Yago Calado
Graduado do Centro de Treinamento Bíblico Rhema

No meio cristão precisamos honrar mais as pessoas que se dedicam a uma carreira profissional, aos estudos, que almejam uma profissão, especialização, e dedicam um certo tempo de suas vidas a essas coisas. O que eu percebo é que, muitas vezes, esse perfil de cristãos é descartado em meio à comunidade eclesiástica, talvez não diretamente, mas indiretamente essas pessoas acabam sendo “tachadas” como menos espirituais que as outras, ou acabam sendo vistas como naturais demais, e alheias às coisas de Deus. Em outras palavras, parece que esses “tipos” de cristãos não são vistos como “homens e mulheres de Deus”.

Ora, cristãos que se dedicam aos estudos e buscam uma carreira profissional não são menos cristãos que os demais. Devemos ter cuidado com a forma como rotulamos as pessoas, separando os espirituais e os “não espirituais”. Lembro muito nitidamente de ouvir as palavras do Pastor Bud dizendo: “ser espiritual não é fluir nos dons, irmão, ser espiritual é andar no fruto do espírito”. E convenhamos, é muito mais fácil andar no fruto do espírito dentro da igreja.

Nós somos seres no mundo, como cristãos podemos viver uma vida normal e andar no sobrenatural, uma coisa não anula a outra. Nosso cotidiano não precisa e não deve comprometer nossa vida no Espírito. Caso esteja comprometendo, ou tem alguma coisa errada com nosso relacionamento com Deus, ou estamos apenas arranjando uma desculpa para não nos dedicarmos em outras áreas.

Desconfio de pessoas que não gostam de estudar, não gostam de ler, não correm atrás de objetivos, mas almejam “o chamado”. Muito cuidado! O ministério não é um subterfúgio para preguiçosos na vida! Gosto da passagem de João 17:5, quando em sua oração pelos cristãos Jesus diz: “não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal”. Ora, significa que ser cristão não é estar alheio ao mundo à nossa volta, se assim fosse Jesus teria orado para que as pessoas fossem sendo tiradas do mundo assim que convertidas.

Sinceramente, já vi pessoas, principalmente jovens, se sentirem deslocados em um círculo social cristão por se acharem menos espirituais que os demais, pelo simples fato de que eles buscavam uma carreira profissional. Parece que eles não eram vistos como espirituais também. Acredito piamente que, como cristãos, somos abençoados sim, as obras de nossas mãos prosperam, somos assistidos pela graça de Deus em todas as coisas, mas isso não é desculpa para se tornar acomodado.

Se descartamos pessoas dessa forma, realmente não sabemos o que é ser espiritual. Vejamos a passagem de Daniel 1:8: “E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar”.

Gostamos dessa passagem – o jovem Daniel que decidiu em seu coração não se contaminar com as iguarias do rei. O resto da história você já conhece, Daniel foi achado dez vezes mais sábio que os demais, e fora abençoado por Deus com conhecimento e inteligência em todas as letras. Contudo, importa que atentemos para os versos 3 e 4 deste mesmo capítulo. Quando o rei diz ao chefe dos eunucos para trazer-lhe alguns dos filhos de Israel, ele lhe apresenta alguns requisitos que deveriam ser preenchidos por estes jovens, conforme lemos em Daniel 1:4, quais sejam:

  1. Jovens sem defeito algum;
  2. De boa aparência;
  3. Instruídos em toda sabedoria;
  4. Doutos em ciência;
  5. Entendidos no conhecimento;
  6. Com habilidade para assistirem no palácio do rei.

Veja só que belas habilidades o rei requereu que estes jovens preenchessem para serem escolhidos. A melhor parte é que Daniel fora escolhido, sendo assim, ele já preenchia esses requisitos. Deus não favorece preguiçosos! Daniel era um jovem diligente, e assistido sobrenaturalmente por Deus – uma coisa não anula a outra, e nem tira o mérito de que fazemos o que fazemos por causa da graça do nosso Pai, afinal de contas, a nossa força para operar diligentemente em todas as coisas vem Dele.

Deus deseja que sejamos bem-sucedidos em TODAS as áreas de nossas vidas, todas! Podemos e devemos ser uma bênção em nossa igreja local, se envolvendo em departamentos e equipes de apoio. Podemos e devemos nos alimentar espiritualmente de boas leituras e ministrações. Podemos e devemos congregar. Podemos e devemos ter relacionamento com Deus “extra culto”. Também podemos e devemos ser uma bênção em nossos estudos, nossa profissionalização, nosso emprego, e todas as demais esferas da vida.

Colocar Deus em primeiro lugar de nossas vidas não significa descartar todo o restante e ser um fracasso em outras áreas. Pelo contrário, buscar a Deus em primeiro lugar significa que haverá graça para florescer e frutificar em todas as demais áreas de nossas vidas.

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