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Tenho 28 anos, nasci em Natal, mas, aos 3 anos, fui morar em Cruz Alta-RS. Meu pai é militar, é da área de saúde do exército e, de tempos em tempos, ele era transferido de cidade. Hoje, ele trabalha na área administrativa do Hospital em Natal, mas está perto de se aposentar. Ele tem cerca de trinta anos no exército.

Sempre morei em lugares diferentes. Morei em Porto Velho-RO por três anos, e depois fomos para Recife. Ficamos lá por uns quatro anos. Estudei no colégio militar de lá e vivia da escola para a escola de música, porque fazia conservatório no centro da cidade. Eu sempre ia de ônibus, mas a cidade começou a ficar perigosa demais. Tentaram me assaltar umas três vezes, mas eu reagi. Meu pai ficou preocupado e ele então decidiu nos levar para Natal. Minha família sempre foi evangélica, éramos da Assembleia de Deus. Fui criada na igreja.

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Meu pai é sinônimo de integridade. Nunca vi uma pessoa tão correta. Ele nos ensinou tudo o que é referente a não se corromper. Nos ensinou a ser íntegros. Nunca me faltou amor de pai. Ele é muito cuidadoso com a gente. Somos três filhas, e, ao mesmo tempo que ele é cuidadoso com a gente, sempre nos ensinou a ter foco para enfrentar a vida.

É um homem perseverante que nos incentivou a estudar, é lutador. Lembro de quando eu estudava no colégio militar. Lá existem as hierarquias. Meu pai era um sargento, e não era uma hierarquia alta. Hoje ele é capitão, mas depois de ralar muito. Mas, na época da minha infância, eu era apenas uma filha de sargento. Era desprezada, e os outros filhos de coronéis, da alta hierarquia, os só faltavam bater continência para os filhos dos generais. Éramos bem discriminados na escola e uma vez cheguei para meu pai em casa e contei tudo.

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Depois de reclamar muito falei: “Pai me coloca em outra escola”. Ele disse: “Não. Essa é a melhor escola do Recife e você tem uma oportunidade dessa. É lá que você vai aprender. Isso passa, você vai ver. Essa influência dos filhos de papai, passa, mas o que for formado dentro de você na infância, permanecerá para sempre. Você não vai desistir, papai está aqui, vai dar tudo certo, não se preocupe”.

Minha mãe é mãezona. Me acompanha em tudo o que pode. A vida dela é cuidar da casa, do meu pai e da gente. Ela é feliz assim. Eu sou a mais velha, era filha única até os seis anos. Eu era ciumenta nessa época, passei anos só eu de filha e neta. Até me acostumar com os outros levou anos. Quando nasceu a ultima eu já tinha uns 15 anos e ajudei a cuidar delas. Ana Luiza tem 22 anos e Rute vai fazer 19. Sou apaixonada por elas, sou meio mãe, somos bem unidas.

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As minhas histórias com meu pai são marcantes. Quando eu namorava com Maneco, logo no inicio do namoro, ele foi para uma conferência e passou um tempo sem me ligar. Eu fiquei com raiva, mandei mensagem, chorei, passeis uns dias chateada e, no domingo, mandei uma mensagem pra ele: “Não precisa ligar mais”. E Maneco não ligou. À noite papai me viu chorando e disse: “Camila, senta aqui” ( me lembro que as nossas conversas são sempre assim). Contei para ele e reclamei e disse que havia mandando a mensagem que não precisava ligar mais. Papai disse: “sei, entendi, não precisa ligar mais… Então, ele não vai ligar mais”.

Então, falei: “Pai, você está do lado dele?” Ele respondeu: “Nenhum dos dois” e continuou: “Camila, você tem a universidade, a igreja, as suas coisas, e ele também tem várias atividades, ele está bem. Você queria que ele ligasse ou não ligasse? Sua vida não pode ser construída assim. Está na hora de você amadurecer. A vida não é fácil assim não. Espere“. Graças a Deus por ele me ensinar essas coisas.

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Maneco foi meu professor de escatologia em Natal, mas ele não se lembra de mim. Sabe aquelas coisas que você tem que largar algumas coisas para receber outras? Pronto, é isso. Lembro que nessa época (2009) eu era muito apaixonada por um rapaz e ele não queria conversa comigo. Eu estava meio enrolada com essa história. Eu tinha uma colega que era apaixonada por Maneco e eu dava conselhos a ela, consolando-a, porque ele era muito na dele, sério e não dava brecha para ela.

Eu via Maneco como um ministro, da diretoria, da cúpula do trovão, os intocáveis. Quanto ao rapaz lá, eu fiquei livre daquele sentimento. Um tempo depois, Maneco foi a Natal com a diretoria para a transição do novo pastor, Palhano, pois meu tio estava saindo da igreja. Eu estava fazendo o louvor nesse culto. Quando Maneco entrou na igreja meus olhos fitaram nele e algo dentro de mim saltou: “Preste atenção nele…” Pensei que era coisa da minha cabeça.

No culto, ele ficou tirando muitas fotos e tirou de mim e ficava me olhando, mas como ele é um profeta, pensei: “Ele deve ter uma profecia pra mim” (risos). No final, pedi para tirar uma foto com ele, pois tinha fotos com todos os professores que tinham dado aulas a mim. Ele tirou e disse: “eu quero essa foto”. Falei: “sim senhor”. Ele me deu o numero do telefone e daí começamos a conversar e nos conhecer melhor.

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Em abril, ele voltou a Natal para dar aula, conversamos, mas ele não me pediu em namoro. Eu quem dei o “xeque mate” nele, porque eu já tinha sido meio “enrolada” pelo outro rapaz e não queria aquilo para a minha vida novamente (risos). E ele disse: “você que sabe…” e começamos a namorar em maio de 2010. Maneco é uma pessoa que deixa a outra livre para tomar decisões, não fica pressionando.

Lembro que um dia ele me chamou para almoçar no shopping e digo que parecia uma entrevista de emprego (risos), porque ele falava: Qual a sua visão do futuro?, como se vê daqui a 10 anos? Você se vê como esposa de ministro itinerante? Eu ria e ele também. Isso foi antes de namorarmos. Mas, fomos vendo que as visões estavam se encaixando. Ele ainda me pediu para conversar com algumas esposas de ministros itinerantes para conhecer a realidade e falei: “sim, senhor”. Vim a Campina Grande, conheci a igreja daqui que ainda não conhecia. Não tinha muito contato com Campina Grande, aqui parecia a Terra prometida.

Namorei um ano e dez meses. Em 2012, nos casamos. Estamos com quatro anos de casados e temos um filho, Caio Petrus, que está com dois anos e alguns meses.

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Meu esposo, Maneco, é exatamente a mesma pessoa que vemos no púlpito. Às vezes tem pessoas que pensam que ele é uma pessoa lá e outra aqui em casa. O mesmo respeito que tenho por ele no púlpito, eu tenho em casa. Ele é o mesmo para mim e merece o meu respeito. É íntegro, santo, ungido, é um marido atencioso e amoroso, é um pai amoroso e cuidadoso também. Gosta de conversar até mais que eu (risos). É característica dele ser muito atencioso com as pessoas. Em casa também. Eu pensava: “não quero que ele faça isso para Caio porque é meu papel de mãe” (tipo cuidar dele mesmo), mas ele sempre fez questão de me ajudar. Ele abre mão de coisa ministeriais para estar comigo e com Caio.

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Ser mãe… A maternidade é você se tornar uma pessoa melhor. Antes pensava: “eu, sou eu, para mim”. Mas, agora, eu sou a ultima pessoa. E não é ruim, é maravilhoso. Ser mãe é amar e se doar ao próximo. É ser um pouco de Deus para alguém. Imagina você dar a luz a alguém, criar um novo ser dentro de si, que depende completamente de você. Aprendemos a entender Deus muito melhor e de uma forma mais profunda. Você se torna um cristã bem melhor quando é mãe. Passa a entender as pessoas melhor e se torna mãe de outras pessoas também. É transformador.

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Caio Petrus, meu filho… Uma figura impar (risos)

Tem menos de 3 anos. Não fala muito, mas é ativo, é amoroso, me abraça, aperta as bochechas e diz que ama papai. E pergunto: ama mamãe? Ele responde: ama papai. (risos) É brincalhão, é uma criança maravilhosa. Meu pai sempre me deu condições para ter aulas de inglês, mas nunca fui de estudar muito. Hoje, preciso ir a outros países e vejo que não aproveitei a oportunidade, mas Caio não vai ter muito essa opção de não aprender. O colocamos para estudar em uma escola bilíngue e ele já fala algumas palavrinhas. Daqui para frente, as viagens vão se intensificar e não quero que ele sofra.

Maneco é autodidata. Lê muito em inglês, mas sente um pouco de dificuldade na conversação. Eu entendo algumas coisas, mas não falo inglês, mas Caio vai ser o nosso tradutor (risos). Ele está sendo inserido nas duas línguas. A escola é excelente, acompanham bem os alunos e, por ele ser novinho, é bom. Ele é muito elétrico. Em breve serei mamãe novamente e estou muito feliz.

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Eu trabalho com música, amo a música. Vejo esse ministério, do qual faço parte, mais intenso e evoluído na Palavra. O louvor e adoração dentro do Verbo vai crescer. As melhores coisas da minha vida aconteceram enquanto estava cantando. Nasci de novo ainda na infância, mas nessa fase me lembro que cantei uma música ainda em Cruz Alta, pela primeira vez na igreja. A musica diz assim:

“Eu decidi Jesus te eleger como meu Senhor. Meu direito é de não ter direito algum. O meu querer é tão somente o meu querer. Para isso empenho a minha palavra…”

https://youtu.be/Sh1Rm5rx1yM

Depois dessa experiência com o Senhor. Vivi uma vida meio ”sem vergonha” no inicio da adolescência, por influências de amigos da escola. Era uma crente carnal, mas logo fui morar em Recife e fui percebendo meu chamado em Deus. Fiz dele o Senhor da minha vida. Foi cantando que veio essa revelação. Foi cantando “Preciso de ti” do Diante do Trono, até hoje choro e não consigo cantá-la sem me emocionar.

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Lembro do senhor falando comigo sobre o meu futuro. Que Ele não queria que eu levasse as coisas de maneira comum, porque eu tinha um chamado nos dons. Foi então que deixei aquela vida carnal e me consagrei ao Senhor. As pessoas olhavam para mim dentro da igreja e achavam que eu era uma crente exemplar. Mas decidi ser crente não pelos meus pais, mas por mim. Levei tão à sério que passei a viver dentro da igreja.

Eu estava nos grupos de música, seja cantando ou regendo, isso é desde a infância mesmo.

A música para mim é o meu chamado. Aprendi a cantar com a minha mãe.

Na música gosto de: Israel Houghton, Darlene Zschech, Kare Jobe. Essas gosto de cantar. Também gosto do Diante do Trono, admiro muito a Ana Paula Valadão. Têm aqueles que aprecio para ouvir como Leonardo Gonçalves, entre outros…

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Quando penso em quem eu sou hoje, passa um filme na minha cabeça…

Procuro ser serva, amar acima de tudo as pessoas. Por ter lidado com a discriminação, e ter sido muito podada e moldada, não é que quero ter a aceitação de todos, mas quero fazer bem, quero ser uma pessoa melhor a cada dia. Ainda estou bem longe do que gostaria, mas estou aprendendo. Quero ser mansa e ensinável. A fase que estou vivendo é de aprender.

Há algo que rege a minha vida: Ontem passou, tenho que avançar para as coisas que estão diante de mim. Quero ser melhor hoje do que fui ontem. Mas, também, não posso deixar o que fui ontem atrapalhar o que preciso ser hoje.

 

2 Comentários

  • Muito linda sua história qdo Deus faz na vida é de verdade Deus é muito fiel para cumpre tudo aquilo que está propósito na vida da gente seja muito feliz.

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  • Te amo, minha linda mulher!

    Você me cativou com seu olhar,

    com sua ternura, com sua voz e sua doçura

    te amo e te amarei todos os dias do meu viver!!!!!

    Resposta

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