Por: Manassés Guerra
No nordeste brasileiro, quando cava-se no chão até encontrar água, é comum chamar esse buraco de “cacimba”. É o que comumente é chamado de poço artesanal. Esse poço, ou cacimba, pode servir também como cisterna, armazenando água da chuva.
Sem levar em consideração se a água vem lá das profundezas, ou da chuva, o meu interesse nesse momento é como “tirar a água da cacimba”. Pode-se dispor de uma bomba para tirar água lá do fundo, mas também utilizar-se da maneira tradicional – uma corda amarrada a uma manivela e um balde preso na corda.
Baixa-se a corda até o fundo do poço, e quando o balde está cheio, a manivela é acionada até que a água chegue à superfície, para matar a sede de quem ansiosamente espera por ela.
Sempre lembro dessa ilustração quando leio este provérbio de Salomão: “Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los” (Provérbios 20.5).
O espírito do homem é como essa cacimba e está no centro da vida para matar a sede e irrigar a nossa alma e todo nosso ser. E dentro do espírito humano estão as coisas que nutrem a vida e nos alimenta com aquilo que nos mantém de fato vivos.
Deus, a nossa Fonte, abastece o nosso espírito com a sua própria vida e com o propósito que Ele criou para nossa existência. Isso significa o nosso ser ligado à própria eternidade. O que precisamos mesmo é “saber descobrir as coisas do coração“.
O homem inteligente, como diz Salomão, fará de tudo e da melhor maneira, para ter o poço como o centro das atenções, já que dele vem a vida que nos mantém vivos e com saúde. O homem inteligente saberá fazer uso da água deste poço, sabendo tira-la das profundezas, e dela fazer bom uso no seu dia a dia.
Fazendo uma comparação com a cacimba da nossa ilustração, precisamos saber como descer a corda e levar o balde até o fundo, e depois trazer à tona, para nossa alma e para a nossa existência, a água viva.
A água deste poço, que é o nosso coração, é a natureza eterna e imutável do próprio Criador, a nossa Fonte – o Pai. E a corda, o balde, o que vem a ser?
A música é um destes equipamentos que Deus nos deu para tirar a “água do poço”. Com a música do coração trazemos lá de dentro do nosso ser toda essa abundância de água e pão para a nossa vida. A nossa música pode ser a corda e o balde para explorar as coisas do coração. O inspirado poeta Davi cantou certa vez: “Os teus decretos são o tema da minha canção em minha peregrinação” (Salmos 119.154).
Deus idealizou uma maneira de nos manter supridos, saciados e realizados. O que ele planejou foi uma conexão entre o Espírito Santo e nosso coração cheio da sua presença. E Jesus veio para levar os nossos pecados (a natureza má), nos dar um novo coração (um novo espírito) e devolver ao nosso coração as fontes eternas de vida, amor, paz, alegria e satisfação. Jesus veio para restaurar um ambiente interior impregnado pela vida e a luz da presença de Deus.
E o Criador nos deu a sua música, como uma ferramenta extraordinária, com a qual podemos extrair, do nosso interior, a vida na sua mais pura essência.
Paulo ensina em sua carta aos Efésios: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração.” (Efésios 5.18,19). Salmos, hinos e cânticos, para tirar água do poço, extrair poder e vida do coração.