Verbo FM

Anderson Laignier (Belo Horizonte-MG)

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Sou Anderson, tenho 43 anos, sou casado com a Cíntia. Conheci ela na Igreja Batista. Éramos bem jovens eu tinha 15 anos e ela 14. Naquela época namorávamos mais tempo do que hoje em dia. Até porque os nossos pais não permitiam que casássemos se eu não tivesse um emprego. Meu pai sempre me falava: “Você quer se casar? Quem casa quer casa. Vá trabalhar primeiro para ter seu sustento, depois você pensa em casamento”. Então namoramos 8 anos, noivamos, e  um ano depois, aos 23 anos, eu casei com ela. Crescemos nessa igreja e ficamos lá durante muito tempo. Após 3 anos de casados, tivemos o nosso primeiro filho, Gustavo. Após 2 anos, nasceu o Gabriel. Com 30 anos, eu já estava casado há 7 anos e com 2 filhos (Tenho hoje 28 anos de casado).

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Nosso planejamento sempre foi esse: Ter dois filhos com idades próximas para os criarmos dentro de uma mesma etapa. Sempre fomos ativos na liderança da igreja. Seguimos avançando no Senhor dentro do que tínhamos em nosso coração.

Nasci em um lar cristão. Fui batista por 30 anos até entender o chamado do Senhor. Conheci a Palavra da fé através de uma pastora. Fui ao carisma e depois ouvi falar do Rhema, pesquisei na internet e vi que tinha uma escola em Belo Horizonte. Fui fazer a escola e hoje sou diretor do Rhema lá.  Eu só estou obedecendo a Deus.

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Vou relatar uma das experiências mais marcantes da minha vida. Quando o meu filho mais velho, Gustavo, tinha 6 anos percebemos nele dificuldade motoras como subir degraus e fomos procurar ajuda médica. Até que chegamos a uma geneticista e ela nos perguntou se tínhamos outro filho, pois na visão dela poderia ser uma doença genética e sendo assim, meu segundo filho tinha 50% de chance de ter a mesma coisa, apesar dele não ter sintoma nenhum. Mas a médica falou: “Já que nós vamos fazer o exame tão complexo, farei a solicitação dos dois”. Fomos encaminhados para o Hospital Sarah kubitschek em Belo Horizonte. Fizemos todo o procedimento com eles e foi realizado o exame de análise ou leitura de DNA que era a única forma de fechar o diagnóstico. Esperamos 40 dias e foram os dias mais angustiantes diante de tudo o que estava acontecendo. Enquanto isso, começamos a pesquisar na internet, ler muitas coisas e as informações que começaram a chegar eram muito difíceis.

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No dia de receber o resultado, estava lá eu e a Cintia, vi naquele hospital a angústia da médica em passar o diagnóstico dos dois únicos filhos de uma mãe. Afinal, ela sabia o que ia falar. Ela andava de um lado para o outro sem se aproximar, eu a chamei e falei: “Doutora, vamos sentar e conversar, eu preciso saber o que está acontecendo”. Ela começou a explicar a questão genética, mas questionei: “fale rápido qual foi o resultado”. Ela disse então: “Pois é, está fechado o resultado dos seus dois filhos. Temos o resultado, a medicina não pode fazer nada. Temos várias pesquisas na Alemanha, Europa, mas não se achou ainda a cura. Você tem que procurar uma neuro pediatra, fazer fisioterapia, e eles devem tomar corticoide”. Fomos a Faculdade de Ciências Médicas no Hospital das Clínicas em Belo Horizonte, fomos a especialista, fizemos algumas consultas com ela e decidimos fazer o tratamento e o acompanhamento.

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Em toda visita ela dizia: “Continuar o tratamento é uma decisão de vocês, porque não vai mudar o curso da doença. Pode fazer com que seus filhos andem mais ou menos tempo e isso vai depender muito do organismo. Mas é o que a medicina pode oferecer aos seus filhos”. Durante seis meses fizemos o tratamento. Enquanto isso, certo dia, um homem entrou na minha casa, me deu uma palavra e eu fiquei tão firme naquela palavra que daquele momento em diante suspendi os remédios dos meninos. Por uma decisão minha. Depois falei com a médica e, segundo ela, a minha decisão era realmente pessoal e ela não iria interferir, pois sabia do curso da doença. Nesse momento, a gente foi muito questionado pelos meus pais e familiares, fomos chamados de loucos e irresponsáveis, mas eu sabia o que estava fazendo, tinha o Espírito Santo dentro de mim que me manteve em paz o tempo todo, tanto a mim quanto a Cíntia. Continuamos vivendo a nossa vida. Uns três anos depois fomos denunciados ao Conselho Tutelar. Foi um período difícil, de muitos questionamentos. O Conselho Tutelar foi a nossa casa e nos acompanhou por um tempo.

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Eu sabia que eu não podia sentar com a conselheira e falar de Bíblia. Então, como trabalhava como representante de medicamentos me muni de informações técnicas e farmacêuticas. Peguei vários relatórios e fiquei por horas conversando com ela explicando o que estava vivendo o porquê da minha decisão. E ela falou: “Rapaz, mas essa história você só consegue se tiver fé”. Foi o gancho que eu precisei. Depois de falar por 2 horas sobre medicina, falei 40 minutos sobre fé. Deus colocou no coração daquela mulher o que Ele precisava. Foi um momento delicado, mas vi o sustento de Deus, o cuidado do Senhor, a direção clara de tudo acontecendo e funcionando perfeitamente bem. E mantive a minha caminhada. Não mudamos em nada, não mudamos a nossa confissão. Então, chegou o Rhema, recebemos a Palavra e algumas palavras especificas através de Herênio, Carminha e vários outros que sempre nos animavam.

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Em setembro do ano passado, o Gustavo teve umas crises de asma, na minha adolescência e eu também tive isso. Eu já sabia os procedimentos e ele saiu da crise. Nesse dia fui levá-lo a escola e ele disse que estava sentindo falta de ar, perguntei se queria ir ao hospital e ele não quis. Gustavo e Gabriel sempre declaravam em fé que eram curados. Ele teve sua própria experiência com o Senhor. Certo dia, me falou que um home de branco que ele não viu o rosto foi a sua cama dizendo para ele ficar firme. Ele me contava de forma tão real. Quando eu cheguei na escola pra deixá-lo ele piorou, vi ao pegar nas mãos dele os dedos roxos e olhei e vi que ele não estava bem. Levei-o imediatamente ao hospital e no carro ele deu uma parada cardíaca enquanto eu o levava para o hospital. Lembro de tudo, das últimas palavras dele, não quero esquecer. Ele falou: “Pai, me ajuda que estou morrendo, estou indo embora”. Ele ainda disse: “Deus não me deixa morrer agora”, e apagou… Demorei uns cinco minutos para chegar ao hospital, dirigi com uma mão e o segurei com a outra. No hospital já o atenderam urgentemente, naqueles longos minutos eu estava sozinho e o Senhor falou comigo que meu filho iria embora.

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Era um momento estranho, um contra senso gigante de tudo o que eu havia crido e confessado. Liguei pra minha esposa e para o Pr. Marcelo e não demorou começou a chegar pessoas conhecidas. Os médicos ainda conseguiram reanimá-lo, mas o pastor Marcelo me disse que eu precisava soltar meu filho. Chamei Cintia para dentro do carro, oramos e o entregamos ao Senhor. Eu não sabia mais o que fazer e falar, mas entreguei meu filho, e ao entrar no hospital o médico falou que o Gustavo havia partido.

Nesse momento surgem as perguntas das pessoas. Mas orei ao Senhor: “Pai, eu não quero perguntar absolutamente nada ao Senhor, só preciso que você me ajude a ser sustentado pelo seu Espírito e Tua Palavra”. E foi assim. Vi um velório sobrenatural, uma celebração com mais de 500 pessoas. Pessoas honrando a vida dele. Gustavo partiu e foram os próximos dias mais difíceis pra mim.

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Para lidar com uma perda desse tamanho é necessário ter uma convicção no Senhor, de quem é Ele, do que Ele faz ou não. Lembro que chorei, chorei muito. Ainda tem dias que eu tenho que sentar, orar um pouco e chorar para aliviar a dor. A dor da ausência depois de 16 anos intensos com ele. A saudade é muito forte e não tenho vergonha de dizer isso. Mas orei: “Pai, eu sei que você é um Deus de propósitos, existem coisas a se cumprir na minha vida e eu não morri. Estou vivo e contarei os grandes feitos do Senhor. A minha vida, a da Cintia e do Gabriel continuam. Ainda tenho uma chance, se não vi o Gustavo, posso ver o Gabriel andando. A Palavra não foi invalidada com a partida do Gustavo.

Se tem alguma coisa errada essa só pode ser em mim, então, deixa eu consertar. Vou correr a minha carreira junto com meu filho. E tem sido assim. Não vivo entristecido e nem questionando, decidi crer em um Deus que é bom, isso é motivador pra mim. Tem pessoas que vou alcançar, vou influenciar. Gustavo está na eternidade e o meu senso de eternidade não me permite questionar isso.

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Eu imagino que na cabeça do Gabriel se passa esse pensamento: “eu vou morrer igual o meu irmão”. Ele não fala isso, só imagino. Consigo ler quando ele tem alguma atitude de medo. Agora, quando acontece alguma coisa na escola ele me liga: “Pai meu coração está batendo mais rápido”, e sempre o acalmo, mas o Gabriel sempre ajudava o Gustavo nas dificuldades dele.

Hoje, ele não vê mais o irmão e se agarrou demais em mim. Tenho tentado transmitir para ele que ele é curado. Que o irmão não morreu da doença, mas de uma parada cardio respiratória, que foi uma embolia súbita. Ele não morreu da síndrome, o fato da doença estar implantada nos músculos dificultou ele estabilizar, mas falo que isso não vai acontecer com ele. Falo que ele vai honrar a vida do irmão que vai andar, eu sustento a fé dele com a Palavra, mas isso é um processo, Gabriel é calado, na dele, mas ele está lidando de uma forma mais tranquila do que eu imaginava. Dorme no quarto sozinho, deixamos as coisas do Gustavo lá, não mexemos nas coisas e as vezes ele vê tráz saudades, mas ele não foi no velório não viu o irmão.

Preferiu guardar a imagem do irmão bem, brincando com ele. Meu filho estuda por ordem judicial porque a escola não queria recebê-lo, mas amo meu filho e cuido dele. Pessoas descartam outras facilmente, mas Jesus não faz isso com as pessoas.

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Pastor Marcelo é uma pessoa que influencia a minha vida, tenho uma conexão muito forte com ele. Honro a unção na vida dele. Kátia sua esposa também me influencia, mesmo fora de um púlpito. Muitas vezes, as pessoas esperam que a esposa do pastor esteja em evidência, mas ela é muito autêntica, ela é transparente, sincera e original. Aprendi que Deus só unge o que é original. Pode não parecer, mas eu fui muito influenciado pelo pastor Bud. Quando eu cheguei no Rhema, pastor Manassés dava aula, e as aulas confrontavam o que eu cria. Peguei um avião e vim parar em Campina Grande. Eu e minha esposa viemos assistir uma aula no Rhema, ainda no bairro da Prata. E quem estava dando aula? Bud Wright, ensinando ‘Como Ser Guiado Pelo espírito’, foi uma aula espetacular. Ele falava com tanta seriedade. A partir daí, comecei a receber a influência da vida dele. As palavras, a graça que estava nele pra trazer correção e equilíbrio. Vi na vida dele os resultados práticos que a obediência trás.

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Se eu pudesse definir o amor, seria tudo o que fiz até hoje pela minha esposa e meus filhos. O que faço para o Senhor. É viver, se posicionar olhando para eles. Impulsionar cada um deles, não olhando o que eles fazem de errado, mas valorizando o que fazem correto. Se o amor de Deus, eu não estaria vivo hoje. Pessoas que passaram pelo que eu passei com perdas não estão mais no ministério hoje, mas eu estou firme porque amo o Senhor acima de tudo. Entrego a ele a minha existência.

 

10 Comentários

  • Tocante. Amo essa família demais e sei que não é fácil. Peço a Deus pra que me ajude a ser um pouco do que você é Anderson. Te amo paistorzão.

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  • Amém, que historia de vida.. que lição! so lendo este artigo aprendi amar a este Pastor.. conheci o mesmo no Rhema BH onde estudo. Fé, excepcionalmente fé.. sem palavras…

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  • Me emocionei muito ao ler a sua história. Eu amo a vida desse grande homem de Deus.

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  • Fico feliz de ser pastoreado por um homem de Deus, conheci Pastor Anderson antes dele ser Pastor, como representante de medicamentos, nas partidas de futebol de sábado, eu admirava não porque ele se apresentou como cristão, porque até mesmo eu não sabia. o que me atraiu primeiro foi sua conduta profissional, seu caráter, sua personalidade, sua Fé, o seu amor com as pessoas. Reconhecido pelos colegas de trabalho.
    Hoje eu tenho um Pastor amigo prefiro receber a unção que esta sobre a sua vida como pastor, a fé unida com poder do Espírito Santo de Deus nos leva em uma Fé que persevera.

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  • “Deus só unge o que é original”.Bateu forte isso!Conhecí esse pastor amado qdo fui estudar no Rhema,muitas vezes cheguei para assistir aulas aos cacos,cheia de problemas,mas simplesmente seu abraço juntava todos os meus cacos e me deixava inteira,não era necessário dizer palavra alguma.Após morte de seu filho,ele foi meu professor da matéria “vida de louvor”,foi surpreendente,fui impactada por seu testemunho e de sua esposa cintia,ensinamentos para toda vida.Só tenho que agradecer a Deus por ter permitido conhecê-los e receber da parte de Deus por meio destes servos zelosos , obedientes e firmes ao chamado e proposito do Pai.Muito obrigada família Laignier.

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  • Que história maravilhosa! Esta é uma prova do caráter e fé de um grande homem.
    Pr. Anderson, amamos sua vida, você é um grande exemplo de uma vida de louvor, vida de ser guiado pelo Espirito Santo. Estou certo que sua história vai impactar multidões.
    Um grande abraço
    Gabriel, Lidiane, Davi, Gabriela

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  • Espetacular! Considero este o melhor “Nossa Gente” desta nova edição.
    Já tinha ouvido falar da vida de fé e integridade do Pr. Anderson e sua família, e fiquei maravilhada com este testemunho edificante. Certamente a bondade e a misericórdia do Senhor os seguirão todos os dias, pois, a Ele têm se apegado com amor e conhecem o Seu Nome.

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  • Creio que através do testemunho do pastor Anderson muitas vidas serão transformadas. Pessoas que há muito tempo são convertidas e que também passam por provações e que pensam em desistirem de continuarem a caminhada com o SENHOR JESUS. E com o seu testemunho devemos sempre andar de mãos dadas com o SENHOR JESUS e que NADA, NADA e NADA poderá nos separa do amor de JESUS.

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  • A fé do nosso amado pastor Anderson é admirável e nos impulsiona sempre á seguir em frente, rompendo em meio as aflições e limitações, considerando a Palavra de Deus inquestionável.

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