CAMBOJA: missionária vive trajetória de doação e renúncia 

Jussara Pereira é um exemplo vivo de como a obediência à voz de Deus pode levar alguém aos lugares mais improváveis.

Jussara Pereira é um exemplo vivo de como a obediência à voz de Deus pode levar alguém aos lugares mais improváveis — e frutíferos. Membro da Igreja Verbo da Vida Central em João Pessoa desde 2000, ela construiu uma história sólida de serviço, entrega e paixão pelas coisas do Reino, antes mesmo de ser enviada ao campo missionário.

Mesmo sendo dentista de profissão e mãe, Jussara sempre foi intensa no serviço à igreja local. “Tudo o que chegava às minhas mãos e estava ao meu alcance, eu fazia”, relembra. Foi no grupo de música que encontrou seu principal campo de atuação, tornando-se líder por sete anos e formando três equipes. “Foi uma trajetória maravilhosa. Soube identificar cada fase e sempre me coloquei à disposição para servir o Ministério Verbo da Vida”, afirma, demonstrando gratidão aos pastores Amauri e Marizete, seus mentores desde o início.

Graduada no Centro de Treinamento Bíblico Rhema em 2002, Jussara mergulhou na Palavra com intensidade, conciliando os estudos, o trabalho e os cuidados com seu filho ainda pequeno. Em 2009, mudou-se para Campina Grande, onde concluiu também a Escola de Missões. “Deus foi organizando tudo, discernindo os tempos para que eu pudesse cumprir o chamado”, explica.

Sua primeira experiência missionária ocorreu em 2004, na Bolívia. Foi ali que seus olhos se abriram definitivamente para as missões. De fato, foi quando testificou em seu coração que o Senhor a havia chamado para as nações.

Nos anos seguintes, portas se abriram na Europa. Ela passou por Portugal e Itália, onde conheceu a missão que a conectaria ao Camboja. Em 2011, embarcou para o país asiático, onde tem realizado atividades de evangelização, ensino a crianças, assistência a meninas em situação de vulnerabilidade e pregações em igrejas. “Deus tem feito grandes coisas neste país. Ele tem aberto portas para outras nações — já estive na Malásia, Tailândia e outros lugares aqui perto —, e sempre que vou, é para algo relacionado a missões. Mas minha atuação principal é aqui. Já são 16 anos no Camboja”, compartilha.

MISSÃO EM TERRA BUDISTA

Com maioria budista e certa resistência ao Evangelho, o Camboja impõe desafios que exigem criatividade e estratégia. Jussara atua por meio de ONGs cristãs, que funcionam como portas de entrada para a pregação. A primeira foi a Missione Possibile, de origem italiana, onde atuou como missionária e diretora por seis anos. Em seguida, colaborou com a missão brasileira Adore, também por seis anos.

Atualmente, ela serve na ONG local Help Hand, liderada por pastores cambojanos, que desenvolve ações como escola para crianças em situação de risco, orfanato, casa de acolhimento para idosas e abrigo para meninas resgatadas do tráfico humano. A organização também mantém uma escola de discipulado itinerante e uma igreja local chamada Followers of Jesus, onde Jussara ensina e prega regularmente.

Além disso, ministra em escolas e vilarejos remotos, inclusive em regiões fronteiriças com Laos, Vietnã e Tailândia. Atua ainda em projetos sociais com jovens, ensinando atividades manuais como ferramenta de evangelização, na escola Jesus School. “Faço um tipo de arte-terapia. Enquanto trabalham com as mãos, estão ouvindo a Palavra, louvores, e no final, trago uma mensagem para eles.”

Como a escola não oferece Ensino Médio, a proposta é capacitar os jovens para o mercado. “A estratégia é ensinar algo que eles possam usar no futuro, seja arrumando um emprego ou abrindo o próprio negócio. Como gosto de empreendedorismo, procuro identificar oportunidades que ainda não existem por aqui. Ensino essas coisas e, paralelamente, ensino a Palavra”.

Outro ponto de destaque em sua atuação é o apoio aos pastores locais. Muitas vezes, Jussara tem a oportunidade de ministrar a líderes, o que tem gerado frutos extraordinários. “Eles reproduzem aquilo que aprendem, e o Reino continua se expandindo.”

SUPERAÇÃO E PERSEVERANÇA

A adaptação não foi simples. A língua cambojana — o quemer — é considerada uma das mais difíceis do mundo, derivada do sânscrito. Hoje, Jussara fala fluentemente, mas o processo exigiu tempo e dedicação.

“O quemer se divide em três níveis: a linguagem comum do dia a dia, a linguagem dos monges e a linguagem real, usada com o rei. A Bíblia está escrita nesta última, que é muito difícil — até hoje não aprendi completamente”, revela.

Em relação ao clima e à cultura, não houve grandes dificuldades, mas o trânsito foi um desafio. “Na época, parecia com o da Índia, bem caótico. Mas tudo foi superado com o tempo e com a graça de Deus me favorecendo.”

Em todos os momentos, contou com a companhia do filho, Lucas, que esteve com ela desde os primeiros passos nas missões — tanto na mudança para Campina Grande quanto na ida ao Camboja. “Ele precisou se adaptar à nova língua, cultura e escola. Hoje, fala inglês fluentemente e mora no Brasil, onde cursa a universidade.”

OLHANDO PARA O FUTURO

Jussara segue cheia de expectativas. Para este ano, planeja lançar o projeto Pequeninos Camboja, idealizado pelo Pr. Jairo. Os fardamentos das crianças já foram providenciados durante sua última viagem ao Brasil e estão prontos para o início das atividades. Ela crê que será algo grandioso para a nação.

Para 2026, deseja alcançar novas nações na Ásia com a Palavra revelada. “O Camboja é muito estratégico. É fácil para conseguir visto, e também para ir e voltar de outras nações — até mesmo da África. Ir a outras nações e pregar a Palavra é o que está no meu coração.”

UMA PALAVRA AOS FUTUROS MISSIONÁRIOS

“Missões não são só fotos bonitas e testemunhos impactantes. Haverá dias difíceis e silenciosos, nos quais você vai se perguntar se deveria estar ali. Mas é nesses momentos que precisamos lembrar por que começamos”, aconselha.

E completa: “Se Ele o enviou, Ele vai sustentá-lo. Dê o primeiro passo, mesmo com medo. A provisão está no caminho”.

Por fim, Jussara expressa sua gratidão ao Ministério Verbo da Vida. “Sinto-me amada, apoiada e honrada em fazer parte da Agência de Missões. Sei que a visão do Ministério é alcançar as nações e, no que depender de mim, estarei sempre à disposição para servir com excelência”.

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