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A importância da Bíblia

camila lycurgoTassos Lycurgo

Graduado do Rhema Brasil

Certa vez, enquanto citava para uma amiga católica uma passagem da Bíblia que me parecia bastante clara em relação a um assunto específico que a incomodava, ela me interpelou:

“Espere aí! Isso na sua Bíblia! Na minha deve ser diferente.”

Ora, o Novo Testamento é o mesmo no catolicismo e no protestantismo. As diferenças são de tradução e isso ocorre, é claro, mesmo dentro de uma mesma denominação.

A minha amiga não sabia disso e, conforme pude posteriormente constatar, o processo de formação da Bíblia e as diferenças entre as versões católica de protestante são questões que tantos uns quanto outros têm.

Por essa razão, resolvemos iniciar a abordagem destes assuntos no nosso bate-papo de hoje, para terminarmos no post de amanhã.

Sendo assim, vamos começar do início, falando mesmo para os que ainda não têm muita familiaridade com a Bíblia.

A primeira coisa a saber é que a Bíblia é composta do Antigo e do Novo Testamento.

O Antigo Testamento foi escrito em hebraico, com algumas partes em aramaico. O Novo Testamento, por sua vez, foi escrito em grego.

O Antigo Testamento

O Antigo Testamento na Bíblia utilizada pelos protestantes contém 39 livros.

Note que o texto que esses livros compreendem, embora com alguma diferença na ordem de apresentação e na organização, sãos os mesmos presentes nas Escrituras Sagradas do Judaísmo (Tanakh ou Tanach, em hebraico: תנ״ך), como reconhecimento de que o Deus dos judeus é o mesmo dos Cristão.

Por isso, não há quaisquer disputas quanto à seleção desses textos, exceto no que se refere a 7 livros a mais que a igreja Católica Romana (a exemplo da Ortodoxa) abraçara e os chama de deuterocanônicos.

O termo “deuterocanônico” pode ser traduzido por “segundo cânon” e explicado como o termo que se refere à segunda leva de livros que principalmente a igreja Católica acrescentou à sua bíblia, reconhecendo-os como inspirados.

Esses livros também são chamados de apócrifos. No Séc. V, Jerônimo (sobre quem falaremos mais um pouco adiante) criou este termo para se referir aos textos judaicos escritos no período entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento.

Como demonstraremos aqui que estes livros não formam o cânon, ou seja, não foram inspirados por Deus, preferirei a nomenclatura “apócrifos” à “deuterocanônicos”, ao me referir a eles.

Sendo assim, vamos então primeiro listar os 7 livros em questão, para depois discorrermos um pouco sobre o porquê não devem ser considerados como a Palavra de Deus.

São eles:

Tobias,
Judite,
Primeiro Macabeus,
Segundo Macabeus,
Sabedoria,
Eclesiástico, e
Baruque.
Fora esses livros, a Bíblia católica também traz algumas adições aos livros de Ester e Daniel, quais sejam:

Ester 10:4 – 16:22, e Daniel 13

Só esclarecendo que tanto o livro de Ester quanto o de Daniel estão na Bíblia protestante. A diferença é que a Católica traz em acréscimo a eles os referidos versículos.

Você pode bem estar-se perguntando agora como teria sido este processo de adição desses textos à bíblia. Para responder isso de forma concisa, podemos dizer o seguinte:

Por volta do ano 200 a.C., os escritos judaicos foram traduzidos do hebraico para o grego, na versão que ficou conhecida como Septuaginta.

Nesta versão, os tradutores incluíram certos escritos judaicos que nunca apareceram nas Escrituras Hebraicas e que, inclusive, por volta do ano 90 d.C., os rabinos os rejeitaram no Concílio de Jâmnia (chamada hoje Yavneh e localizada na costa sudoeste de Israel).

Até mesmo os chamados pais da Igreja Primitiva rejeitaram, em sua maioria, a ideia de que os livros apócrifos deveriam estar presentes nas Escrituras. O mesmo ocorreu séculos depois com os protestantes, que se mantiveram fiéis ao que os judeus desde sempre entendiam como livros inspirados por Deus.

Para que você tenha uma ideia sobre a gravidade da questão, vamos voltar à fugira de Jerônimo, considerado pela igreja Católica como um dos maiores doutores da igreja. Ele estava absolutamente convencido de que tais livros não eram inspirados por Deus e, portanto, não deveriam estar na Bíblia.

Foi ele que nos Séc. IV traduziu a Bíblia para o Latim (A Vulgata), a pedido do Papa Damaso I, e relutou com todas as suas forças para não incluir os apócrifos em sua tradução. Como a pressão de Roma foi enorme no sentido contrário, ele a contragosto os teve de incluir em sua tradução.

Embora alguns sacerdotes católicos utilizassem a tradução de Jerônimo, ela não gozava de reconhecimento oficial da igreja Católica, o que só ocorreu mesmo como reação à reforma protestante, mais especificamente no Concílio de Trento, em meados do Séc. XVI, ou seja, doze séculos depois de Jerônimo tê-la produzido.

No próxmo texto discorreremos sobre alguns dos erros que este livros apócrifos cometem e também sobre como o Novo Testamento foi formado, verificando se há diferença entre a Bíblia protestante e a católica no que diz respeito ao Novo Testamento.

Até lá e Deus abençoe.

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