocar no lugar onde outrora era somente dor.
Certamente essa ferida poderá não ser completamente esquecida por você, mas quando ela sarada estiver, não doerá mais. Parecia um grande ferimento, com seu amadurecimento diante dos seus sentimentos e emoções, verá que apenas ficou uma pequena marca que não dói mais. É dessa forma que entendo o perdão.
“Perdoar não é fingir que nada aconteceu. Você não sofre uma amnésia! Você libera seu coração do peso da mágoa” (Rev. Mauro Freire – Culto de Ensino da Igreja Verbo da Vida Recife – Campo Grande, 2016).
Acho muito interessante a história de José do Egito. Ele sofreu abandono da sua parentela, mas não abandonou sua confiança no Senhor e Deus era com ele, de forma que a Bíblia diz que ele prosperava em tudo que colocava as mãos porque o Senhor era com ele. Ele foi muito bem sucedido, mesmo tendo sofrido o desprezo dos seus.
José poderia ter escolhido viver uma vida amargurada ou perseguidora de vingança, mas qual foi sua escolha? Seguir o plano de Deus para a sua vida. Um dia o Senhor me mostrou uma das chaves para ele não ter se perdido no meio do caminho: não guardar ressentimento e isto era tão forte dentro dele que o nome do seu filho primogênito foi Manassés.
“José ao primogênito chamou de Manassés, pois disse: Deus me fez esquecer de todos os meus trabalhos e de toda a casa de meu pai. Ao segundo, chamou-lhe Efraim, pois disse: Deus me fez próspero na terra da minha aflição” (Gênesis 41.51,52 – RA).
“Pôs no primeiro o nome de Manassés e explicou assim: “Deus me fez esquecer todos os meus sofrimentos e toda a família do meu pai. No segundo filho pôs o nome de Efraim e disse: “Deus me deu filhos no país onde tenho sofrido” (Gênesis 41.51,52 – NTLH).
Que revelação maravilhosa, meu amado leitor! Saber esquecer o que passou é uma chave poderosa para nosso coração e, consequentemente, para não nos privarmos da graça de Deus. Tem um detalhe em relação à palavra “esquecer”, que tem trazido conflito no coração de muitos. Se você notar o texto abaixo, quando José reencontra seus irmãos, ele fala sobre o que aconteceu, demonstrando que lembrava dos ocorridos. Sim, ele lembrava. Esse esquecimento que José coloca como base no nome do seu filho e que é extremamente significativo, trata exatamente sobre o fato de José não ter peso de amargura, de não lançar em rosto os fatos acontecidos, no sentido de acusação e peso. Ele estava lembrado de toda sua história, mas o que fizeram contra ele não doía mais.
“Então, José, não se podendo conter diante de todos os que estavam com ele, bradou: Fazei sair a todos da minha presença! E ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos. E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviam e também a casa de Faraó. E disse a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque ficaram atemorizados perante ele. Disse José a seus irmãos: Agora, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então, disse: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós. Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem colheita. Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra e para vos preservar a vida por um grande livramento. Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito” (Gênesis 45. 1-8 – RA).
José decidiu viver leve, sem peso, não levando em conta os fatos que passaram. Qual a sua escolha? Viver leve e sem peso ou viver amargurado, colocando a culpa em tudo ou em todos, o que chamo coloquialmente de terceirização de culpa. Andando leve, liberando perdão você poderá viver milagres e manifestações da graça divina porque escolheu andar neste caminho.
Filipenses foi escrito pelo apóstolo Paulo enquanto estava preso, foi um período bem difícil da sua vida e o interessante é que essa epístola foi denominada por alguns estudiosos da Bíblia como a carta da alegria, a carta do contentamento. Alguns versos desse livro são bem preciosos e um deles é uma grande expressão de como devemos viver nossa vida cristã nesta terra:
“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3.13,14 – RA).
Peço ao Pai celestial que as feridas que você possa ter sofrido em seus relacionamentos não doam mais. Quando liberamos o nosso coração da mágoa, a cura chega e passamos a aprender com os erros e ir adiante sem peso, compreendendo que a vida deverá seguir em frente, cumprindo o nosso propósito maior no Senhor.
Um dos maiores desafios na vida de alguém que passa por frustrações nos relacionamentos é o de voltar a acreditar nas pessoas, a confiar nas amizades, voltar a delegar no trabalho, mas uma coisa digo, e com experiência pessoal: vale a pena acreditar nas pessoas! Se alguém falhou com você, não generalize, porque na vida podemos sim encontrar grandes companheiros (as) de jornada que, diferentemente de outros, podem dividir conosco grandes alegrias, sem que sejamos decepcionados.
“Uma das armas mais fortes do diabo contra o cristão se chama frustração” (Ap. Guto Emery – Conferência de Ministros Verbo da Vida Nordeste, 2017).
A decepção só acontece quando depositamos nossa expectativa e confiança em pessoas, porém as celebrações de vitórias e conquistas também só acontecem quando temos expectativa e confiança em Deus, em primeiro lugar, e depois compartilhamos com as pessoas que estão junto a nós. Ter alguém para compartilhar, não viver isolado de pessoas é uma das chaves para sermos felizes nessa caminhada. O Reverendo Mike Murdock certa vez disse: “Entre você e o milagre, há pessoas que serão os canais de Deus para a realização”. Sozinho você até consegue caminhar, mas com amigos mais chegados que irmãos você vai mais longe.
“Quem se isola busca interesses egoístas e se rebela contra a sensatez” (Provérbios 18.1 – NVI).
“Quem não gosta de estar na companhia dos outros só está interessado em si mesmo e rejeita todos os bons conselhos” (Provérbios 18.1 – NTLH).
“Quem tem muitas amizades sempre tem muitos falsos amigos. No entanto, há amigos que acabam sendo mais fiéis que um irmão” (Provérbios 18.24 – Biblia Viva).
“Amigos vêm e vão, mas o verdadeiro amigo é mais próximo que um irmão” (Provérbios 18.24 – A Mensagem).
“Cuidado! As muitas amizades podem levar a ruína, mas existe amigo mais chegado que um irmão” (Provérbios 18.24 – KJA).
A voz da amargura, do rancor, do desgosto, das feridas e traumas sequenciais causados em tempos passados que não foram tratados, nem cicatrizados e o desejo vingativo ficam ecoando mais forte quando não há perdão. É extremamente necessário que quem assim está dê um basta e posicione-se em direção ao arrependimento para que a liberação de coração aconteça.
3 Comentários
Palavra edificante e libertadora.
O poder do perdão é gratificante para nós mesmo.
Palavra poderosa!