Verbo FM

Como está a sua porta?

por Rafaella Guedes
*Graduada da Escola de Ministros Rhema

É possível que, em alguma das suas memórias, você encontre a imagem de uma porta enferrujada. Se não teve o desprazer de tê-la em um dos cômodos de sua casa, saberá parcialmente o incômodo causado pelo seu rangido, na vigência do atrito entre a ferrugem e o pino da dobradiça. Esta mesma porta sou eu e é você sem amor.

Não passamos de um barulho que parece causar alguma coisa, mas na íntegra não está fazendo absolutamente nada.

Pare e pense, realize um autoexame honesto: como está a minha porta?

“Se eu falar com eloquência humana e com êxtase próprio dos anjos e não tiver amor, não passarei do rangido de uma porta enferrujada” (1 Coríntios 13.1 – A Mensagem).

Duro imaginar-se sendo nada mais que um barulho, não é? Se tiver curiosidade, pause a leitura e pesquise “som de porta rangendo” para aguçar ainda mais a sensopercepção do que você não foi criado para ser.

Recentemente, estive como voluntária de serviços de saúde locais, em segmentos distintos da “linha de frente” da pandemia, que igualmente careciam de auxílio. Ao longo dessas semanas, fiquei imersa na costura de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os hospitais, evolução de pacientes em enfermarias clínicas e auxílio em demandas cirúrgicas na emergência.

Concomitante a isso, junto a ONG Vaso Novo, da qual sou integrante e aproveito para destacar o quão grata sou pela vida de Marcos Júnior e Erilma, preparamos quentinhas com alimento – para o projeto “Doe uma refeição” – e cestas básicas para assistir às famílias vulneráveis nesse período. E, de todo meu coração, dificilmente conseguiria expressar a magnitude do que o amor vivo em operação foi capaz de causar em todos os tipos de sofrimento (tanto físicos como emocionais).

Eu vi os que tinham fome saciados, os que não tinham a feira do mês, voltando para casa reabastecidos, a falta de EPI sendo suprida, medicações chegando, os doentes aliviados, mães hospitalizadas ganhando flores, em meio à música que trouxe à memória o que dá esperança, pacientes sem prognóstico recebendo altas inacreditáveis, os que choravam sendo consolados, o medo dissipado pelo amor. E, como nunca, entendi que sem amor nós somos falidos.

Se tivermos as melhores boas intenções do mundo, belos discursos sociais e até atitudes louváveis a exemplo de doar tudo, incluindo a própria vida como mártir (tem noção disso?), na ausência do genuíno fruto do Espírito, que começa sendo evidenciado dentro da nossa casa, não passamos de uma porta enferrujada.

“Se eu der tudo o que eu tenho aos pobres e ainda for para a fogueira como mártir, mas não tiver amor, não cheguei a lugar algum. Assim, não importa o que eu diga no que eu creia ou o que eu faça: sem amor, estou falido” (1 Coríntios 13.1 – A Mensagem).

Só há uma maneira de sermos conhecidos como discípulos e é amando uns aos outros (João 13.35), inclusive, quando nossos sentimentos humanos desejariam fazer o contrário.

Jesus, o próprio verbo, não nos pede nada que Ele já não o tivesse feito no percurso do calvário. Mesmo no ápice do seu sofrimento, quando disse “Pai, se possível, afasta de mim esse cálice” (Lucas 22.42) foi até a cruz que nos deu vida. E é exatamente assim, quem decidir viver neste amor causa vida. Eu não conheço ninguém que optou pela proposta da carne e teve o mesmo desfecho.

Simples, fácil, confortável nem sempre é e, na maioria das vezes, não. Quem quer perder o barulho do orgulho? De ficar cheio de razão, de multiplicar ao invés de repartir, de buscar o que lhe convém e que trará algum benefício?

Mas, na matemática de Cristo, ganhamos quando aparentemente perdemos.

Eu o encorajo a lubrificar seu coração, continuamente, para que ao invés de meros rangidos, sejamos passagem, acesso, meios, resposta, vida – que começa dentro de nós – e acaba sendo uma “porta” para outros.

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