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Quem é você nos bastidores?

 

12687917_1105002906198928_6989226020909196694_nGabriella Kashiwakura

Graduada do Rhema Brasil

Bastidores. Pesquisando em diversos dicionários, achei as seguintes definições: “parte do teatro, onde o grande público não tem acesso”; “tudo que acontece por trás das câmeras”; “pessoas que trabalham para algum acontecimento, mas que não são filmadas”; “conjunto de coisas íntimas, ocultas ou secretas”; “intimidade”; “espaço do palco que não é visto pelo público”. Enfim, um fator comum entre essa variedade de definições é que todas se relacionam com o aspecto secreto dos bastidores, como sendo aquele lugar que o grande público não consegue ver.

O interessante de falarmos sobre bastidores é que podemos relacioná-lo às nossas próprias vidas. Imaginemos nossa igreja física como um teatro, em que os cultos são os espetáculos, nós, os atores e a coletividade, o grande público. Uma comparação um pouco grosseira, admito, mas que servirá para ilustrar o meu ponto. Nesse contexto, os bastidores seriam nossas vidas privadas. O que fazemos quando não estamos na igreja, quando nossos pastores não estão nos observando, quando estamos enfrentando nossas obrigações diárias, quando estamos sozinhos… ou seja, quem você é quando não está no culto?

Uma vez, eu ouvi que é fácil se “fantasiar” de crente. E, sabem, eu não discordo. Não é difícil bater palmas durante o louvor, falar “amém” ou gritar “glória a Deus” nos momentos oportunos durante a ministração, abraçar o irmão do lado, dar “a paz do Senhor” na entrada e falar “tenha uma boa semana” na saída. Não é difícil gritar que ama a Deus ou cantar “irei onde queres que eu vá/ farei o que queres que eu faça/ direi o que queres que eu diga com todo o meu ser”. Porém, a pergunta que fica é: amamos e queremos mesmo?

Como cristãos, temos a missão, o compromisso, de transmitirmos o amor de dEle a todos. Em Marcos 16:15 está escrito: “Ide por todo o mundo; pregai o evangelho a toda criatura”. Nossas vidas devem ser, constantemente, motivadas pelo desejo de transmitirmos o amor de Deus ao próximo, independentemente de quem seja esse próximo.

Ele pode ser seu amigo, um colega de trabalho, seus familiares, um irmão da igreja, uma pessoa na rua, um motorista no trânsito, o caixa do supermercado, um sem-teto na calçada… e a lista vai e vai. Às vezes, achamos que o “pregar o evangelho” é somente aquele ato de ministrar na igreja ou tentar falar da Bíblia para outras pessoas; no entanto, não se limita a isso! Nossas atitudes também pregam o evangelho; muitas vezes, muito mais do que nossas palavras. Como você se comporta com seus familiares? Como você se comporta com seus amigos? Como você se comporta com estranhos? Como você vive sua vida diariamente? Você procura edificar as pessoas ao seu redor? Você está vivendo intensamente para Deus ou sua adoração se limita somente ao momento do culto?

Seu dia-a-dia é muito mais importante do que aquilo que você faz durante o culto. Não estou dizendo que ir à igreja, prestar atenção na ministração ou louvar durante o louvor não são ações importantes; muito pelo contrário, congregar é necessário. Devemos ir com expectativas de receber o melhor de Deus durante a ministração; devemos ser zelosos com a Palavra e comparecer aos cultos.

Não me entendam mal; afirmo, aqui, entretanto, que o comparecimento assíduo aos cultos é apenas uma ínfima parte do nosso dever como cristãos. Temos um mundo lá fora, esperando por nós; esperando por nossas atitudes. E muitas vezes, esse mundo começa com a sua família! Como você é com seus pais? Se você ainda mora com eles, você ajuda nos deveres domésticos? Conforme crescemos, temos a tendência de achar que esse “negócio” de ajudar os pais se limita apenas a adolescentes e jovens; não se aplica a nós, adultos, com nossas vidas atarefadas e nossas rotinas corridas. Porém, por mais incrível que pareça, a forma como você trata aqueles que te conhecem na intimidade fala muito mais alto do que a forma como você trata “o irmão do lado” durante o louvor.

Em Gálatas 6:2, está escrito: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.” Quando um amigo seu chega com um problema, você procura ajudá-lo? Se perguntassem sobre você a um amigo(a) que você considera próximo(a), o que você acha que ele(a) diria? Você vive intensamente suas amizades? Boas amizades são aquelas que nos aproximam de Deus; seja essa amizade. Procure ser aquele que impulsiona seus amigos; aquele que faz o melhor para ajudá-los em meio à dificuldade. Ore por eles. Se eles não são cristãos, por mais difícil que seja falar diretamente sobre Deus a eles, demonstre Ele por meio de suas atitudes. Às vezes, nas mínimas atitudes, estão os maiores resultados.

Um dia, eu estava almoçando com umas amigas, em um restaurante, quando uma senhora apareceu, vendendo panos de prato com uma criança. Ao vê-la, comecei a observar a atitude das pessoas ao redor, quase todas fingiram nem ver a mulher; minhas amigas, infelizmente, também fizeram o mesmo, apesar de serem cristãs. Não estou dizendo que, toda vez que aparecer um pedinte na sua frente, você deve dar dinheiro a ele. Estou perguntando sobre as motivações que estão no mais íntimo do seu coração.

Você está sendo guiado pelo amor de Cristo ou você permanece passível diante de cenas como essa? Infelizmente, não havia câmeras, filmando o restaurante, quando aquela mulher passou. Talvez, se houve público, algumas pessoas se sentiriam compelidas a ajudá-la. Não estou julgando a atitude das pessoas, mas chamo a atenção para o fato de que nossa passividade pode revelar quem nós somos de verdade. Às vezes, não precisamos de ninguém para apagar nossa luz, nós mesmos fazemos isso.

Na própria igreja, você procura ajudar somente onde pode ser observado pelo público ou se mostra disponível para auxiliar nas menores atividades? Sabemos que todos são importantes no Corpo de Cristo, mas você realmente vive essa verdade ou você acha que conhece demais da Bíblia para “apenas” arrumar as cadeiras, vigiar os carros ou servir na mesa de som? Não olhe o ministério de socorros como apenas um degrau na sua “escada para o sucesso”; seja, pelo contrário, intenso no seu serviço. Não espere ser visto pelo pastor ou por outros líderes para desempenhar suas atividades com excelência; sirva com excelência onde for preciso e os refletores de Deus irão incidir quando você menos esperar. E se, aparentemente, nada acontecer, lembre-se: Ele está sempre te observando!

Cantamos “meu coração Te pertence” na igreja, mas deixamos Ele tomar conta de nossos corações? Somos tão disponíveis para ajudar quando e onde quase ninguém está observando? Não se engane! Talvez ninguém conheça o íntimo do seu coração, mas Ele te conhece. Queremos, realmente, fazer o que Ele quer que nós façamos? Ou procuramos fugir na primeira oportunidade, quando o compromisso aperta? Uma vez, ouvi um ministro falar que “as pessoas estão cansadas de ouvir falar sobre Deus; elas querem ver Deus”.

Tal afirmação me incomodou para sempre! Todos nós precisamos de Deus, tanto os que já creem quanto aqueles que ainda não conhecem a Verdade. Não seja, então, egoísta nos seus bastidores. Procure sempre ser sondado em suas atitudes, tanto com aqueles que te conhecem completamente, quanto com desconhecidos na rua. Seja luz. Seja a esperança. Seja o socorro onde for preciso. Mesmo que não seja num palco, num teatro, diante dos refletores, perante os holofotes, seja a luz dos que estão na escuridão. Apenas seja.

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