Sou médico há 22 anos, mas a medicina sempre foi uma presença constante em minha vida. Meus pais, tios e até minha irmã são médicos. Cresci frequentando hospitais desde as minhas memórias mais antigas.
A principal característica que percebo, após tantos anos cercado por médicos, é o pragmatismo. Ser pragmático significa ter objetivos bem definidos, evitar improvisos e basear-se no conceito de que ideias e ações só são verdadeiras se ajudarem a resolver problemas imediatos.
Devido a essa formação, inicialmente, eu resistia em aceitar o agir sobrenatural de Deus quando entrei em contato com o Evangelho. Considerava-o uma alegoria necessária para alguns. Eu resisti às manifestações do Espírito nos cultos, achando-as desnecessárias e simples atos de histeria coletiva. Não me julguem, pois minha formação acadêmica e minha conversão religiosa ocorreram nos anos 90, quando morava em Campina Grande (PB), numa denominação em que não costumava ter manifestações do Espírito em cultos públicos, mas apenas em reuniões privadas, associadas a indivíduos específicos que “carregavam o dom”.
Naquela época, tive a oportunidade de ver o pastor Bud ministrando em algumas reuniões e acompanhar o desenvolvimento de seu ministério, graças à minha mãe e irmã, que perceberam a graça divina nessa obra desde cedo. Somente anos depois, quando já morava em Recife (PE), eu realmente me firmei no ministério e tive um encontro profundo com Deus, que desafiou minhas certezas e me chamou a pensar além das minhas convicções.
A verdade é que a verdade bíblica está cheia do profético divino, o que flexibilizou minha visão pragmática do mundo e me apresentou as realidades espirituais que atuam simultaneamente nas situações que vivencio. A Palavra de Deus é o pano de fundo celestial que sustenta os acontecimentos sobrenaturais, formando um propósito divino em nossa vida. Sem a palavra profética, estaríamos sujeitos a uma série aleatória de eventos, formando dogmas como “se Deus quiser” ou “não é mais a vontade de Deus para este tempo”. A fé na Palavra de Deus libera movimentos celestiais na terra, trazendo pessoas, recursos e manifestações necessárias para sua realização, que o mundo chamaria de coincidências.
A fé na Palavra transformou minha maneira de pensar e ajustou minha visão de mundo, levando-me a buscar a validação celestial, perguntando sempre “O que a Palavra diz sobre isso?”, bem como buscando a orientação do Espírito Santo em mim. Isso me impactou profundamente e me fez entender a religião como a resposta natural do homem ao sobrenatural de Deus, racionalizando o mover sobrenatural para torná-lo mais compreensível ou aceitável, muitas vezes trocando a inspiração pelo método. A padronização do resultado pode confundir a verdadeira busca espiritual, tornando o resultado mais importante do que a jornada e o ter mais relevante do que o ser.
A verdade bíblica e a revelação profética divina confrontam nosso entendimento humano e nos elevam a uma condição superior, oferecendo oportunidades de relacionamento e intimidade com o Espírito, que nos revelam Deus. Essa revelação é fundamental para compreendermos nossa identidade e potencial n’Ele. É o convite eterno de Deus para nós, em Adão, que ecoa: “Onde você está?”.
“Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial” (I Coríntios 15.48-49).
“…para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus” (I Coríntios 2.5).
“Mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. 10 Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (I Coríntios 2.9-10).
“Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. [combinando e interpretando pensamentos espirituais com palavras espirituais [para os que são guiados pelo Espírito Santo]. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Coríntios 2.12-14).